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MÚSICA

Pesquisa do músico Marcello Gabbay virou livro e minidocumentário

Um olhar histórico, sociológico, mas também de registro de saberes, o livro “Comunicação: Poética e Música Popular: Uma História do Carimbó no Marajó”, do pesquisador e músico paraense Marcello Gabbay, será lançado em dois eventos em Belém. Hoje, a partir

Um olhar histórico, sociológico, mas também de registro de saberes, o livro “Comunicação: Poética e Música Popular: Uma História do Carimbó no Marajó”, do pesquisador e músico paraense Marcello Gabbay, será lançado em dois eventos em Belém. Hoje, a partir das 17h30, no Núcleo de Conexões Ná Figueiredo, será exibido um minidocumentário baseado na pesquisa realizada por ele em Soure. E na quinta-feira, às 18h, ele faz o lançamento oficial do livro, na Livraria da Fox. As duas programações são abertas ao público.

A publicação é resultado de quatro anos de pesquisa, sendo a tese de Doutorado em Comunicação e Cultura do autor pela UFRJ, mas nem por isso se resume a um material acadêmico. “Apesar de se chamar ‘uma história do carimbó no Marajó’, minha pesquisa se baseou em Soure e a primeira metade do livro é a história dessa manifestação na cidade, abarcando 100 anos. Procurei dar uma linguagem mais literária a essa primeira parte. A segunda metade trata da parte mais sociológica mesmo”, explica Gabbay.

Ao visitar Soure, em 2012, o pesquisador contou com a colaboração de intelectuais do município, como Amélia Ribeiro, Anderson Costa, Ronaldo Guedes, Cilene Andrade e Aílton Favacho. “Anderson Costa, na época saxofonista, me levou até várias pessoas. O Arnaldo Guedes até hoje é responsável pela reunião dos mestres mais idosos”, comenta. E o livro é cheio de fontes orais, que, em muitos momentos, Gabbay considera de mesma importância que fontes bibliograficas. “Tem textos do [João de Jesus] Paes Loureiro sobre encantaria da linguagem, textos filosóficos que dado momento têm o mesmo peso das conversas com mestres...”, antecipa.

Entre os mestres ainda vivos, o pesquisador considera Diquinho o mais representativo do carimbó sourense. “A composição dele tem essa forma de carimbó chorado, romântico, influência das big bands, das bandas de rádio, do choro e do jazz. As letras tratam desse imaginário marajoara, da vaquejada, da pescaria, narrativas comológicas, as encantarias. Musicalmente, poeticamente, a música de Diquinho é a que mais sintetiza esse carimbó marajoara”, observa Gabbay. Gravado pelo grupo Cruzeirinho, Diquinho tem agora um trabalho com o grupo Tambores de Pacoval. “É um mestre que eu até recomendaria ouvir para quem quer conhecer o carimbó”, completa o pesquisador.

Mestre Diquinho (aqui acompanhado de Regatão) é síntese desse carimbó marajoara (Foto: Divulgação)

Um século dividido em três momentos

Ao abordar um século dessa manifestação cultural, Marcello Gabbay notou que sua trajetória no estado se dividia em três épocas: a dos terreiros, a dos conjuntos e a dos grupos. A primeira fase corresponde ao final do século 19, quando o carimbó ocorria em terreiros, campos, fazendas, visto como uma manifestação marginal pelos grandes senhores da terra. O segundo momento corresponde ao surgimento de conjuntos, que levam o carimbó dos terreiros e fazendas para tocar nas sedes de cidades como Cachoeira do Arari, Soure e Ponta de Pedras, ironicamente financiado por alguns fazendeiros, como Dita Acatauassú, que presenteou mestre Biri, outra referência do ritmo, com um clarinete.

Os anos 1980 são marcados pelo surgimento dos grupos que se unem visando a manutenção da cultura local, carregando consigo a responsabilidade de manter a prática do carimbó. Esta fase segue até hoje e marcada pelos grupos de dança que trafegam entre o atendimento aos turistas e a manutenção do antigo espírito dos terreiros em seus barracões de ensaio. É o caso do Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho, um dos mais atuantes de Soure. No livro, esta parte histórica é costurada pelas entrevistas, incluindo também fotos e fragmentos de músicas. “Procurei trazer essas letras pra que o leitor possa entender as paisagens dessa poética”, explica.

Ao mergulhar no carimbó de Soure, Gabbay explica que ele tem sua especificidades em comparação, por exemplo, ao carimbó da região do Salgado, que tem uma projeção maior atualmente. “O carimbó dos campos do Marajó é mais lento, arrastado, mais harmônico do que rítmico, tem uma presença maior do banjo. As letras são mais românticas, tanto no sentido amoroso, como o romantismo melancólico, que se volta ao passado. Tem uma ligação com o território também, falando das encantarias, do tocador, do pescador”, detalha sobre esse tal “carimbó mais chorado”. Mini Doc.

O lançamento do livro em Belém vai contar com uma sessão de cinema hoje, no espaço da Ná Figueiredo, onde Marcello Gabbay exibe um pouco de sua pesquisa em formato de minidocumentário. O material foi produzido apenas como forma de registro da pesquisa, para dar apoio a sua escrita posteriormente, mas acabou se tornando um belo material audiovisual.

“Eu fiz para documentar o trabalho e, quando acabei de escrever a tese, decidi editar o vídeo para mostrar no dia da defesa. Ele dá rosto, voz às personagens do livro”, conta. A câmera em alguns momentos é trêmula, mas com certeza é um bom aperitivo para querer conhecer de perto as histórias coletadas pelo pesquisador.


História

Exibição de minidoc sobre carimbó no Marajó e bate-papo com Marcello Gabbay
Quando: Hoje, às 17h30
Onde: Ná Figueiro (Gentil Bittencourt, 449 - Nazaré)
Quanto: Aberto ao público
Lançamento do livro “Comunicação: Poética e Música Popular: Uma História do Carimbó no Marajó”
Quando: Quinta, às 18h
Onde: Livraria da Fox (Dr. Moraes, 584 – Nazaré)
Quanto: Entrada franca. Livro à venda por R$ 70

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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