A eliminação da seleção na Copa do Mundo se concretizara minutos antes. Tite não queria nem sequer cumprimentar o treinador da Bélgica, Roberto Martínez, diante de tamanha amargura. O técnico do Brasil não se constrange ao admitir que sentiu o baque com o que aconteceu em Kazan. Até então, a trajetória de 25 jogos na seleção só tinha uma derrota. Foi dada a largada para uma frustração que o atormentaria pelos próximos dois meses e que, segundo o próprio, só tende a acabar nesta sexta-feira, quando a seleção volta a campo, no amistoso contra os Estados Unidos, às 21h (de Brasília), em Nova Jersey.
“Claro que senti. E continuo sentindo. Talvez só pare quando a equipe entrar em campo de novo”, disse o treinador, que desistiu do rodízio de capitães e escolheu Neymar para usar a braçadeira em definitivo. Dormir foi problema. Ser campeão do mundo era objetivo natural, mas a semifinal era um resultado com o mínimo de justiça, no entendimento da comissão técnica. Mas nem isso aconteceu.
“Às vezes, acordo às 2h chutando a bola do Firmino, cabeceando a bola do Gabriel Jesus, tirando a mão do Courtois. Fiquei amargo, doído, por não ter chegado mais adiante”, confessou.
Religioso, Tite foi a uma igreja até mesmo na Rússia. Mas o técnico da seleção não recorreu prioritariamente ao alívio espiritual após a frustração. Optou pelo que denominou de “retiro humano”. Ir a Caxias do Sul seria alternativa natural após o período imerso no projeto Copa.
Mas essa não foi a estratégia de Tite. Antes mesmo de pisar em solo brasileiro novamente, o convite para continuar à frente da seleção já tinha sido feito pelo chefe de delegação e CEO da CBF, Rogério Caboclo. Tite e os outros membros da comissão técnica queriam muito seguir nas respectivas funções e nunca esconderam isso.
Quem entrou no circuito diante do aval para a renovação foi o empresário Gilmar Veloz. Amigo dos Bachi, família Tite, e responsável por negociar termos do contrato com a CBF, para ele é difícil medir o peso da derrota na Copa. “Uma Copa do Mundo é uma Copa do Mundo. É outra dimensão mesmo para quem foi campeão mundial com o Corinthians. Eu conheço o Tite há 20 anos. Sei como age, como funciona. É complicado dar um parecer. Depois que ele chegou, pediu para eu ir lá resolver a situação da renovação. Eu fui e a vida continua”, disse Veloz, que na Rússia ficou no mesmo hotel da seleção.
LIÇÕES DO MUNDIAL
Com a cicatrização da ferida da eliminação em curso, Tite ainda procura filtrar as lições tiradas do Mundial e não costuma consumir o noticiário esportivo indiscriminadamente. Não lê tudo o que escrevem sobre ele evita ouvir opiniões sem que haja algum filtro. As que ele considera ponderadas, são levadas em consideração. “Já passei do tempo de receber uma crítica e pegar uma pedra de volta”. A seleção também enfrenta El Salvador no próximo dia 11, em partida que será realizada em Washington.
(Agência O Globo)
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