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Chiquita está confirmada para a noite deste sábado

Nascida do encontro dos marginalizados frequentadores do Bar do Parque na década de 1970, a cada ano a Festa das Filhas da Chiquita luta para estar lá, no calendário do Círio de Nazaré, apesar de ser tombada como patrimônio cultural junto com a festividad

Nascida do encontro dos marginalizados frequentadores do Bar do Parque na década de 1970, a cada ano a Festa das Filhas da Chiquita luta para estar lá, no calendário do Círio de Nazaré, apesar de ser tombada como patrimônio cultural junto com a festividade. Depois de uma sessão especial na Câmara Municipal de Belém mês passado, a edição de 2017 tem ao menos a estrutura garantida para ocorrer neste sábado, logo após a passagem da berlinda de Nossa Senhora e seus romeiros pela avenida Presidente Vargas, por volta de meia-noite. Mas, com as obras de reforma da Praça da República e do complexo do Bar do Parque atrasadas, o palco será montado do outro lado da praça, em frente à Avenida Assis de Vasconcelos.

“Sempre tem polêmica. São 39 anos de história, um evento tombado, reconhecido pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e pela Unesco, então a gente fica triste. É um evento que podia ser usado a favor e não contra, como evento para dar destaque ao Estado. Ela não é só LGBT, é da cultura paraense. A gente quer que realmente possamos desfrutar da praça, que é uma das mais bonitas do país”, diz o organizador da Chiquita, o cantor e produtor cultural Elói Iglesias.

Ainda de acordo com ele, a mudança ao menos garantiu a possibilidade de um palco maior e mais espaço para o público. Isso também contribuiria para o pós-festa. “O espaço é mais favorável para o fluxo de pessoas, a gente sabe que o problema não é durante a festa, mas quando acaba, que o aglomerado abre possibilidade para furtos, como ocorre até durante a grande procissão de domingo”.

Às vésperas da festa, na quinta-feira, Elói contou que estava finalizando os pedidos de licença - são mais de dez. E ainda buscava apoio para a programação, que é extensa e exige patrocínio para custear cachês e premiações, além de um arranjo especial para a chegada de uma homenageada, a autora da novela “A Força do Querer”, Glória Perez.

A autora estará pela primeira vez na cidade e foi convidada a receber o “Veado de Ouro”, que já foi entregue a várias personalidades, como José Sarney e a atriz Dira Paes. “Decidimos dar a ela por conta da novela que discute homossexualidade, falando das novas formações familiares, que vai além de ter o homem, a mulher e uma criança. Mostra que família é onde tem amor, responsabilidade, respeito. E pela própria história da Glória, sempre se posicionando com temas polêmicos. Mesmo fazendo ficção, a gente se vê naquilo”, diz Elói.

Contra a intolerância

O organizador adianta que haverá shows de vários artistas paraenses, junto aos momentos de debate sobre essa onda conservadora que tem passado pelo Brasil e o mundo. “É uma onda que vai contra mulheres, artistas, pobres, negros. Você vê polêmica sobre a arte, vê que as pessoas acabam fazendo discurso intolerante e chamam isso de opinião. Pessoas que nunca procuraram conhecer arte, saber que desde o tempo das cavernas existe o nu artístico”, diz o cantor, referindo-se às recentes polêmicas que envolveram exposições em Porto Alegre e São Paulo, onde houve um levante contra a montagem da performance “La Bête”, quando uma criança visitava a mostra e interagiu com um homem nu. “A gente tem medo porque essa intolerância acaba com a cultura, responsável por fazer com que pessoa pensem, reflitam sobre vida, amor, afeto”, desabafa Elói.

Por conta de toda a luta que a festa passa, mesmo tão próximo de completar seus 40 anos, este ano o tema dela será “Patrimônio e Resistência”. “É complicado manter uma festa dessa que não é unanimidade, que as pessoas veem como afronta, o que ela não é. Ela é uma forma de homenagear esse momento de devoção à Santa, essa festividade em que o profano não é tão profano assim, e o sagrado não é tão sagrado. Quase 40 anos, a gente não pode deixar de pensar que faz parte da memória afetiva desse povo”, diz Elói.

O cantor lembra que ainda não há reconhecimento do município, o que ajudaria na manutenção da festa, e que esta é uma contradição, quando ela é inclusive referência fora do Estado. “Tanto que temos também o prêmio ‘Veado Peregrino’, que damos para quem vem de longe conhecer a festa, porque ela é referência. O que estamos esperando é que mais este ano tenhamos um público bem legal, com palco maior, iluminação boa, e consigamos nos preparar para as bodas de esmeralda do próximo ano, dando o Veado de Esmeralda, e fazendo mais uma vez uma discussão legal sobre a nossa diversidade. Somos iguais quando respeitamos a diferença dos outros”, finaliza Elói.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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