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MÚSICA

Percussionista Silvan Galvão explica como tem criado amantes do carimbó no sudeste

Uma referência musical no Rio de Janeiro, a escola de bateria e percussão Maracatu Brasil ensina aos cariocas as batidas do curimbó. O Aterro do Flamengo, volta e meia, tem curimbós à disposição para quem quiser aprender ali umas batidas de carimbó, siriá

Uma referência musical no Rio de Janeiro, a escola de bateria e percussão Maracatu Brasil ensina aos cariocas as batidas do curimbó. O Aterro do Flamengo, volta e meia, tem curimbós à disposição para quem quiser aprender ali umas batidas de carimbó, siriá e outros ritmos paraenses. Os carnavais de rua no Rio e em São Paulo também têm carimbó - é o Carimbloco. E todas essas oportunidades de se deparar com a cultura paraense além das fronteiras amazônicas são também uma oportunidade de conhecer o mestre Silvan Galvão, percussionista santareno que há seis anos mora no Rio de Janeiro e, desde então, contribui para a formação de uma geração de artistas e um público, no Sudeste, apaixonados pela cultura nortista.

No finalzinho de novembro, Silvan foi um dos mestres laureados no 6º Prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura, que destinou R$ 10 milhões a 500 iniciativas culturais de mestres, mestras, grupos e instituições privadas sem fins lucrativos em todo o Brasil. Mas a premiação que incentivou atividades culturais como o cordel, a quadrilha e o cortejo de afoxé, ganhou destaque com o mestre paraense justamente por reconhecer sua atuação especificamente no Sudeste.

“Isso representa muito para mim, porque o Sudeste é uma região tão rica, cheia de manifestações bacanas, como o jongo, em São Paulo, o próprio samba do Rio de Janeiro, o congado mineiro. E ainda tem outros mestres que vêm do Nordeste e têm um espaço consolidado. Eu, sendo a única referência morando aqui e fazendo cultura amazônica, o carimbó especialmente, e ser reconhecido entre esses mestres, é de uma grande importância, não só para mim, mas para a Amazônia”, afirmou Silvan, em entrevista ao Você.Ele se prepara para o segundo álbum, “Silvan Galvão Carimbó”, com gravação marcada para o próximo ano. O trabalho, segundo ele, também é uma forma de incentivar seus pupilos na carreira. “Carimbó é patrimônio imaterial brasileiro que nasce no Pará, mas estou aqui para dar esse norte para outras partes do país que se interessem por esse patrimônio”, diz ele, que também faz questão de beber na fonte com frequência e entre os dias 28 de dezembro e 3 de janeiro, estará de volta a Santarém para um período de trocas e vivências com mestres região do Tapajós, em Alter do Chão.

APRENDIZADO

O reconhecimento mostra ainda a forma como a música, a culinária e a cultura paraense, de maneira geral, têm sido recebidas e vistas nacionalmente. “As pessoas estão se abrindo de uma maneira muito bacana para receber nossa cultura”, comenta Silvan.

E as atividades promovidas por ele no Sudeste - principalmente no Rio e em São Paulo - são verdadeiras vivências. “Eu ensino a construir os instrumentos, ensino a percussão, faço a música, a letra, ensino a dançar”, conta ele.

Já existe um expressivo número de pessoas que passaram pelas mãos do mestre e, influenciados por ele, formaram grupos que tocam carimbó, assim como um público grande que segue o Carimbloco - “Já são mais de 300 pessoas que passaram pelo bloco, tocando ou formando o grupo de dança. É um grupo que está sempre se renovando”, diz o músico - e frequenta os shows e festas que Silvan organiza.

Pelo Prêmio Culturas Populares, Silvan receberá R$ 20 mil, que ele vê como um reconhecimento e alento por esse esforço que deu tantos frutos, tão longe de casa, já que fora a Maracatu Brasil todas suas demais iniciativas são custeadas de próprio bolso ou por meio de editais de patrocínio. “O prêmio deve ajudar com alguns materiais. Quando levo atividades para o Aterro do Flamengo, as pessoas podem chegar e aprender de forma gratuita, mas muitas vezes não tem instrumentos suficientes”, exemplifica.

Mestres de carimbó, quadrilhas e pássaros foram premiados


(Foto: divulgação)

Entre os mestres residentes no Pará, está Lucas Bragança, que com o grupo de carimbó Sancari luta desde 1996 pela preservação e divulgação do chamado “carimbó pau e corda”. “Esse prêmio vem como um importante reconhecimento do repasse do nosso saber para os mais novos. E com a premiação (em dinheiro), o Ministério da Cultura facilita esse repasse”, ele comenta.

Além de ser reconhecida a atuação do mestre de carimbó, as iniciativas promovidas em torno do grupo também foram premiadas na categoria dos grupos/comunidades. Nascido de forma despretensiosa, na Passagem Álvaro Adolfo, no bairro da Pedreira, o Sancari acaba sendo um caminho para que a comunidade, sob a coordenação da moradora Neide Rocha, organize outras atividades socioculturais.

Além de expressões como o carimbó, o prêmio voltou-se para os cordões de pássaros juninos, como o “Tangará” e o “Tem Tem de Mosqueiro”, mestres artesões, como José de Castro, que confecciona bonecos regionais, líderes voltados à cultura afro-brasileira, como a mestra de cultura bantu Mametu Muagile, e das quadrilhas juninas, como a mestra Ray, que atua com os jovens e crianças da Terra Firme.

Fábio Cardoso, um dos coordenadores da Associação do Grupo Parafolclórico Tucuxi, também premiada, destaca a importância social de iniciativas como estas. Ele exemplifica com a atuação do próprio Tucuxi, em Outeiro. “Fundamos o grupo em 2002 com o objetivo de valorizar a cultura, mas com o decorrer do tempo, percebemos que tinha esse lado social, quando as mães vieram agradecendo os benefícios para a comunidade. Quando tínhamos um barracão, formou-se um grupo de carimbó da melhor idade, atendemos com oficinas de artesanato, aula de leitura para comunidade, capoeira”, conta.

Hoje, sem um espaço próprio e já passando pela dificuldade de formar uma nova geração interessada em integrar o grupo parafolclórico, o prêmio serviu para comprar um terreno na comunidade para novamente construir um barracão para a associação. “O prêmio é um reconhecimento pela nossa trajetória artística e social. E vamos dar início ao barracão tão sonhado. Isso dá força, incentivo”, comenta Fábio. Além disso, o Ministério da Cultura liberou ao Tucuxi o registro como Ponto de Cultura, o que deve ocorrer em breve.

(Laís Azevedo/Diário do Pará)

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