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Obras contempladas pelo Prêmio Sesc de Literatura são lançadas hoje na capital paraense

O jeito manso da vida do interior da Amazônia foi transformado em contos por João Meirelles, ativista e empreendedor social, de forma puramente intuitiva e sem pretensão de estilo ou conteúdo. À medida que sua experiência de 20 anos à frente da ON

O jeito manso da vida do interior da Amazônia foi transformado em contos por João Meirelles, ativista e empreendedor social, de forma puramente intuitiva e sem pretensão de estilo ou conteúdo. À medida que sua experiência de 20 anos à frente da ONG Instituto Peabiru o levava cada vez mais para dentro da mata, ele passava também, além de atuar com projetos ambientais, a observar a experiência com o outro e com a natureza, em meio a ribeirinhos e povos tradicionais. Daí, passou a anotar as memórias de forma ficcional, o que ele não era habituado a fazer. Dessa imersão em narrativas e conversas, escreveu o livro “Abridor de Letras”, vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2017, na categoria Conto. Na categoria Romance, o vencedor do certame foi o potiguar José Almeida Júnior, com “Última hora”.

Publicadas pela Editora Record, o lançamento das obras em Belém ocorre hoje, às 19h, no Centro Cultural Sesc Boulevard, com a participação dos escritores. A noite terá ainda leitura dramática dos livros com Ester Sá e Jorge Ney. Para João Meirelles, acostumado a redigir textos burocráticos para a instituição que tem um grande engajamento socioambiental, a vitória foi uma surpresa. “Nunca tinha escrito contos e, quando decidi me inscrever no prêmio, não tinha o livro pronto ainda, faltava concluir alguns trechos. Talvez este tenha sido o momento de terminá-lo e estou feliz com a premiação. Os contos são totalmente dedicados à cultura ribeirinha e, apesar de eu não ser um ribeirinho, convivo com essas pessoas há muitos anos. Agora trabalhei em cima disso com essa linguagem ficcional”, conta.

A publicação traz “causos” de mistério, humor, fantasia e temas do cotidiano no ambiente amazônico, mas também passeia pelo cerrado, pela caatinga e pelo pantanal, com linguagem típica dos moradores do interior dessas regiões. A opção do autor não foi explorar esses temas a partir do exotismo alegórico ao qual estamos acostumados a ler, tampouco apontar a vida dos personagens de forma caricata. Ele também buscou fugir da tradição literária do regionalismo, afirmando que a própria dinâmica da escritura dos contos não permitiu tal proposta. “Pude ser mais poético e criativo”, adianta.

“Os textos foram surgindo, senti necessidade de escrever, e eles trazem a questão do imaginário amazônico não sendo folclórico nem regionalista. Não é esse meu olhar. Escrevo sobre a Amazônia de uma maneira delicada, sem forçar. Os contos se passam no Marajó, Belém, Barcarena e os textos não se relacionam entre si. Procurei escrever sobre as pessoas invisíveis e mostrar que existe vida nesses lugares, no sentido de esperança. Os personagens são mostrados no seu dia a dia, de vida simples. É um pouco parecido ao papel que me proponho na ONG, de facilitador. O livro é uma ponte”, revela João Meirelles.

Premiação divulga novos autores brasileiros com trabalhos inéditos

A técnica em Literatura do Sesc Boulevard, em Belém, Cleo Oliveira, comemora um ineditismo: em 14 anos do Prêmio Sesc de Literatura, que é voltado para autores novos e que ainda não têm títulos publicados, esta é a primeira vez que uma obra representando o Pará vence a categoria conto. Na categoria romance, o paraense Arthur Cecim levou a premiação nacional em 2011.

“Hoje esse prêmio é um dos maiores do Brasil e busca divulgar novos escritores. Para nós, que trabalhamos com cultura, é um grande incentivo para que nossos escritores sejam divulgados, afinal temos poucas editoras aqui fortalecendo a nossa produção literária”, diz.

Cleo explica que a obra passou por uma comissão local, formada por autores como Marcílio Costa e Vasco Cavalcante, e depois foi enviada a uma comissão nacional, que escolheu “O Abridor de Letras” e “Última Hora”. “Ficamos muito contentes! É a primeira vez que ele [João Meirelles] participa de um concurso literário”, festeja.

Em um dos contos de “O Abridor de Letras”, João Meirelles aborda a vida de estudantes que fazem o percurso de barco de Belém para Barcarena e, no meio da viagem, vivem um acontecimento sobrenatural. Em outro texto, uma menina que mora em uma ilha passeia pela capital para conhecer as festas da cidade e, noutro, o movimento de mulheres da Ilha de Cotijuba é citado, bem como as mudanças do clima no Marajó, com toques de suspense.

“Os aspectos da cultura ribeirinha me atraem muito, sou fascinado. Tudo se passa no interior, a minha escrita não tem essa questão da urbanidade. Vejo um grande Brasil interior, profundo. Os personagens das histórias passam de um espaço para outro naturalmente, com características de uma gente verdadeira, autêntica, simples, real. Acho que tem pouca gente falando disso nesse tom. Percebo sempre uma escrita autobiográfica e referenciada, muito urbana. Eu olho outras coisas, meu caminho é mais fluvial e menos na rua. A água é importante, tem movimentos de ir e voltar, e sinto isso nesse livro”, avalia o autor.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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