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ESPORTE PARÁ

Especialista em dança Vogue ministrou workshop em Belém

A dança Vogue nasceu dentro da comunidade LGBTI, negra, latina, pobre e periférica de Nova Iorque, nos Estados Unidos dos anos 1980, em bailes (os “ballrooms”) onde essa grande massa menosprezada socialmente dançava e se mostrava como em uma passarela ou

A dança Vogue nasceu dentro da comunidade LGBTI, negra, latina, pobre e periférica de Nova Iorque, nos Estados Unidos dos anos 1980, em bailes (os “ballrooms”) onde essa grande massa menosprezada socialmente dançava e se mostrava como em uma passarela ou em refinado editorial de moda. Para quem logo pensou na famosa revista, o nome foi mesmo inspirado nela, com suas modelos cheias de carões, poses, estilo e ostentação. Tudo isso foi para a pista, resistiu ao tempo e volta ao mainstream por meio de performances de artistas como Rihanna e a cantora britânica FKA Twigs.

Idealizadora do BH Vogue Fever, evento nacional realizado em Belo Horizonte, a bailarina Tetê Moreira destaca que a prática voguing envolve todo esse contexto em que a dança nasceu. “Ela faz parte da cultura Ballroom, que tem muito a ver com as drags, com competições (as ‘balls’), com formar grupos (as ‘houses’), até chegar a uma dança em que você encontra características das passarelas”, define. E tem ainda a influência de danças como a salsa, o balé moderno, o hip hop, inspirações nas imagens egípcias, em movimentos de ioga e ginástica. Valia um pouco de tudo para “causar” na noite nova-iorquina.

Nascida de várias influências, a dança também foi ganhando ramificações ao longo do tempo, com duas grandes modalidades atualmente: a Vogue Old Way, forma mais antiga, com pegada simétrica e precisão dos movimentos, e a Vogue New Way, acrescentando movimentos com o punho, flexibilidade, agilidade e contorções do corpo. Dentro dessas modalidades há outras subdivisões, com destaque para a Vogue Fem. “Isso deixou a dança mais feminina, com exagero no movimento de quadril, que destaca as curvas do corpo feminino”, explica Tetê, que no mês passado esteve em Belém ministrando oficina desta modalidade artística.

A House of Jambu foi criada no ano passado para conectar pessoas ligadas à dança Vogue em Belém (Foto: Marco Santos)

House of Jambu divulga movimento

E m alta também no Brasil, a dança Vogue vem sendo acrescida de características de ritmos populares no país, como o passinho do funk carioca e a agilidade do frevo. Além da liberdade criativa, o fato de ter nascido como parte de um movimento de resistência, de permitir a livre expressão de identidade, gênero e sexualidade faz com que ela atraia não só os paixonados pela dança, mas pessoas que realmente se identificam com a cultura ballroom. É o caso de nove paraenses que hoje compõem a House of Jambu, primeiro coletivo do gênero em Belém.

“Eu comecei dançando outro estilo, totalmente diferente, mas já gostava de Vogue sem saber que era Vogue. Assistir a vídeos no YouTube foi meu primeiro contato”, conta Rafael Cardoso, integrante da House of Jambu. Sem cursos no Pará, ele começou a viajar para participar de oficinas e eventos em outros estados brasileiros. “É uma cultura que representa minorias de gênero, identidade, algo muito forte em mim e que me ajudou a vencer diversas questões, me empoderar e me conhecer melhor”, completa.

Rafael e outros dançarinos passaram a formar a House of Jambu em janeiro do ano passado, após a primeira visita de Tetê Moreira para realizar um workshop de dança Vogue em Belém. “A ‘house’ é como uma família, onde as pessoas estão conectadas com a dança, mas também com estas questões sociais”, explica Rafael.
Entre os dançarinos mais experientes do grupo está Rodrigo Pará, que já praticava danças urbanas de diferentes estilos. “Quando viajei para alguns workshops tive contato com a dança Vogue e a estética dela me chamou a atenção”, comenta.

Além disso, o corpo é bastante exigido em alguns estilos mais atuais da dança. “Há coreografias que precisam de uma flexibilidade além do normal, como um ginasta mesmo; outros estilos exigem força na perna, ou um toque mais feminino nos movimentos”, comenta Rodrigo. Ainda pouco praticado em Belém, eles afirmam que através da House of Jambu pretendem espandir a Vogue por aqui, começando pela gravação de vídeos, novos workshops e a realização de batalhas.

Tetê dança Vogue desde os 12 anos e vê hoje um cenário bem diferente de quando começou. Atualmente participa do trio Lipstick e realizou duas residências em Nova Iorque.

“Quando comecei a fazer as balls (batalhas) em Belo Horizonte, o público era grande, mas os dançarinos eram reduzidos. Em 2016 triplicou o número de pessoas disputando as balls. E em Belém foi muito legal ver a evolução das manas desde a minha última visita, afinal elas estão com uma House recente”, comemora.

(Lais Azevdo/Diário do Pará)

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