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Blogs paraenses de resenhas literárias ganham espaço e ajudam a divulgar autores do Estado

Quase todos começaram a escrever por uma crise existencial. Queriam compartilhar com outras pessoas os livros que gostaram de ler e, ao mesmo tempo, ter um ambiente virtual que permitisse algo além da própria profissão – fossem assistentes sociais, biólog

Quase todos começaram a escrever por uma crise existencial. Queriam compartilhar com outras pessoas os livros que gostaram de ler e, ao mesmo tempo, ter um ambiente virtual que permitisse algo além da própria profissão – fossem assistentes sociais, biólogos ou administradores. Essa história une diversos blogueiros paraenses com sites especializados em literatura, que o público pôde conhecer de perto no último fim de semana, durante a Feira Literária do Pará-FliPA, onde estiveram reunidos para falar sobre seus espaços na rede, ponto de encontro de muitos leitores com quem dividem a paixão pela literatura de fantasia, os romances ou mesmo os quadrinhos.

“Às vezes a leitura é algo tão solitário. Quando acabava eu sentia aquela vontade de compartilhar com alguém”, conta Francisco Neto, do Sooda Blog, criado há dois anos. Formado em Turismo, ele ainda aproveitou seus conhecimentos para também promover eventos literários. “Não é apenas fazer resenhas para divulgar um livro, você quer contagiar as pessoas, quer que todo mundo tenha aquela alegria que você teve com aquele livro”, comenta Fernanda Oliveira, do blog Garota Pai D’Égua.

Além das parcerias com grandes editoras, por terem se tornado uma ponte entre a produção literária e leitores interessados em diferentes gêneros, os blogs acabam também recebendo material inédito, sugestão de livros que estão apenas em formato digital e que foram publicados de forma independente, além, claro, de muitos livros paraenses.

“É muito comum você encontrar um autor que produziu um livro de forma totalmente independente, que tem apenas uma versão em e-book, com venda a R$ 2 no (site) Amazon e que te procura para você ler e ver se te interessa. Se eu tiver afinidade com o gênero, leio e resenho. Um caso bem legal é a escritora paraense Roberta Spindler, que sempre leio em primeira mão e dou opinião como leitora antes de ser lançado”, conta Fernanda.

Roberta é coautora de “Contos de Meigan - A Fúria dos Cártagos” e tem lançado “A Torre Acima do Véu”, além de contos em diversas antologias, como “Caçadores de Bruxas”, também resenhado pelo blog.

Yuri Lima, do blog Nerds com Farinha, conta que seu foco sempre foi procurar publicações que as pessoas pouco conhecem. “A gente fala muito de histórias em quadrinhos que estão bem distantes do mainstream, da grande mídia, mas que deveriam estar lá também”.

A jornalista Debb Cabral, que tem o blog Gato que Flutua, destaca como um diferencial a dedicação dos blogs que falam de literatura paraense. “Já é um nicho você falar sobre autores, produção artística paraense”, considera.

Fernanda Oliveira e Franciso Neto com leitores durante o encontro que reuniu blogueiros de literatura dentro da programação da FliPA (Foto: Marco Santos)

Papel importante para movimentar o mercado e incentivar leitores

Com sete anos de Garota Pai D’Égua, Fernanda Oliveira conta que muita coisa mudou desde o início do blog na cena paraense. “Eu brinco que antes ‘era só mato’. A gente sempre tentou expandir o número de pessoas interessadas em livros, em participar de eventos literários, chamar a atenção de novas editoras, outros blogs foram surgindo e chegando junto com a gente”.

Daniela Mara, a “Tia Dani” do blog Clube dos 4, pensando em contribuir com esse cenário, conta que eles têm resenhado para crianças também. “A gente começou agora a investir nesse público, incentivando as crianças a ler e assim formar um público que virá mais adiante”, diz ela.

“Hoje a gente tem um reconhecimento maior, mas que veio com muito trabalho, a gente realmente precisa separar tempo para se dedicar a ler, escrever, porque tem uma responsabilidade com os leitores e com os livros que nos enviam. A gente se emociona quando um autor reconhece a gente”, diz Fernanda, referindo-se aos autores paraenses.

Sua colega de blog, Anne Magno, acredita que a cidade ainda “passa por um processo”. “Cresceu muito. Só esse ano recebi 75 livros. Mas o blog também é uma ferramenta que temos que aprimorar”, diz ela.

Francisco Neto conta que hoje não é apenas uma questão de escrever resenhas. Em um país onde as oportunidades de publicar através de editoras ainda são poucas e a internet oferece uma vasta concorrência de materiais em formato digital, ele acredita que os blogs têm papel importante ao ligar autores aos seus “nichos”. “Tem que compreender mercado editorial, profissionalizar os blogs, compreender estatística das redes sociais, fluxo de marketing etc. Até porque hoje a gente concorre com blogs do país inteiro. O Sooda é 2º no ranking nacional”.

Daniel Prestes, do Folhetim Felino, há mais de nove anos no ar, conta que começou o blog por ser graduado em Letras e querer compartilhar alguns escritos seus e trechos de livros que gostava, mas que constantemente isso foi pedindo um conhecimento mais amplo. “Com o tempo fui escrevendo para outros sites e a coisa foi seguindo. Hoje eu tenho me dedicado a estudar o mercado editorial”, conta.

O retorno para tanta dedicação? Fernanda brinca que, diferente das blogueiras de moda, “ninguém ganha viagem para a Disney”, mas a proximidade com autores e editoras permite momentos muito especiais para quem é apaixonado pela leitura. Daniel “Folhetim Felino” diz que um caso bem memorável foi estar na casa de um autor, resenhando um livro dele ainda não publicado. Daniela “Clube dos 4” conta que viver bienais literárias com acesso aos autores compensa, assim como entrevistas com autores internacionais – segundo Francisco “Sooda Blog”, uma das melhores recompensas.

(Lais Azevedi/Diário do Pará)

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