Em recente homenagem ao Tropicalismo, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Tom Zé, o inquieto baiano, nos lembrou desse grande manifesto-cultural-anárquico dos anos 1967 e 1968. Não foi apenas uma insurreição no campo da música, mas também uma revolução estético-comportamental.
“A Tropicália era a busca de uma síntese de ideias totalmente contraditórias”, resumiu o escritor, artista gráfico e intelectual Rogério Duarte (1939 – 2016), um dos criadores da Tropicália. A declaração foi feita no documentário homônimo do movimento, lançado por Marcelo Machado em 2012.
Cena do filme “Tropicália”, trazendo o psiquiatra Paulo Gaudêncio (1934 – 2017) discutindo o comportamento dos jovens na relação com os pais, a partir do movimento tropicalista, com palinha dos Mutantes…
E era mesmo. Porque, inconscientemente, o movimento nasceria da inquietação e insatisfação de um grupo de artistas rebeldes ousados e anárquicos — nada satisfeitos com os rumos do país. Hoje, a nação está uma esculhambação geral, chafurdada em “podres poderes”, e a classe artística parece inerte.
Das artes plásticas para a música
Nos anos 1960, não. A insatisfação com a política e censura era diluída num clima agonizante que se transformava em desabafo camuflado, a partir da realização de projetos artísticos viscerais como a montagem atualizada do debochado texto de Oswald de Andrade, “O Rei da Vela”, e o convulsivo filme de Glauber Rocha, “Terra em Transe”.
“‘Tropicália’ não era apenas o título de uma obra, mas uma posição estética diante das coisas”, endossaria Oiticica.
Com a expressão “Tropicalismo” e ideias do movimento lançados por Nelson Motta e o poeta Torquato Neto, não demoraria muito para a teoria passar à prática com obras que fariam história na música brasileira.
Fonte: Metropoles
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