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PARÁ

É possível no Brasil montar um time para jogar bonito ou o futebol de resultados?

“As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”, afirmava Vinícius de Moraes, numa época em que o politicamente correto não policiava ninguém, muito menos um gênio da raça como foi o Poetinha. Pois para muitos torcedores, assim como sugere o poema R

“As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”, afirmava Vinícius de Moraes, numa época em que o politicamente correto não policiava ninguém, muito menos um gênio da raça como foi o Poetinha. Pois para muitos torcedores, assim como sugere o poema Receita de Mulher, no futebol, beleza também é elementar para que a vitória do time do coração tenha mais valor. Para outros, porém, o que importa é apenas vencer, independente de jogar feio ou bonito. O debate é cada dia mais acalorado, opondo simpatizantes do chamado futebol arte e do jogo de resultado, no qual o que vale é mesmo ganhar.

Se antes a polêmica se restringia às tradicionais rodas de bate-papo entre torcedores - sobretudo após jogos decisivos - mesas redondas de televisão e outros setores da mídia, com a proliferação das redes sociais ela passou a ter ainda mais eco. A discussão ganha espaço no WhatsApp, Facebook e outras redes sociais, abarcando as diferentes divisões do futebol brasileiro, o que coloca no mesmo saco desde os clubes da elite do Nacional até equipes de bem menor expressão, como as que disputam a Série D, a última do Brasileiro.

Por aqui, a contenda entre simpatizantes das duas correntes foi posta em xeque no recém-terminado Parazão, cuja qualidade técnica deixou a desejar. O Clube do Remo sagrou-se bicampeão sem jogar um futebol encantador, mas, por outro lado, deixando felizes seus torcedores adeptos do pensamento que diz que o importante é vencer. No maior rival azulino, o Paysandu, a falta de plasticidade nos jogos do time, que, à época, estava invicto, teria sido o estopim para a surpreendente queda do técnico João Brigatti, o que deixou a Fiel indignada, principalmente após a perda do título (claro, depois, os reais motivos vieram à tona).

Mas, afinal de contas, ganhar jogando um futebol tosco, sem brilho e sem encanto, é mesmo ruim? Só as conquistas obtidas em jogos inesquecíveis valem a pena? Eis aí questões de difícil, quase impossível, resposta definitiva, tantos são os argumentos dos defensores de cada um dos lados e que estão representados na massa de torcedores, treinadores, jogadores e representantes da mídia. O técnico Muricy Ramalho certa feita recomendou ao torcedor insatisfeito com o futebol rústico exibido pelo seu São Paulo ir ao teatro para ver um espetáculo.

No outro extremo, o mestre Telê Santana não viu sua Seleção Brasileira de 1982 ser campeã mundial, mas, conforme afirmou por diversas vezes, ficou feliz por ter dirigido uma das mais fantásticas equipes da história do futebol mundial, lembrada até hoje. E a controvérsia entre o feio e o bonito no futebol, como antes e depois do Mundial da Espanha, segue em pauta.

Jogar bem é o de menos, o que vale são os 3 pontos

Ganhar jogando feio é uma coisa ruim? Para o técnico Léo Condé, do Paysandu, a resposta é não. O treinador parece não ter nenhuma dúvida quanto à validade da máxima, adotada de uns tempos pra cá no futebol brasileiro, que diz que o mais importante é vencer. “O importante no futebol, a meu ver, são os resultados. Vencer não apresentando um bom futebol é aceitável sim”, afirma.

O treinador salienta, porém, que essa não deve ser a regra, mas sim a exceção. “A gente sempre busca vencer realizando uma boa apresentação. Acho que esse é o caminho que tem de ser buscado”, diz o técnico. Ele avalia que o chamado futebol de resultado é uma prática comum no futebol. “Hoje no futebol brasileiro e também no futebol mundial conta muito essa questão”, diz.

O treinador volta a bater na tecla que a vitória com encanto deve ser priorizada. “O ideal, sem dúvida, é chegar a esse resultado com a sua equipe jogando um bom futebol. Essa é a busca constante dos treinadores”, garante. “Mas existem equipes que não apresentam um futebol tão vistoso e que conseguem obter conquistas”, conclui.

PRESSÃO

Diferente do técnico Léo Condé, o treinador do Clube do Remo, Márcio Fernandes, 56 anos, não acredita que o futebol de resultado faça justiça. Em entrevista concedida do Rio Grande do Sul, onde acompanhava o time azulino para o jogo contra o Juventude-RS, pela Série C do Brasileiro, ele afirmou trabalhar sempre para ver sua equipe vencendo com méritos os jogos que faz. “Eu trabalho pra fazer o meu time jogar futebol”, afirmou. “Nem sempre isso acontece, infelizmente, mas quando vejo minha equipe jogar bem me sinto satisfeito”, diz.

Segundo o treinador, a atuação das equipes que comanda vem sempre em primeiro lugar, indiferente aos resultados dos jogos. “Independente dos resultados, o que me satisfaz é ver meu time jogando bem. Infelizmente os dirigentes nem sempre pensam desta maneira”, aponta.

Márcio admite que muitos colegas de profissão procuram se segurar em seus empregos se apegando aos resultados obtidos por suas equipes, não levando em conta a qualidade do futebol apresentado em campo.

“Acho que esse fator é, sem dúvida, o principal para que muitos técnicos abracem o chamado jogo de resultado”, diz Márcio, que ao assumir o comando do time azulino levou um susto com o futebol praticado pelo time. Sob o comando do treinador, o Leão até deu uma melhorada, mas ainda muito longe do ideal, o que não foi levado muito em conta pelos dirigentes e torcedores, na conquista estadual.

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ANÁLISE: JOGO PRAGMÁTICO PODE SER UM CAMINHO SEM VOLTA NO FUTEBOL BRASILEIRO

Para o jornalista e colunista do Bola, Gerson Nogueira, diretor do Diário do Pará, o jogo de resultado está tão arraigado no futebol brasileiro e, em especial no paraense, que "é um caminho praticamente sem volta." Ele dá como exemplo, no plano local, a conquista do Parazão deste ano pelo Clube do Remo. "O Remo ganhou na 'bacia das almas', mas foi o menos pior, foi o mais eficiente dentro do sistema e do regulamento existente. O Paysandu não conseguiu isso conseguiu ao longo da caminhada", exemplifica. "É uma situação que pra nós aqui nos obriga a abraçar a tal da causa do futebol de resultado", afirma Nogueira, ressaltando que as participações de Leão e Papão na Terceira Divisão do Nacional obrigam os clubes locais a continuarem praticando o futebol sem brilho.

Pra sair da Série C tem de se adaptar a ela. Tem de fazer o jogo. E qual é esse jogo? É a objetividade, é o pragmatismo, é o 'muricibol', com a bola lançada na área e mais da metade dos gols marcados em bolas aéreas", avalia. Na opinião do jornalista, os treinadores fazem parte do jogo. "Os técnicos, sejam os que dirigem os nossos times ou as equipes de fora, sobrevivem fazendo seus times marcarem o tempo todo sempre atrás da linha com nove oito jogadores atuando assim", acusa o jornalista. "O que eles buscam é a sobrevivência, segurando ao máximo o emprego", diz o colunista, que não poupa o futebol de algumas equipes da elite e que seguem o mesmo roteiro do futebol truncado, mas aprovado pelos resultados. "Nem na Série A existe jogo bonito. Temos de aceitar uma realidade que nos enfiaram goela abaixo. Uma realidade que diz que jogo feio é a solução, principalmente para os nossos clubes", arremata

(Nildo Lima/Diário do Pará)

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