Após ofensas, torcida azulina promete surpresa

Após a vitória por 1 a 0 diante do Operário-PR, que deixou o Clube do Remo com grande vantagem para conseguir o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro em 2016, o técnico Cacaio e o assessor de imprensa Rodrigo Monteiro reclamaram que foram xingados pela torcida do Operário-PR. Além das ofensas verbais, os dois teriam sido alvos de “cusparadas” dos torcedores.

A atitude dos paranaenses causou surpresa e indignação em muitas pessoas. Por um lado, pelo fato dos paranaenses serem tidos como um povo mais “fechado”, mas educado e receptivo. Uma destas pessoas foi o internauta identificado como "Mestre Chico Barão", que comentou no DOL “Parece que o futebol muda as pessoas, esse povo foi por demais hospitaleiro comigo e agora faz essa!” (sic), destacou.

Opinião semelhante possui Marcos Damasceno, que comentou "Os humilhados serão exaltados. Moro em Colombo-PR, creio que esse tipo de pessoa não representa os paranaenses. (...) Vão sentir o poder do fenômeno azul. E respeitem. Sou índio com muito orgulho! E moro no Brasil... Com liberdade de ir e vir", desabafou.

Por outro lado, os atos hostis indignaram até mesmo torcedores bicolores. “Sou Bicolor, se mexem com o Norte, nos chamando de índios e selvagens, creio que deveríamos nos unir e defender-mos (...)", disparou o internauta Rafael Lopes. O caso também foi tratado com ironia e paciência pelos remistas: “Mas... Os selvagens não somos nós, do Norte?”, disse Victor Camarinha.

Após os ataques, a resposta dos azulinos, no entanto, deve ser surpreendente: ao invés de tratar com hostilidade a pequena torcida do clube paranaense, os remistas prometem acolher muito bem o clube adversário, se preocupando somente com apoio ao Clube do Remo e não com as ofensas.

"Galera, bora mostrar inteligência pra não prejudicar nosso Leão em perder mandos de campo pro ano quem vem, que estaremos se Deus quiser na terceira divisão... Vamos deixar esses Fantasmas morrerem pra lá. Já estão mortos mesmo Kkkkk" (sic), disse o internauta identificado apenas como Augusto. Já o leitor "Neto" propôs ações desde a chegada dos paranaenses: "A torcida do leão deve ir recebê-los no aeroporto... Já pra mostrar a força do fenômeno azul!".

Além de lotar o Mangueirão, os remistas devem receber com respeito os poucos paranaenses que podem vir à Belém. Foto: Cezar Magalhães/DOL.

Apesar de ser uma reação às ofensas, o debate também provocou ofensas e xingamentos por parte dos paraenses, sejam bicolores ou remistas. O torcedor Sandro Navarro afirmou: "Torcedores azulinos, sintam-se apoiados pelos bicolores contra esse timeco paranaense. Vamos mostrar que nós, nortistas, somos melhores dentro e fora do gramado".

Já para Josuel Castro, "tem que golear esse time de caipiras, camponeses plantadores de mandioca e sair do meio de desconhecidos nanicos de baixo nível como esse e ascender a elite, isso é que importa!".

A polêmica ajudou a retomar um velho e cansativo debate sobre “Norte-Sul” do país, em que muitas vezes a população da Amazônia se sente "diminuída" e também termina ofendendo a população sulista.

O mesmo já havia ocorrido em agosto, quando o Paysandu enfrentou o Fluminense pelas Oitavas-de-final da Copa do Brasil. Na época, circularam pela internet memes e comentários que classificavam os paraenses como "índios" e "atrasados". Parte da torcida bicolor dividiu as atenções entre o time e a polêmica e o clube foi eliminado com duas derrotas.

(Enderson Oliveira/DOL)