Ídolos paraenses lembram trajetórias em Re-Pa

Um dominava a arte de defender gols e o outro fazia gols, assim foi marcada as carreiras de Dico e Zé Augusto. O remista baixinho de 1,75 metros foi o maior goleiro azulino. O arqueiro nascido em Colatina, no Espírito Santo, negociou por duas vezes com o Paysandu, mas na hora de fechar contrato, foi o Clube do Remo que levou a melhor.

“Quando eu vim para Belém era para jogar no Paysandu, tinha um treinador de Brasília que estava no Sport Belém, em 70, e me convidou para defender o time no paraense e que depois eu iria para um time maior, topei. Quando terminou a competição fui de novo convidado para jogar no Paysandu, eu cheguei e conversei com o Raul Aguilera, ex-presidente do clube, e no outro dia eu ia assinar o contrato. Aí ele viajou e pela manhã o Remo me buscou e assinei com ele”, explicou.

A história do “Zé da Fiel” é quase assim também. O atacante veio para Belém com 5 anos e se considera belenense. Fora dos gramados, o ex-jogadorjá recebeu titulo de cidadão da cidade e do Pará.

“Joguei o Parazão no Pedreira e em 96 fui para o Paysandu. Me criei aqui, amo açaí (risos), minha vida é aqui, me considero paraense”, contou Zé.

Veja algumas imagens de quando Dico e Zé Augusto jogavam.

Dico também já construiu a sua vida no Pará. O ex-arqueiro azulino defendeu o Leão de 1971 a 1982. Ele tem seis títulos paraenses (1973, 1974, 1975, 1977, 1978 e 1979), foi bicampeão do Torneio do Norte de Clubes Campeões em 1969 e 1970, venceu o Torneio Cidade de Belém em 1970, foi vice-campeão do 1º Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão em 1971, disputando todas as sete partidas da competição, se tornando o goleiro mais vitorioso da história do Remo desde que o futebol estadual foi profissionalizado.

Vestindo a camisa do Remo, o arqueiro jogou 83 clássicos da Amazônia e 139 partidas no Campeonato Brasileiro da primeira divisão.

“Nunca falhei em nenhum clássico e principalmente quando o time precisou de mim. Se tem uma coisa que eu digo com orgulho é que nunca errei em Remo x Paysandu, nessas partidas foram as minhas melhores atuação. Já joguei no Maracanã, no Mineirão, no Pacaembu, sempre tive ótimas atuações. Como o Leão era sempre muito atacado, na hora em que precisavam de mim eu não falhava, jogava com muita atenção, treinava muito”, contou emocionado Dico.

Dico o Paredão Azulino (Reprodução/Internet)

“A partida que mais me marcou foi Remo e Flamengo no Maracanã, na época o time carioca era o melhor do mundo, foi para Europa e ganhou de todos os clubes lá, e voltou invicto para jogar aqui o Brasileiro contra o nosso time. Jogamos domingo lá e na quarta-feira seria aqui. Nós ganhamos de 2 a 1, tive uma partida excepcional. Remo e Guarani-SP em Campinas foi marcante também, em 75, após o adversário ter sido campeão Brasileiro, fomos jogar lá e ficamos no 0 a 0. Só eu o atacante fomos em 8 bolas, o remo jogava adiantado”, acrescnetou.

Zé Augusto já perdeu as contas de quantos clássicos já jogou, mas lembra de um em especial.

“Joguei cinco anos do Paysandu, não lembro quantos atuei e nem quantos gols eu fiz, mas lembro de um em especial. Quando o Paulo Caxiado (setorista da Rádio Clube do Pará) disse que meu terçado estava desafiado e no clássico fiz um gol e imitei o repórter”, explicou.

O Re-Pa lembrado pelo atacante foi 1 a 0 e era válido pelo 4ª rodada do segundo turno do Campeonato Paraense, no dia 22 de março de 2009. Na ocasião, Paulo Caxiado havia dito que o Paysandu não iria ganhar do Remo porque o terçado do atacante estava desamolado. Zé Augusto era conhecido como Terçado Voador. “Eu entortava e cortava os zagueiros”, explicou o ex-atacante.

Veja como foi a repercussão da época:

Ídolos antigos que até hoje são lembrados. Os times paraenses há algum tempo não possuem referências no futebol.

“Na época em que eu joguei e dava entrevista eu sempre falava: a torcida do Remo é mais apaixonada. Hoje as coisas não são mais assim, mas naquela época o torcedor era muito mais apaixonado, teve um dia que cheguei aqui e tinham 2 mil pessoas no aeroporto, não podia nem descer. Não podia sair na rua, tive que mudar meu horário de pegar meus filhos na escola, porque eu era reconhecido demais na rua. Hoje o torcedor não tem mais ídolo, naquela época tinha o Dário, Alcindo, Roberto”, analisou Dico.

“No Paysandu tem o Pikachu ainda que o torcedor se identifica, mas realmente estamos com falta de ídolo, e isso é triste, porque futebol é alegria e é bom ter essa referência. Sou lembrado pela minha história dentro do clube, assim como o Vandick e outros. Eu como ex-atleta, torço para que apareça outros ídolos para que possa fazer história dentro do clube e trazer mais alegria”, disse Zé Augusto.

O Zé Maluco, Zédani ou Super Zé, como é conhecido o bicolor, fez história na Curuzu, ele tem sete títulos estaduais (1998, 2001,2002, 2005, 2006,2009 e 2010), um Campeonato Brasileiro da Série B (2001), uma Copa Norte (2002), uma Copa dos Campeões (2002) e o Torneio Internacional do Suriname com o selo FIFA (2010). Zé entrou para a história do Papão como o seu sétimo maior artilheiro em todos os tempos com 112 gols anotados e ainda se constitui como o maior artilheiro bicolor do Século XXI com 90 gols marcados de 2000 a 2012.

(Bruna Dias/DOL)