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Ministério Público vai analisar licitação do Bar do Parque

A transformação do Bar do Parque em uma lanchonete e café ainda está rendendo. E pelo menos no que depender de seus frequentadores e antigos funcionários, a revolta com a mudança, feita sem consulta popular, não vai ficar apenas como papo para mesa de bar

A transformação do Bar do Parque em uma lanchonete e café ainda está rendendo. E pelo menos no que depender de seus frequentadores e antigos funcionários, a revolta com a mudança, feita sem consulta popular, não vai ficar apenas como papo para mesa de bar. Além das intensas críticas feitas através de redes sociais e uma petição on-line pedindo a anulação da licitação que concedeu para a Empresa Rockfeller Ltda a administração do histórico ponto turístico de Belém, o Ministério Público Estadual também foi acionado através de um pedido de representação protocolado na última quinta-feira, 5, pela Vereadora Marinor Brito (PSOL). No documento são feitos seis pedidos para apreciação da promotoria, entre elas que a licitação seja suspensa e se realize uma audiência pública para debater com a sociedade as mudanças propostas no edital da Prefeitura.

“Ali é um ponto de encontro da cultura paraense. E tem não só a questão do patrimônio, mas da memória afetiva que ele guarda. A Prefeitura passou oito anos do governo Duciomar e outros quatro do governo Zenaldo sem dar uma fiscalização ou reforma e agora que o interessa vem dizer que o bar está um abandono”, comenta Marinor. Assim como ela, um grupo que se reuniu na noite de ontem para um ato público no entorno do local declarou que nada tem contra a abertura de uma licitação ou reforma do espaço, mas que se respeite a identidade do lugar.

“Tornar o ambiente mais digno, todo mundo quer, não só eu, artista, mas acho que as prostitutas também, os mendigos, os artistas de rua. E até que ponto os novos locatários e a Prefeitura têm interesse que seja acessível para todos?”, questiona a musicista Carla Cabral. Ao lado de antigos funcionários do bar e frequentadores, ela destacou que o ato público era uma tentativa de reunir e discutir a importância do espaço e como manter sua identidade. “Em nenhum momento a gente está fechando as portas para os novos locatários, a gente só quer que se entenda que o espaço é nosso também. Não houve nenhum diálogo e inclusive houve uma pressa. Eu estive na abertura das propostas, foi um negócio tão obscuro. As pessoas estavam se incomodando com a presença do público, que nem era grande, então não vai ter diálogo”, prevê Carla.

O músico Delcley Machado, presente no ato público, lamentou a redução do horário de funcionamento, antes 24h e agora limitado pelo edital das 7h à meia-noite. “Se você acordava de madrugada, queria pegar um vento na Praça da República, tomar um café, encontrar pessoas, você tinha a certeza de encontrar o bar aberto para te receber. Ele faz parte da nossa cultura. É ponto turístico importante para nós. Todo mundo de Belém tem uma história aqui”, destacou.

Por isso mesmo, Marinor conta que precisou fazer o pedido de representação às pressas, solicitando que se atente para a descaracterização do espaço. Ela quer que seja retirado o trecho do edital que trata da finalidade a ser explorada, colocada como “lanchonete e café” e não como bar. A vereadora afirma que ainda hoje deve buscar notícias no MPE.

“Não dá pra ficar esperando. É mais uma ação da Prefeitura sem participação popular, sem conselho dos órgãos de patrimônio. Tudo é feito nas coxas, de uma hora para outra se toma decisões alegando que o local estava sujo... Suja está toda a cidade, os prédios históricos caindo aos pedaços, bueiros e valas entupidos, segundo Círio com praça [da República] sem ser concluída... E a gente não sabe que interesse está por trás de uma correria dessas sobre o Bar do Parque”, afirma a vereadora.

Enquanto esperavam a reinauguração, antigos funcionários improvisaram um café no local (Foto: Marco Santos)

Antigos funcionários não sabiam que ficariam desempregados

Uma petição publicada na plataforma Avaaz pela jornalista Bianca Levy para coletar 300 assinaturas de cidadãos contrários às mudanças no Bar do Parque já reuniu, até a noite de ontem, 288 nomes. O objetivo é contestar, de forma popular, que ele seja designado como lanchonete e café, além de exigir que sejam mantidas outras características primordiais de sua identidade e história.

E essa história faz parte da vida de muita gente que trabalhou lá. Walter Menezes, há 28 anos garçom do Bar do Parque, diz que todos os antigos funcionários estão preocupados. “Com o bar há mais de um ano fechado, improvisamos um carrinho com lanche e café no local, para sobreviver. Só que não dá para os 12 funcionários viverem disso. Ficam seis, enquanto outros seis estão fazendo bico por aí. Estávamos esperando o prefeito inaugurar o bar e agora como fica a história não só minha, mas de outros colegas que têm 40, 35 anos trabalhando no ali? Foi meu primeiro emprego”, lamenta Walter.

Raimundo Barros, há 32 anos trabalhando no local, considera que todos foram enganados. “O prefeito disse que fecharia para reforma e não recebemos salário por um ano e meio, porque o patrão também não tinha de onde tirar. Agora tem outro dono e o que o prefeito tem a dizer para nós, funcionários, que ficamos esperando a reabertura? Para a gente, o Bar do Parque acabou. A história do Bar que era 24 horas, com essas pessoas que estão aqui, acabou”, lamenta.

CONTINUA BAR

De acordo com Fauzy Gorayeb, um dos proprietários da Empresa Rockfeller Ltda, conhecida por ter duas barbearias localizadas no bairro do Umarizal e Nazaré, o que motivou a empresa a concorrer no pregão pelo Bar do Parque foi ver o estado em que o patrimônio estava. “Fechado pela vigilância sanitária, inseguro, insalubre até para os funcionários e para a população frequentar. Nosso interesse é fazer uma releitura do que já existia e entregar para cidade o que é o Bar do Parque, com melhor atendimento, higiene, sem perder a proposta original dele. Ao contrário do que dizem, ele não será barbearia ou lanchonete, nós concorremos para ser bar e continuar bar”, garante.

Ainda sobre a afirmação de que o local é considerado lanchonete e café no edital, Gorayeb comenta que a empresa pesquisou sobre a história do bar e viu que, já na década de 1950, se vendia lanches, logo, essa “não é uma intenção recente”, afirma. Além disso, considera que assim como o tira-gosto, as opções de lanches seriam “uma extensão do bar” e não o inverso. “[A barbearia e o Bar do Parque] São empresas totalmente diferentes. E agora vamos nos dedicar ao bar, inclusive com cervejas locais, conforme o edital” reitera. Sobre toda a polêmica quanto ao modo como a licitação ocorreu, o empresário prefere não opinar. “Concorri porque a licitação é pública e todo mundo pode concorrer. Mostrei-me interessando e prefiro não opinar sobre algo anterior”, finaliza.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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