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ESPORTE PARÁ

Ex-jogador e funcionário do Remo relata dificuldades financeiras e cobra reconhecimento

No começo dos anos 1960, um jovem de apenas 10 anos começava a trilhar a sua carreira como ponta-esquerda no Clube do Remo. Alcindo de Aguiar Cunha Filho, o Tindô do Baenão, tinha o respaldo de vários profissionais da época para se tornar uma realidade pe

No começo dos anos 1960, um jovem de apenas 10 anos começava a trilhar a sua carreira como ponta-esquerda no Clube do Remo. Alcindo de Aguiar Cunha Filho, o Tindô do Baenão, tinha o respaldo de vários profissionais da época para se tornar uma realidade pelo Leão. Contudo, aos 21 anos, o jogador precisou encerrar a carreira precocemente depois de sofrer com inúmeras lesões no joelho direito.

Mas a história entre o ex-atleta e a agremiação não encerrou após ele pendurar as chuteiras. Em 1999, Tindô iniciou os trabalhos pelas categorias de base remista, por onde atuou como treinador, coordenador e supervisor, nas categorias sub-13, sub-15, sub-17 e até no profissional. O contexto acima poderia encerrar naturalmente com um final feliz, entretanto, a realidade é bem diferente. Às vésperas de passar por um processo cirúrgico no quadril, Tindô relata a falta de compromisso por parte do Remo em não pagar os seus retroativos em mais de 20 anos de serviços prestados, além do próprio reconhecimento a ele como profissional.

As passadas rápidas em campo à época de atleta e treinador ficaram no passado. Hoje, aos 65 anos e acompanhado de um par de muletas para se locomover, devido à exaustão quase que por tempo integral de esforços físicos desenvolvendo trabalhos com a base, Tindô foi diagnosticado com osteoartrose avançada no quadril esquerdo, ou seja, um desgaste na articulação do quadril. Com calma, ele explicou as suas pendências com o Remo, que iniciaram em 2015, no mandato do ex-presidente André Cavalcante.

Demitido para conter gastos, o ex-funcionários solicitou somente o que era seu por direito, algo em torno de R$ 800 mil, referente a 49 meses de salário atrasados. Tindô chegou a acionar a Justiça do Trabalho, mas retirou a ação depois de promessas do também ex-cartola Manoel Ribeiro, que ao assumir pediu a sua reintegração ao quadro de funcionários. Mesmo indo de encontro ao desejo de sua família, que não engoliu a forma como Tindô havia sido demitido, ele aceitou o convite.

Tindô dedicou sua vida ao Remo e o clube deve muito a ele, tanto esportivamente quanto financeiramente. (Foto: Alberto Bitar/Diário do Pará)

No entanto, a situação apenas piorou. “O André Cavalcante disse que tinha outro profissional para me substituir, não teve problema. Só pedi o que era meu por direito. Entrei na justiça, mas logo em seguida o Manoel Ribeiro assumiu e fez um trato comigo. Mas me pagaram apenas dois meses do novo acordo. Quando as dores aumentaram, eu tentei conversar para conseguir R$ 5 mil para me operar, mas ele disse na minha cara ‘Eu sou engenheiro e não medico’”, contou.

Somente com a antiga gestão, Tindô, que ainda não teve a baixa assinada na carteira de trabalho, possui pendentes R$ 14 mil de sete folhas salariais. Sem contar com o valor, o mesmo precisou se mudar para a casa do sogro por não poder pagar o aluguel do seu antigo imóvel. “Vou ser bem sincero, eu sobrevivo com doação dos meus irmãos. Eu me formei em telecomunicação, mas nem me movimentar eu posso para fazer alguns trabalhos. Que mal eu fiz ao clube que dediquei toda a minha vida?”, questionou.

A reportagem tentou contato com os dois ex-presidentes, André Cavalcante e Manoel Ribeiro. Porém, só Ribeiro deu retorno, mas disse que preferiu “deixar a situação com os novos responsáveis, que saberão o que fazer”.

EM NÚMEROS

R$ 800 mil

Valor pedido por Tindô ao sair do clube na gestão de André Cavalcante, referentes a 49 meses de salários atrasados.

R$ 14 mil

Após aceitar voltar ao Remo na gestão de Manoel Ribeiro, mais uma vez Tindô ficou sem receber. Dessa vez, por sete meses.

Gratidão e confiança ainda estão no vocabulário

QUE SE RESOLVA!

Tindô foi responsável por descobrir valores na base azulina que hoje despontam no cenário nacional e internacional, como o zagueiro Raul, hoje no Braga de Portugal, e o lateral-direito Cicinho, que atua pelo Ludogorets Razgrad, da Bulgária. Nomes como Alex Ruan, Jayme, Igor João, Yan e o mais recente Rony, também fazem parte dessa lista.

O cuidado que teve em ajudar os jovens talentos pelo Remo, nem de longe foi recíproco pela diretoria azulina em relação ao seu tratamento. No entanto, Tindô faz questão de salvar algumas personalidades da lista de “ingratidão” azulina. “Durante todo esse tempo o departamento médico me ajudou. O doutor Ricardo Ribeiro sempre me medicou, me atendeu. Vou me operar com o doutor Hermes Feitosa, através do Doutor Jean Kley, que estão sendo meus salvadores. Senão estaria de cadeira de rodas agora”, afirma.

A nova gestão assumiu o Remo em novembro de 2018 e se vê sem muita alternativa quanto aos recursos, já que toda a cota está bloqueada perante Justiça do Trabalho. Entretanto, Tindô acredita que sua situação poderá ser resolvida com Fábio Bentes, a quem o mesmo depositou confiança. “É o único em quem eu confio, porque me falou a situação financeira complicada, mas sempre mantém contato e procura me ajudar. Confio nele porque me passou isso, mas também só nele. O jurídico me tratou com arrogância e sem reconhecer o que fiz pelo clube”, disse.

A reportagem também tentou contato com o atual presidente, mas ele estava em viagem com a delegação azulina para o jogo diante do São Raimundo, em Santarém.

E MAIS...

FAMÍLIA EM PRIMEIRO PLANO

- Sem outra forma de receita, já que dedicou toda a sua vida ao esporte, especialmente no Remo, Tindô mora com a família da sua esposa, em uma residência no bairro da Pedreira, em Belém. De acordo com o próprio, a única via de escape para tentar assimilar a situação foi ao lado dos familiares.

- “Eu não peço nada demais, nada. Não sou um jogador que pede milhões sem ter feito nada. Me dediquei por 20 anos. Eu sofri muito e só pude contar com eles (família)”, comentou, lagrimando ao relembrar dos momentos de aperto.

- A esposa de Tindô, Marileia de Almeida Cunha, foi mais incisiva ao detalhar o período conturbado e sem definição do marido. “Ele estava em uma situação muito difícil. Ele chegou ao ponto de entrar em uma depressão e o sofrimento foi real, porque eu vi tudo, participei e sofri com ele. Eu acho que não é justo, em respeito a ele, ao profissionalismo dele no Remo, por todos que ele revelou. Nem cobramos a situação financeira, mas o respeito de tudo que ocasionou para nós”, destacou.

- Quem quiser ajudar o ex-atleta azulino, pode entrar em contato com o número 98366-9910.

(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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