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Estudantes da Marambaia fazem exposição de fotografia

Propor uma reflexão crítica do cotidiano a partir da fotografia documental é o que pretende a 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco”, que será realizada hoje, a partir de 16h, no Teatro Estação Gasômetro, com entrada gratuita. Inspiradas no Pr

Propor uma reflexão crítica do cotidiano a partir da fotografia documental é o que pretende a 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco”, que será realizada hoje, a partir de 16h, no Teatro Estação Gasômetro, com entrada gratuita. Inspiradas no Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, depois de visitar as exposições, 70 estudantes do 1º ano do ensino médio e do 9º ano do ensino fundamental da Escola de Ensino Médio e Fundamental Cornélio de Barros, no bairro da Marambaia, produziram fotografias de suas vivências, a partir de suas próprias observações do entorno da escola. Trinta deles foram selecionados para participarem da mostra fotográfica, idealizada pelo professor de artes José Carlos Silveira.

Amante da fotografia, José Carlos diz que começou a trabalhar o tempo com base nessas visitas às mostras do Prêmio Diário. O projeto teve início no ano passado, dentro da própria escola. Este ano, a mostra ganhou uma dimensão maior, com espaço e pompa de galeria. “As instalações da mostra neste ano serão no Gasômetro, o que demonstra que o evento cresceu. O que é mais importante do projeto é o público perceber que os alunos tiveram um trabalho de observação espetacular da realidade onde vivem. Que por trás de toda essa violência tem um pôr do sol, ou por trás da violência urbana, do descaso, tem algo de belo nesse cenário. Sempre digo para eles que devem imaginar a poesia mesmo com a decadência incrustada, mesmo sem o saneamento básico, segurança ou saúde necessários nas nossas vidas, tem algo que eles consigam retratar. Apesar de todas as dificuldades, eles podem mostrar isso”, relata.

O processo dos estudantes iniciou no primeiro semestre deste ano, com as visitações às mostras do Prêmio Diário. Longe de todos os aparatos supertecnológicos, os alunos utilizaram os próprios telefones celulares, que foram personificados pela poética da imagem, conta o professor. “Na sala de aula, os aparelhos são proibidos e o uso deles acabou sendo um recurso didático. E pode ser um potencial artístico, que pode ser fotografar coisas comuns, mas com olhar da poesia”, considera.

Da primeira mostra da escola para esta, o docente diz que o crescimento dos alunos é perceptível no trabalho com as imagens em preto e branco e com a proposta da fotografia documental. “No ano passado, retratamos rostos na exposição ‘Retratos em Preto e Branco: a Face do Homem da Marambaia’. As pessoas não foram identificadas, mas queriam mostrar essa cara desnuda do ser. Diferente daquela experiência, neste ano, eles tiveram uma leitura importante. Numa delas, um personagem do bairro está em frente a um muro onde está escrito ‘proibido roubar na comunidade’ e logo em seguida tem uma sigla de uma facção criminosa. Isso choca e faz o aluno perceber onde vive, dá a ele uma dimensão onde está inserido. Essa é que é a proposta do projeto, mostrar para eles que ninguém vive sem memória, da família, do bairro. A fotografia pode servir como documento e faz parte do patrimônio deles. Pode servir de registro visual ou ainda para arquivar”, comenta.

FRUTO DAS AÇÕES EDUCATIVAS

A foto selecionada que será premiada na 2ª Mostra Fotográfica “Retratos em Preto e Branco” é do estudante Rickson Garcia. O professor conta que os critérios que permearam sua escolha tem a ver com os elementos e linguagem utilizada na imagem, em preto e branco.

“A foto do Rickson passou a mensagem que eu queria, retratou esse cotidiano urbano, a ausência do poder público. O lado negro e o lado branco. O lado negro é a insegurança, a criminalidade no bairro, as mortes que acometem o bairro, a violência. O branco, é que mesmo diante deste cenário, o sonho dele é tirar o ensino médio e se formar e ser alguém na vida, buscando a paz em primeiro lugar”, detalha.

Há nove anos, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia tem em sua dinâmica o agendamento de visitas de estudantes de escolas públicas. O projeto, apoiado desde o início pela Vale, disponibiliza um ônibus para a escola em dois turnos, um pela manhã e outro à tarde.

“Esse é o segundo ano que a escola faz essa exposição. Eu pude ir lá no ano passado. É muito legal ver os professores trabalhando o Diário Contemporâneo e tendo um víeis educativo, e não fazendo só um passeio às exposições, mas propondo exercícios em sala de aula, como é o caso dessa mostra. É um trabalho feito pelos próprios alunos, de um olhar deles. O resultado é surpreendente”, avalia o coordenador educativo do Prêmio Diário, Rodrigo José Correia.

Em 2019, quando o projeto completa dez anos, as ações educativas devem manter sua relevância dentro do Prêmio. “A fotografia trazendo para sala de aula a discussão a respeito da identidade, dos alunos começarem a se enxergar nessa realidade. A grande função da fotografia é essa, de trazer discussões a respeito de si e do contexto que a gente está inserido. É muito importante e gratificante ver esse desdobramento do Prêmio. Seria bom se outros professores levassem essa experiência para sala de aula, que assimilassem essa arte como essencial para a vida de seus alunos”, deseja Rodrigo.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

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