Clube do Remo: O que fazer para ter uma temporada de sucesso?

A partir de hoje, o futebol profissional do Clube do Remo entra, oficialmente, de férias na temporada 2018. Com o encerramento do seu calendário na noite de ontem, o departamento de futebol da agremiação deverá, nos próximos dias, se concentrar no processo de rescisões e renovações de contratos. Contudo, ainda há um empecilho para iniciar tais procedimentos. Em novembro, a agremiação passará por eleição que irá apontar o novo responsável pelo Conselho Diretor (Codir), ou seja, o futuro presidente da instituição, que será encarregado de tomar a dianteira pelas ações administrativas do clube pelos próximos dois anos.

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Porém, mesmo com a obrigação estatutária, alguns assuntos já podem ser adiantados, especificamente quanto ao futebol, que é o carro-chefe azulino, em tentativa de trilhar percurso distinto da pífia participação em campo nesse ano. Mas a pergunta que não quer calar: o que o Remo precisa fazer para, enfim, acertar o pé nas quatro linhas?

De um modo geral, uma gestão consciente e aplicada é a resposta básica. E mesmo em análise mais aprofundada, tirando como base as três últimas participações da equipe no Nacional e em certames paralelos, as explicações são ainda mais óbvias, como por exemplo, o apoio às categorias de base e a aposta em uma comissão técnica que conheça, além das particularidades do futebol local, a pressão significativa que rodeia o Baenão.

O Atlético-AC, que possuía a metade da folha azulina, é um espelho. Com grande parte de jogadores oriundos da base, a equipe apostou em um técnico com rodagem quase que exclusiva do Estado e foi a sensação do Grupo A da Série C.

O desejo por técnicos renomados, os medalhões, por parte da diretoria remista, além de vislumbrar atletas que ficaram conhecidos por lampejos em vez da regularidade, é o que fez o time conquistar apenas um título em três anos: o Estadual 2018.

Para o diretor de futebol Milton Campos, os estudos de caso precisam ser feitos sobre os pontos negativos e positivos conquistados nesse ano. Porém, o foco em manter a ordem em cima de um planejamento ainda é a solução mais viável. “Claro que nós gostaríamos de poder levar o acesso ao nosso torcedor, mas não foi possível. Mas temos que tirar o lado bom e o lado ruim. Fica o desejo de batalhar para que na próxima temporada os resultados apareçam e, ao lado de conquistas internas, o futebol também cresça para que o Remo atinja os seus objetivos”, destacou.

ANÁLISE DA TEMPORADA AZULINA

Cinco pontos fundamentais para o Remo evitar sufoco em 2019

1- Manter uma base: desde que retornou à Série C em 2016, ano após ano o Clube do Remo reciclou quase que inteiramente o seu grupo de jogadores. Poucos foram os jogadores que viraram temporada com a camisa azulina. Claro que a falta de qualidade na grande maioria dos atletas motivou a saída dos mesmos, porém, o desmanche no plantel, para a reconstrução às pressas, foi provado que não dá certo no Remo, sobretudo pelo seu desejo imediato de conquistas. Por isso, a iniciativa de manter os jogadores que tiveram destaque é de suma importância, como o caso do goleiro Vinícius, que ainda nem procurado foi pela diretoria.

2- Metas: no papel, o Remo teve para essa temporada um planejamento irretocável. Contudo, a falha em uma competição desencadeou a falta de sucesso nos certames seguintes. Sendo assim, o foco em uma etapa por vez é o mais recomendando. A exemplo, a própria reta final da Série C, quando o time passou a enxergar cada desafio como o único, no lugar do aspecto geral. E o fato de que na temporada que vem o calendário voltará a ser disputado de forma mais abrangente, diferente desse ano, que foi estreitado pelo Mundial da Rússia, ajudará a equipe a estipular metas.

3- Pratas da casa: mesmo mirando em contratações de peso, com “homem-gol” e “maestros”, quem de fato tem assumido a responsabilidade e ajudado o Remo nas adversidades foram os valores da base. Nessa temporada, por exemplo, o artilheiro da Série C no clube foi Gabriel Lima, com Jayme marcando o gol da permanência.

O mesmo ocorreu em 2017, em ambas as ocasiões com jogadores de renome no elenco. Dessa maneira, a paciência e o cuidado em explorar o celeiro são necessários, até para os cofres do clube, que podem gerar lucro com vendas em caso de destaque.

4- Técnico local: foi comprovado que a escolha por técnico de renome não encaixa no Clube do Remo. O currículo vitorioso de pouco serve na equipe, sobretudo pelo futebol atípico do Estado e pela pressão grande que gira em torno do clube. Cacaio, Léo Goiano e, especialmente Netão, herói desse ano, são provas de que a contratação de um treinador local é um bom começo para um novo desfecho azulino.

5- Compromisso interno: um dos pontos que caracterizou a atual gestão azulina foi o conflito interno. Debandada de dirigentes, tentativa de derrubar o atual presidente e excesso de vaidade foram alguns dos motivos que resultaram no fracasso em campo. Por isso, para atingir o mínimo dos tópicos acima, é preciso, antes, o compromisso e a entrega em fazer diferente por parte de quem for assumir a cadeira máxima da agremiação.

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(Matheus Miranda/Diário do Pará)