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'Vestidos' de lama, cerca de 17 mil foliões curtiram o 1º dia do bloco Pretinhos do Mangue

No município de Curuçá, distante 132 km de Belém, a folia de Carnaval começa com a busca pelo ‘abadá’. Descendo ladeira abaixo até o mangue, o principal ‘adereço’ é encontrado em abundância na natureza. Depois de ter o corpo todo revestido pela lama espes

No município de Curuçá, distante 132 km de Belém, a folia de Carnaval começa com a busca pelo ‘abadá’. Descendo ladeira abaixo até o mangue, o principal ‘adereço’ é encontrado em abundância na natureza. Depois de ter o corpo todo revestido pela lama espessa, é hora de fazer o caminho inverso e curtir o “Pretinhos do Mangue”. Com 29 anos de tradição, o bloco levou mais de 17 mil brincantes às ruas na tarde de ontem.

Ainda sob o ritmo do carimbó, tocado logo na entrada do Portal dos Pretinhos do Mangue, os brincantes começaram o ritual com o sol ainda alto no céu. Cada um à sua maneira. Crianças, adultos e idosos buscavam a lama do mangue para cobrir o corpo. Valia esfregar a lama calmamente com as mãos, abraçar o amigo já lambuzado ou mesmo se ‘mergulhar’ no chão.

Já encoberta de cinza, a dona de casa Eliana de Jesus, 48 anos, aproveitava a energia da lama do mangue para espantar qualquer resquício de tristeza. Carnaval, para ela, é tempo de renovar a alegria e o prazer na vida. “É gostoso sentir a emoção de quando a gente passa a lama”, diz. “Se você está um pouco triste, vem para cá e é tomado pela alegria, pela brincadeira sem violência, sem briga...”.

Bloco Pretinhos do Mangue já tem 29 anos de tradição e cada vez atrai mais foliões, que enchem as ruas de Curuçá de alegria (Foto: Irene Almeida)


Antes de cair na folia, brincantes foram até o mangue se cobrir de lama (Foto: Irene Almeida)

Foliões eram só animação (Foto: Irene Almeida)

Grupo apostou no desenho animado Smurfs para curtir o bloco (Foto: Irene Almeida)

Ainda que a multidão na beira do mangue só crescesse, o sentimento emanado era realmente de grande confraternização. A alegria dos que já se encontravam ‘vestidos’ pela lama contagiava até mesmo quem jurava que não se sujaria.

Chegada de Belém especialmente para conhecer o carnaval de Curuçá, a dona de casa Carmem Miranda, 58 anos, bem que tentou resistir, mas acabou sucumbindo à vontade de se sujar com a lama. Foram necessários apenas alguns minutos de observação para que ela também já estivesse em meio ao manguezal. “Se não experimentar, não sabe contar como é de verdade. Tem de vir e viver tudo que o que tiver para viver.”

Carmem acompanhava a filha Aline Miranda, 32 anos. Diferente da mãe, a funcionária pública teve certeza, desde o primeiro instante que chegou a Curuçá, de que ia se encobrir de cinza. No oitavo mês de gestação, Aline aproveitou ao máximo a última folia antes do nascimento da primeira filha, a Ariela. “Ela está participando de tudo, mesmo na barriga. Ela está sentindo a energia. Desde que cheguei ela não para de mexer”.

Enquanto alguns experimentavam a sensação pela primeira vez, o curuçaense Antônio Macedo, 79, fazia questão de demonstrar o costume de anos como brincante do “Pretinhos do Mangue”. Além da lama, o feirante levava no corpo um cordão com cerca de 30 caranguejos, todos vivos. “O Carnaval de Curuçá representa tudo para mim. É uma festa sadia que todos brincam com respeito não só com as pessoas, mas com a natureza também.”

"Se você está um pouco triste, vem para cá e é tomado pela alegria, pela brincadeira sem violência, sem briga”, Eliana de Jesus, Dona da casa (Foto: Irene Almeida)

DESFILE

O morador principal do mangue, o caranguejo, também reinou no alto de um dos cinco carros que acompanharam os brincantes já no desfile pelas ruas do município. Medindo 4 metros de comprimento, o caranguejo se movimentou por todo o trajeto. Junto ao grande personagem, uma mensagem lembrava o motivo que levou ao surgimento de toda aquela folia: “Proteja nossos rios e mangues”.

Presidente do bloco, Edmilson Campos lembra que o bloco surgiu como forma de protesto contra a falta do caranguejo no município e, desde então, reforça o compromisso com a preservação da natureza. “Em um dos carros que segue com o bloco, a gente serve peixe assado, mexilhão e caranguejo para os brincantes, reforçando a riqueza que o mangue pode proporcionar.”

SERVIÇO: TEM MAIS NESTA TERÇA

Quem perdeu a chance de conhecer o “Pretinhos do Mangue” terá mais uma oportunidade neste ano. O bloco sai novamente pelas ruas de Curuçá nesta terça-feira de Carnaval (13).

PATRIMÔNIO

O bloco “Pretinhos do Mangue” é Patrimônio Cultural do Estado do Pará desde 2010.

(Cíntia Magno/Diário do Pará)

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