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Livro resgata desenhos feitos por índios no século 18

O guará, uma das aves reproduzidas no livro (Foto: Acervo do museu de história natural da França) Na capa, o pavãozinho-do-pará, uma pequena ave de penas exuberantes, e ao longo das páginas vão surgindo vários tipos de papagaios, araras, o urubu-rei. Des

O guará, uma das aves reproduzidas no livro (Foto: Acervo do museu de história natural da França)

Na capa, o pavãozinho-do-pará, uma pequena ave de penas exuberantes, e ao longo das páginas vão surgindo vários tipos de papagaios, araras, o urubu-rei. Desenhos feitos pelos meninos índios de Belém do século 18, que estão no acervo do Museu de História Natural da França, em Paris, eles serão agora conhecidos pelo grande público por meio da publicação de “As Aves do Pará”, uma realização do Fórum Landi e Aliança Francesa de Belém, com o apoio da Embaixada da França no Brasil. O lançamento ocorre na quinta-feira, 7, 19h, na Aliança Francesa, com palestra do coordenador científico da obra, Nelson Papavero.

O diretor do Fórum Landi, Flávio Nassar, destaca que todo esse material foi produzido pelos índios sob coordenação de uma figura até então pouco conhecida no Pará, Dom Lourenço Álvares Roxo de Potflis, ou apenas padre Roxo. Filho de um francês, ele era o responsável pelo coro da capital, do qual participavam crianças indígenas.

“Os missionários viram que não conseguiram ‘endireitar’ os grandes e passaram a cuidar dos índios pequenos para já ser educado na cultura ocidental, cristã”, explica. E possivelmente esses mesmos índios foram responsáveis pelo desenhos das aves, que faziam parte de um grande projeto de história natural. “Durante uma estada em Belém, o padre francês naturalista La Condamine conheceu o padre Roxo e ficou encantado com o conhecimento dele. Na volta para a França, indicou o padre Roxo para ser membro correspondente da Academia de Ciências da França”, conta Nassar. O objetivo era realizar um grande apanhado da fauna, flora e minerais do então estado do Grão-Pará.

Dentro do projeto de publicação sobre a história natural da região, padre Roxo fez o primeiro conjunto de obras, que foram os desenhos das aves, enviados para o Museu de História Natural da França. Adormecidos por séculos no acervo da instituição, há uma década um conjunto de pesquisadores – do qual fazia parte Nelson Papavero, um dos principais expoentes da zoologia brasileira – tomou conhecimento deles e começou a traduzir os manuscritos, observar e analisar os desenhos.

“Foi assim até que um dia o professor Papavero me mostrou isso dizendo que era uma grande obra para o Pará. Me empolguei com o material, com a belíssima capacidade de observação dos índios trabalhando em colaboração com a tentativa dos naturalistas, incluindo o padre Roxo, de sistematizar o conhecimento sobre a região. É uma união muito interessante”, considera Nassar. Do interesse até a publicação este ano foram 10 anos buscando recursos e maneiras de tornar o projeto real.

O resultado é um livro com mais de 60 espécies, incluindo aves como o gavião real (aquele presente no brasão do Estado do Pará), além de aves como socó, bem-te-vi, tem-tem, maguary, urubu-rei e japini. “É um grande inventário com desenhos riquíssimos em detalhes anatômicos dos pássaros, o que permite a classificação até ao nível de espécie”, explica Nassar.

Bem-te-vi (Foto: Acervo do museu de história natural da França)

Periquito (Foto: Acervo do museu de história natural da França)

Vacavãa (Foto: Acervo do museu de história natural da França)

Conjunto de aves do Pará (Foto: Acervo do museu de história natural da França)

Ilustrações trazem riqueza nos detalhes

Os desenhos presentes em “As Aves do Pará” foram feitos em papel fabricado artesanalmente utilizando técnicas europeias consagradas como aquarelas, guache e nanquim. Algumas representações são excelentes do ponto de vista artístico, como o pavãozinho-do-pará, que ilustra a capa; outras não têm preocupações com perspectiva ou padrões tão altos como os dos desenhistas europeus contemporâneos. Mas todas têm a característica essencial de trazer todos os detalhes anatômicos das aves, já que os índios reproduziram desde a variação de cordas penas, até o formato do bico, a cor dos olhos e a forma das unhas de cada ave.

“Nesse sentido, quando você compara aos europeus, você vê a grande capacidade de observação da natureza que os índios tinham. Os europeus, naquele momento, não sabiam retratar com tantos detalhes. Isso também mostra bem o quão interessante foi esse encontro entre índios e os naturalistas que desejavam fazer esse grande inventário da região”, destaca o diretor do Forum Landi, Flávio Nassar.

Em alguns desenhos, mesmo sem respeitar questões como perspectiva e proporção, também há representações que contextualizam algumas aves. O guará, por exemplo, aparece próximo a um rio com três canoas navegando, sendo possível ver o tipo de canoa, vela e algumas figuras humanas. Lançado em formato bilíngue (português-francês), o livro também tem as ilustrações acompanhadas dos manuscritos originais do padre Roxo, memórias dos animais, plantas e minerais que ele conheceu e catalogou quando viveu por aqui.

Histórico

Lançamento “As Aves do Pará”
Quando: Quinta-feira, 7, às 19h
Onde: Aliança Francesa (Tv. Rui Barbosa, 1851, próximo à av. Conselheiro Furtado – Batista Campos)
Quanto: Entrada franca

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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