No Remo, Charles sempre encontrou problemas

A demissão de Charles Guerreiro não põe fim somente a um clima de intranquilidade há muito percebida pelos corredores do Baenão, como também sacramenta o término de uma era iniciada no final de maio de 2013.

O agora ex-técnico remista foi anunciado pelo presidente Zeca Pirão como o grande líder de um projeto de reconstrução. Por esse motivo, ele se mantém grato ao dirigente. “Eu agradeço muito ao presidente. Ele me trouxe e bancou a minha permanência até onde deu”, disse Charles, na saída do estádio.

“O importante disso tudo é que eu tenho uma parcela grande no Remo. Há muito tempo o Remo não conquistava um título do primeiro turno. Deixei 80% encaminhado para a Série D, Copa Verde e Copa do Brasil. Muitos treinadores de fora que passaram por aqui não conquistaram”, comparou, tendo que rebater inúmeras críticas pela inconstância tática da equipe, e até o sentimento pelo maior rival. “Disseram que eu era Paysandu. Eu comecei na base de lá, mas sou profissional”, disparou.

Ao conceder sua última entrevista, Charles Guerreiro disse saber da demissão desde o momento em que chegou ao clube, sendo apenas uma questão de tempo. “A minha mente foi sufocada. Tinha diretor que ligava para contratar técnico enquanto eu estava treinando o time. Ligaram para o PC Gusmão, que é meu amigo. Ligaram para o Zé Teodoro, também já estava no gatilho. Mesmo assim, eu saio de cabeça erguida, porque sou um vencedor e emprego não vai faltar”, encerrou, sem revelar o nome do diretor envolvido.

A novela envolvendo a permanência do técnico Charles Guerreiro no comando do Clube do Remo chegou ao fim na tarde de ontem. Depois da eliminação na Copa do Brasil, com a goleada por 6 a 1 para o Internacional, a diretoria reuniu com o presidente Zeca Pirão. Em decisão por maioria de votos, o treinador foi demitido. O auxiliar-técnico Agnaldo de Jesus assume de forma interina até que um novo treinador seja contratado.

Os boatos sobre a saída de Guerreiro circulam desde os primeiros resultados não satisfatórios. Começou na primeira derrota, para o Paysandu, na fase classificatória do primeiro turno do Parazão, passando pelas classificações sofridas contra Paragominas e Nacional-AM, pela Copa Verde.

A corda no pescoço do treinador apertava, situação que o próprio já havia admitido. “Após uma decisão tomada em conjunto com os membros da diretoria, nós decidimos que esse era o momento oportuno para fazer a mudança no comando técnico. Percebemos que a agenda positiva que tínhamos em mente estava se perdendo. Precisamos dar uma resposta para esse projeto de reconstrução. Assim, o Charles Guerreiro não é mais técnico do Clube do Remo”, revelou o diretor de futebol, Thiago Passos.

Segundo ele, o momento, apesar de ser oportuno, não trará consequências semelhantes aos atletas. “Nós temos plena confiança no grupo. Esses jogadores foram eleitos para estarem no Clube do Remo. Na pré-temporada, em Salinas, ressaltamos isso. É um grupo qualificado, com possibilidade de conquistas dos nossos objetivos”, concluiu.

(Diário do Pará)