Concorrente do MasterChef rebate críticas a roupas

Uma das participantes do MasterChef, Caroline Martins, recebeu críticas no Twitter por causa das roupas e dos calçados. Alguns internautas atentaram para o fato de a concorrente usar “o mesmo vestido” e a “mesma bota”. Caroline então resolveu elucidar a questão com um texto no Facebook sobre desapego e consumismo.

Na resposta, publicada nesta quarta-feira (19), Caroline conta que, desde a infância e adolescência, acreditou que a sociedade só iria a aceitar se ela estivesse dentro de certos padrões: peso considerado ideal; cabelos bonitos; e sempre bem vestida.

A participante conta que, desde então, começou a gastar o pouco dinheiro que tinha em dietas e compras de roupas no cartão.

“Assim foi ditado, também, os meus 20 anos. Chapinha nos cabelos toda manhã para ir a faculdade. Maquiagem para esconder as olheiras. Unhas pintadas e cutículas aparadas. Dieta 24 horas por dia. E as roupas? Sapatos? Mesmo vivendo com pouco durante a faculdade, sempre achava uma forma de comprar roupas novas a cada visita ao shopping. Cartão Marisa: check! Cartão C&A: check! Cartão Renner: check! Inúmeros carnês de lojas populares, típicas de centrão de cidade do interior”, relatou Caroline.

Ela conta que os padrões continuaram mesmo depois de formada. Enquanto estudava mestrado e, posteriormente, doutorado, ela sempre tentava se enquadrar em estilos que achava ser os mais adequados socialmente.

No entanto, ela começou a notar que essa busca incessante fazia com que ela quase sempre estivesse com pouco dinheiro para fazer qualquer outra coisa.

“No doutorado mudei para uma cidade maior, amigos diferentes, ambiente diferente, pagamento maior, e como acreditava que o meu valor era ditado pela minha aparência: dá-lhe mega hair nos cabelos, dá-lhe mais dietas, dá-lhe Carmem Steffens, dá-lhe Mr. Office, dá-lhe Zara. Cartão de crédito sempre estourado. Sempre sem dinheiro. Viagem com os amigos? Não posso. Dinheiro para um bom vinho? Não tenho. Tickets para assistir show das minha bandas favoritas? Não posso comprar. Dinheiro para comer em um bom restaurante? Não tenho.

O que eu tinha? Muitas roupas, muitos calçados, cintura 36, cabelos longos e sedosos, maquiagem top pra rebocar meu rosto”, escreveu a participante.

Ela conta que só conseguiu mudar esses padrões quando foi fazer pós-doutorado nos Estados Unidos levando apenas uma mala com “6 trocas de roupa e 2 pares de calçados”. E ela usaria apenas isso durante seis meses.

“Nas primeiras semanas de trabalho eu ficava com medo das pessoas notarem que eu sempre usava as mesmas roupas. Na portaria do meu dormitório tinha medo até mesmo do porteiro notar. Sabe o que aconteceu? Ninguém notou. Em seis meses ninguém reparou as repetições das minha roupas ou dos sapatos. Ou se notaram, não verbalizaram”, relatou Caroline.

“Depois de 6 meses percebi que todas as minha neuras não mais faziam sentido. Percebi que as pessoas que gostaria que ficassem ao meu lado, não se baseariam apenas no que visto e no que calço. Se baseariam em suas afinidades para comigo.

Pela primeira vez experimentei a sensação de liberdade. Liberdade pois sei que carregava comigo somente o necessário, nada de excessos. Liberdade pois talvez eu não seja delimitada apenas pela minha aparência. Liberdade pois agora, finalmente, tinha dinheiro e limite no cartão para fazer tudo que realmente gosto”, continuou a participante.

Até a tarde desta quinta-feira (20), a postagem já tinha quase 5 mil curtidas e mais de mil compartilhamentos.

Veja a publicação na íntegra.

(DOL)