Parazão sob o domínio interiorano

Há alguns anos ninguém poderia prever uma semifinal sem times da capital. O cenário mudou.

Quando o Bragantino começou a disputar regularmente o Campeonato Paraense, a partir de 1993, as equipes da capital, que no geral jogavam o campeonato todo por aqui, ou pouco se afastavam, começaram a encontrar algumas dificuldades. Bragança não era tão próxima quanto Santa Izabel e, ao contrário de Ananindeua e Marituba, o Tubarão do Caeté tinha um estádio próprio e torcida que apoiava. Não era fácil voltar do estádio São Benedito com a vitória nas mãos. Mas àquela altura, um time em meio a dez ou doze participantes não chegava a ser uma ameaça para a hegemonia de Belém no futebol paraense. Vinte e dois anos depois, um cenário totalmente diferente se desenha.

Dos dez participantes, apenas Remo e Paysandu não são do interior do estado. Mesmo a tradicional Tuna Luso, há algum tempo, não tem conseguido se firmar na elite. Os times que antes só se preocupavam em treinar e jogar, passaram a conviver com planejamento de logística e viagens longas, como até Santarém, que exige avião. O campeonato está mais difícil de se disputar, mas não apenas por conta das longas viagens. Castanhal, Ananindeua, Águia de Marabá, São Raimundo... Desde o início dos anos 2000 as equipes do interior têm ajudado a protagonizar os momentos marcantes do futebol local – antes restritos ao trio de ferro da capital.

Eles não se contentam mais apenas em jogar. Eles sabem que podem e querem ser campeões também. Independente de Tucuruí e Cametá já conseguiram. O Paragominas bateu na trave. E para os novatos, como Tapajós e Parauapebas, o céu é o limite. O que há por trás desse fenômeno de participação do interior que, pela primeira vez, decide a Taça Cidade de Belém, apenas entre equipes interioranas? Esse é o fenômeno que a torcida paraense vai acompanhar de perto nesse final de semana e que nós vamos tentar desvendar.

(DOL)