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MÚSICA

Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz é considerada a melhor de 2017

Dentro de um cenário nacional pouco favorável para as artes e com grande crise nos principais teatros do país, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) seguiu um caminho contrário e vê o que plantou gerar frutos e reconhecimento. Ela foi considerada

Dentro de um cenário nacional pouco favorável para as artes e com grande crise nos principais teatros do país, a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) seguiu um caminho contrário e vê o que plantou gerar frutos e reconhecimento. Ela foi considerada a melhor orquestra de 2017 pela revista “Movimento”, uma das principais publicações de música erudita do país. O crítico Leonardo Marques, autor desse balanço, destacou que desde que começou a fazer a retrospectiva anual, esta foi a primeira vez que uma orquestra superou a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.

O crítico já acompanha o trabalho da orquestra paraense há sete anos e diz que houve anos de grande desempenho e outros nem tanto. Mas que percebe uma evolução na sua qualidade musical, citando como exemplo a execução da ópera “Don Giovanni”, de Mozart, no Theatro da Paz, em setembro último. “O desempenho foi excelente tanto em termos de qualidade de som quanto articulação – integração entre os naipes de instrumentos. Foi o melhor dos sete anos que pude ver a orquestra”, avalia Marques.

O cenário nacional também contribuiu para deslocar o foco do Sudeste, lembrando que as orquestras das principais cidades do país, especialmente São Paulo, tiveram um ano complicado. “A orquestra do Rio só apresentou duas óperas no ano e os músicos estavam com salário atrasado. Em São Paulo, a administração do teatro passou por mudanças, e foram nove meses sem ópera nenhuma, teve troca de regente por um não especializado em ópera. Somado a tudo isso, assisti à OSTP apenas uma vez e ela foi impecável”, justifica.

Leonardo Marques começou a acompanhar o trabalho da OSTP em 2011, quando o maestro Miguel Campos Neto acabara de assumir o grupo, buscando uma reformulação de seu desempenho, em especial na execução de óperas. “A orquestra era vista como o ‘Calcanhar de Aquiles’ [das óperas montadas em Belém], os críticos elogiavam os autores, cenário, figurino, ‘mas a orquestra...’. Então passamos por uma reconstrução na área técnica e musical, elevando o nível da OSTP”, comenta o maestro.

Além de estar feliz por desbancar uma das maiores orquestras do país, Miguel destaca que a vitória é genuinamente paraense. “Qualquer uma das grandes orquestras do país, São Paulo, Minas, mesmo a de Manaus, são cheias de pessoas que são de outros estados ou países. A gente conseguiu fazer uma orquestra de nível nacional com músicos locais”, afirma sobre o grupo de 66 músicos que rege, dos quais apenas 3 não nasceram no Pará, hoje exportador de profissionais para o Brasil e exterior.

Alimentada por músicos vindos de projetos como o Vale Música, o Conservatório Carlos Gomes, as escolas de música das universidades federal e estadual do Pará, além de projetos musicais do interior do Estado, a OSTP pode ser considerada ainda um termômetro da qualidade do ensino da música no Pará. “Mostra que estamos no caminho certo”, afirma Miguel Campos Neto.

Os próximos 20 anos

A OSTP encerrou em dezembro as comemorações pelos seus 20 anos de criação, e para o maestro Miguel Campos Neto, ela começa agora o primeiro dos próximos 20 anos. “No cenário mundial, para uma orquestra, ela é muito jovem. Temos que ver como uma etapa que encerramos”, considera.

O plano para 2018 é pegar compositores difíceis como Gustav Mahler (1860-1911) e interpretá-los cada vez mais, “tornando o que hoje é possível em algo costumeiro”, diz ele, que pretende manter a média de 20 concertos anuais, mas expandindo o repertório e realizando mais concertos de câmara.

Executar “Ressurreição”, da Sinfonia Nº. 2 em Dó Menor, de Gustav Mahler em seu último concerto, inclusive, foi mais uma dessas grandes conquistas da OSTP em 2017. “Era uma sinfonia inédita em Belém, complexa e longa (uma hora e meia de música), o mais longo concerto da história da orquestra”, destaca.

Também foi assim quando a OSTP tocou as sinfonias Nº 4 e Nº 5, de Mahler, a sinfonia Nº 4 em Mi Bemol Maior, de Bruckner, “A Sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky, e a ópera “Salomé”, de Strauss – todas tocadas pela primeira vez em Belém. “Chegamos a um nível que estamos explorando novos repertórios e tudo o que a gente faz é a primeira vez em Belém, o que é inacreditável com tantos anos de música erudita no Pará e de história do Theatro da Paz”, diz Miguel Campos Neto.

Kézia Andrade foi considerada revelação por seu desempenho em “Don Giovanni” (Foto: Eliza Lima/Divulgação)

“Don Giovanni”e cantores também foram destaques

A montagem de “Don Giovanni” em Belém, classificada como um dramma giocoso - termo em italiano que ilustra a junção de cenas dramáticas e cômicas, em um só espetáculo - também recebeu destaques na retrospectiva da revista “Movimento”. Deu o título de melhor regente, para o maestro mineiro Silvio Viegas; de melhor cenário, pelo trabalho de Nicolás Boni; melhor direção cênica, para Mauro Wrona; e de cantores revelação, com destaque para o paulistano Anderson Barbosa, que fez o Commendatore, e a paraense Kézia Andrade, como Donna Elvira.

[Com toda formação no Pará, por meio do Conservatório Carlos Gomes e das universidades públicas do Estado, ter Kézia Andrade como revelação também pode ser considerado um reflexo do cenário da música erudita no Pará, que envolve também o canto lírico, as bandas sinfônicas e coros. “Quem conhece a história dos irmãos Nobre sabe que o Pará tem vocação para o canto lírico, é algo centenário, desde que o Theatro da Paz foi construído. Nossos cantores são destaques nacionais e internacionais, entre eles, Atalla Ayan, Adriane Queiroz, Carmen Monarcha. É possível fazer ópera no Pará com qualidade e com as nossas forças”, diz Miguel Campos Neto.

Kézia recebeu a menção com surpresa e felicidade. “Me sinto alegre pelo reconhecimento do nosso trabalho, esforço, dos anos de estudo. É um presente que me dá expectativa para o futuro, incentivo a mais para continuar nessa carreira que não é nada fácil”, diz ela, que há três anos atua como solista em concertos e recitais junto à OSTP. A cantora também já se prepara para várias apresentações em 2018, incluindo uma personagem na ópera “La Bohème”, de Giacomo Puccini, dentro do festival “Encanta”, organizado pelo projeto “Ópera Estúdio”, do Conservatório Carlos Gomes, onde ela trabalha atualmente.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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