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MÚSICA

Mestre Vieira completa hoje 83 anos mantendo o amor à guitarra

Os passos pelo corredor que dá acesso ao estúdio de ensaio são lentos. Aquela camisa trazida especialmente para as fotos precisou de uma ajudinha para ser vestida. Perguntas feitas em voz baixa já não são captadas muito bem e, na esperteza, ele deduz por

Os passos pelo corredor que dá acesso ao estúdio de ensaio são lentos. Aquela camisa trazida especialmente para as fotos precisou de uma ajudinha para ser vestida. Perguntas feitas em voz baixa já não são captadas muito bem e, na esperteza, ele deduz por uma palavra ou outra o que precisa responder à reportagem. Mas, já sentado no estúdio, guitarra colocada em seu colo, ele não perde o tempo da música ou nota e, quando a banda base menos espera, no final da música, ele improvisa um dedilhado que faz o experiente colega baixista arregalar os olhos. Isso é ser um mestre, o insubstituível continua ali.

“Eu espero continuar tocando ainda muito tempo…”, diz Mestre Vieira. “Embora a gente esteja igual um gengibre encolhido (risos)”, ele emenda, brincando com o amigo Mestre Solano, também presente no ensaio, registrado na véspera da volta dele aos palcos, no último dia 19, quando se apresentou junto a Solano, ao violonista Sebastião Tapajós e também Mestre Laurentino da Gaita no Teatro do Sesi.

Há quase um ano afastado dos palcos para o tratamento de um câncer de próstata, Vieira está feliz de reencontrar seu público, mesmo que devagar. “Senti demais, senti muita falta (dos palcos) porque não podia me levantar. Então isso aqui é uma glória”, diz ele.

Nascido Joaquim de Lima Vieira, no dia 29 de outubro de 1934, em Barcarena, Mestre Vieira completa hoje 83 anos de uma vida desde o início permeada pela música. “Tenho 50 anos só de guitarra, porque eu tocava bandolim, banjo, por 30 anos. Gravei 14 LPs, oito CDs, é uma satisfação ainda estar agindo”, afirma.

Músico autodidata, Vieira começou com o banjo, aos cinco anos de idade. Como ele bem lembra, depois vieram o cavaquinho, o bandolim e o violão, até ele se apaixonar pela guitarra.

Reconhecido como o criador da guitarrada, Vieira volta aos palcos paraenses depois de alguns shows no Rio de Janeiro, como participação especial no aniversário de cinco anos da banda carioca Noites do Norte, com quem acaba de gravar um clipe. O músico também tocou, recentemente, no encerramento da etapa Niterói do projeto “Territórios da Arte - Interculturalidades”, da Universidade Federal Fluminense e Funarte. “Eu estava mais sossegado, doente um ano e seis meses, mas estou aqui fazendo a vontade do povo e mostrando o que é nosso. Vamos mostrar o que é música de qualidade”, diz ele, não muito agradado da zoada da música de batida eletrônica.

E Vieira se diz feliz com o sucesso que a guitarrada tem feito tão longe do Pará. “A gente se reuniu em Niterói e a guitarrada é grande lá agora, todo mundo quer tocar, o teatro lotou, o pessoal tudo dançando”, orgulha-se. Perguntado se do alto dos seus 83 anos ainda faz muita inveja para essa nova geração, ele não se faz de modesto.

“Acredito que sim, tem muita gente que tem vontade de tocar guitarra e não consegue. Sempre falo nos shows que eu gostaria que os jovens seguissem nosso caminho, tanto meu como o do Solano. Embora não tocasse mais (durante o tratamento), estava ouvindo tocarem. Lá em Barcarena já tem muitos jovens de 12, 13 anos que tocam bem”, observa.

Documentário aborda vida do mestre

Mestre Vieira não é só uma referência para a música, o jeito simpático e a relação com sua primeira banda foram inspiração para a série de animação “Os Dinâmicos”, projeto vencedor de edital financiado pela linha Prodav da Ancine, com exibição prevista nas TVs públicas, comunitárias e universitárias. A série de 13 episódios tem como inspiração a obra musical dele com a banda Vieira e Seu Conjunto. Num universo cheio de aventura e lendas, a cada chamado de uma criança eles se transformam em “Os Dinâmicos”, cada um com seu superpoder.

Com “seu conjunto”, Vieira gravou vários LPs entre os anos 1970 e 1990. A volta à ativa ocorreu em 2011, após 37 anos sem tocar. O reencontro rendeu vários shows, incluindo a gravação do DVD “50 Anos de Guitarrada”, que registra grandes sucessos e inéditas do mestre, além do álbum mais recente, “Guitarreiro do Mundo”.

Assim como ocorreu com outros trabalhos, este o levou para vários países. “Já conheço um bocado do exterior… Inglaterra, Alemanha, África do Sul. Só que eles não são iguais a nós, não sabem dançar, só pular (risos), mas, graças a Deus, foi sucesso”, lembra ele.

Vieira também é o foco do documentário “Coisa Maravilha, a Invenção da Guitarrada”, dirigido por Luciana Medeiros, que está em fase de finalização.

(Laís Azevedo/Diário do Pará)

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