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Festival de Cinema de Cametá exibe produções paraenses ou filmadas no Pará

O município de Cametá, no Baixo Tocantins, no Pará, recebe neste fim de semana o Festival de Cinema que ocorre pela segunda vez na região. Na programação, 21 produções audiovisuais inéditas na cidade, realizadas por cineastas paraenses ou filmadas em solo

O município de Cametá, no Baixo Tocantins, no Pará, recebe neste fim de semana o Festival de Cinema que ocorre pela segunda vez na região. Na programação, 21 produções audiovisuais inéditas na cidade, realizadas por cineastas paraenses ou filmadas em solo paraense. As exibições ocorrem nas praças principais do município, ao ar livre, com acesso gratuito.

Localizada às margens do rio Tocantins, Cametá foi fundada no século 17, e não possui salas de cinema. A mostra de audiovisuais, com o Festival de Cinema de Cametá, surge com a proposta de democratizar as exibições das telonas, sempre tidas como glamurosas demais nos circuitos comerciais, como explica a curadora do festival, Zahy Tata Puranguete. “Cametá é um lugar muito bonito e de uma cultura popular extraordinária, com destaque para grandes nomes da região, mas que nunca tiveram suas vidas documentadas. Queremos dizer para essas pessoas que é possível ter acesso a essa realidade e ainda despertar nesse indivíduo o sonho de fazer cinema”, diz.

Zahy é paraense. Nasceu em Monte Alegre, próximo a Santarém, no Baixo Amazonas. Sempre sonhou com a vida de cineasta e foi estudar no Rio de Janeiro, na Escola Darcy Ribeiro. Ela conta que é uma apaixonada pelo cinema e é isso que ela quer semear com a programação em Cametá. “Temos a pretensão de ampliar o festival e realizá-lo em mais dias, levar esses filmes para outros lugares do Pará para sensibilizar para essa cultura tão linda que é o cinema”, planeja.

TODAS AS IDADES

Para a programação dos dias 21, sábado, e 22, domingo, os filmes foram escolhidos para contemplar a todos os gostos e idades. “A gente quer que esse festival abranja o maior público possível. As exibições serão nas praças, bem na beira do rio, ventilado, agradável, ao ar livre”, diz Zahy.

Dos 60 filmes recebidos para a mostra, foram selecionadas 21 produções para serem exibidas nos dois dias do evento. Para Zahy, foi um enorme desafio fazer essa seleção, por conta da alta qualidade. “O Pará é lindo e tem tanta coisa aqui para se filmar. Não é preciso que venha gente de fora para filmar e contar a nossa história. O paraense tem capacidade de fazer cinema e de contar boas histórias, a partir de sua própria realidade e vivência”, afirma.

Uma prova disso, como Zahy destaca, é o documentário “Marambiré”, que será exibido no domingo. O filme do diretor quilombola André dos Santos foi premiado com uma menção honrosa no Festival de Cannes, na França, em maio deste ano. A narrativa fala manifestação religiosa que faz referência aos antigos reinados da África Central, e mostra a importância dessa cultura para as comunidades quilombolas paraenses. “É muito bonito, com uma boa fotografia, mostra as danças, as tradições e ritos dos africanos. É uma forma de resistência do povo negro e uma forma de manter viva a cultura desse povo, porque vieram como escravos e mesmo assim conseguiram manter a tradição e a identidade cultural, além de passar para as outras gerações”, elogia a curadora do festival.

André dos Santos também conquistou uma premiação no Festival de Cannes com outro documentário, “Samba de Cacete - Alvorada Quilombola”, no ano passado, que recebeu destaque na primeira edição do Festival de Cametá.

Cultura popular na tela


(Foto: divulgação)

Radicado nos Estados Unidos, o paraense Rudá Miranda também faz parte da geração de cineastas que contribuem com a produção local. No documentário “Tambatajá de Marri”, Rudá conta a história de amor entre um jornalista carioca e um pescador, oriundo de Colares, no Pará. “A ficção é toda feita de atores paraenses e fala de um assunto bem atual, que é a diversidade sexual, com o caso de amor entre dois homens. Ele, um carioca que está cansado da vida no Rio de Janeiro e vem para a Amazônia se encontrar e ter um contato com a natureza. Lá em Colares, ele conhece um caboclo chamado ‘Gente Boa’. Esse fil- me só foi exibido na Ca- PROGRAMAÇÃO lifórnia, nos Estados Unidos”, descreve a curadora. Durante a programação, algumas pessoas que fizeram parte dos filmes também foram convidadas a prestigiar as exibições. Figura folclórica de Cametá, o “Engole Cobra” é uma delas. Ele - na verdade Alchimedes Vital Batista -, fundador do grupo de banguê ecológico “Engole Cobra”, cujas letras falam do imaginário ribeirinho, defendem a natureza e denunciam a corrupção, está no filme “Sonoridades e Memórias do Rio Tocantins”, dirigido por Paulo Castro, e que será exibido no sábado. O documentário tem duração de 6 minutos e reúne memórias, músicas e performances do mestre.

Outra participação deve ser de Mestre Zenóbio, conhecido por manter os famosos cordões de bichos de Cametá, que saem em cortejo pela cidade, com as pessoas vestidas como jacaré, cobra e outros animais.

Sua trajetória é mostrada no documentário “Mestre Zenóbio e a Bicharada no Rio Furtado”, apresentado também no sábado. Definido como um road movie, o documentário dirigido por Matheus Almeida apresenta as paisagens da região onde o cordão carnavalesco da Bicharada, fundado em 1975 por Mestre Zenóbio, como uma espécie de cordão de mascarados, se apresentava pelas ilhas do rio Tocantins.

O festival ainda exibe filmes como “A Revolta Cabana”, documentário histórico de Renato Barbieri; “Catadores de Sonhos”, da jornalista Úrsula Vidal, sobre a vida dos catadores que trabalham no segundo maior lixão do Brasil, o Aterro do Aurá; “Mestres Praianos”, do diretor Artur Arias, todo rodado na ilha de Algodoal, narrando a vida e morte do mestre de carimbó Chico Braga; e “Covato - Desenterre Seus Segredos”, ficção baseada em fatos reais do santareno Emanoel Franklin.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

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