Nem os anfitriões da Copa do Mundo acreditavam que chegariam às oitavas de final. Temiam repetir o fiasco da África do Sul em 2010, único país-sede cuja seleção parou na fase de grupos.
Golear a Arábia Saudita na estreia em Moscou foi bom, mas nem por isso os donos da casa se animaram. Afinal, a seleção russa não vencia desde outubro e a Arábia Saudita, convenhamos...
O jogo decisivo seria mesmo contra o Egito de Salah, porque se deixasse para brigar pela classificação com o Uruguai as previsões pessimistas provavelmente se revelariam corretas pelos pés dos artilheiros Luis Suárez e Cavani, ou pelas cabeças dos zagueiros Godín e Giménez.
Mais de 64 mil torcedores foram ao estádio de São Petersburgo e fizeram um barulho digno das massas dos clubes mais populares do Brasil.
Se o vento da mais europeia das cidades russas é gelado, de frios os russos das arquibancadas não têm nada. Empurraram o time aos 3 a 0 surpreendentes que praticamente classificaram sua seleção, além de terem visto um belo segundo tempo, com dois gols lindos, o do 2 a 0, de pé em pé com triangulação pela direita que Tite assinaria.
Oito gols em dois jogos é de se tirar o chapéu, e o desempenho serviu para mudar o clima no país. Se ainda não falam em ser campeões, os russos já dizem que adorariam uma final contra o Brasil. A mesma conversa aconteceu na França, em 1998.
Os russos não confiavam na seleção deles e os franceses empinavam o nariz para a Copa que recebiam com desdém, como se fosse um torneio não à altura do Louvre. Foi só quando superaram o Paraguai, nas oitavas de final, e com o antigo gol de ouro, no segundo tempo da prorrogação, é que passaram a acreditar, ao menos, em disputar a final contra o Brasil. Para perder, disfarçavam.
Passar das oitavas, a meta russa, era o máximo que imaginavam. Cuidado! Como se sabe, os franceses não só chegaram à decisão como enfiaram categóricos 3 a 0 nos brasileiros para fazer uma festa maior do que a da libertação de Paris em 1945.
Os russos ainda estão muito longe disso, mas estão chegando como concorrentes. Os americanos também não acreditavam que os russos seriam os primeiros a botar um homem na órbita da Terra. Pois botaram Yuri Gagarin, em 1961, que ainda fez poesia, ao dizê-la azul. Agora brincam com os alemães, que nunca venceram na Rússia.
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