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Belém perde o músico e compositor Leandro Dias e a designer Maria Alice Penna

O fim de semana foi triste para a cena artística de Belém. Dois nomes se despediram, deixando abalados e saudosos os amigos e parceiros de trabalho. O compositor e violonista Leandro Dias, que tinha composições gravadas por cantores como Pedrinho Cavallér

O fim de semana foi triste para a cena artística de Belém. Dois nomes se despediram, deixando abalados e saudosos os amigos e parceiros de trabalho. O compositor e violonista Leandro Dias, que tinha composições gravadas por cantores como Pedrinho Cavalléro, Fábio Cadore (SP), Karina Ninni (SP), Lívia Rodrigues, Anny Lima, Andréa Pinheiro, Patrícia Bastos (AP) e Arthur Nogueira, morreu devido a complicações no fígado. Com uma carreira marcada pela criatividade e inventividade, a designer e arquiteta Maria Alice Penna perdeu a luta contra um câncer. Conhecida também por uma história como bailarina, ela foi autora de diversos cartazes do Círio - que estamparam a casa de milhares de paraenses.

A instrumentista Carla Cabral, amiga de Leandro, lembra do amigo como uma pessoa alegre e muito querida por todos. Ele, que com apenas 17 anos recebeu sua primeira premiação em um festival de música - melhor letra no Festival da Assembleia Legislativa do Pará, em 2001, com a música “Flor do Cais” -, construiu sua trajetória baseada nas parcerias. E desde que recebeu esse primeiro destaque, continuou compondo. A amiga diz que as suas letras falavam de amor e das suas paixões, nas andanças pela cidade.

“O Léo era um ser humano muito intenso. Ele adorava estar nas ruas, assim como eu, para viver a cidade e tirar sua inspiração. Ele ia aos shows de todo mundo, era aquela pessoa que passava pela nossa casa. Há cinco anos, andamos muito pelo centro da cidade, principalmente no Bar do Parque, ele mostrava que ainda existe poesia nesse lugar. A gente viveu muita coisa aqui, vi a mudança dele, na carreira, a maneira de pensar a música, de compor. Ele era extremamente sensível e grande compositor, de melodia e de letra, por isso tem tantos parceiros. Sabia onde tocar o coração de cada um”, diz Carla Cabral.

Para o poeta, cantor e compositor Pedro Vianna, que estava atuando como produtor do primeiro disco de Leandro, “Porta-Joias”, a perda do amigo e parceiro foi um baque. Na segunda-feira da semana passada eles estavam fazendo a mixagem das faixas do álbum, que tem gravações nas vozes de Vital Lima, Alba Maria, Nilson Chaves e Simone Guimarães. Pedro conta que o compositor não gostava de ouvir a sua própria voz gravada, por isso preferia chamar outros artistas. E que isso era também uma forma de conectá-lo com as pessoas.

“O Léo era uma pessoa muito sensível, tinha sensibilidade e uma solidão. E isso talvez fizesse ele se aproximar de tanta gente por meio da música. Ele vivia para a música e gostava muito de se realizar nas parcerias. Foi uma forma de encontrar e trocar afeto com as pessoas, a sua vocação artística. O conheço há bastante tempo, mas de uns quatros anos para cá passamos a fazer canções com mais frequência. Ele era um grande letrista e melodista. Queremos lançar o disco no dia do aniversário dele, 1º de dezembro, como uma grande homenagem”.

Beijos vermelhos para Maria Alice

O designer e animador Cássio Tavernard lembra da amiga Maria Alice Penna como uma grande parceira de trabalho e umas das pioneiras no mercado de design em Belém, quando pouco se falava sobre esse assunto e não existiam tantos recursos técnicos disponíveis nessa área. Além disso, era multiartista: era ligada à dança e foi professora do curso de moda. As suas vestimentas e adereços, aliás, eram suas marcas registradas e representavam bem a sua mente criativa.

Formada em arquitetura, ela também foi uma das primeiras a pensar na disciplina ligada às questões do design gráfico. “Ela fez parte de uma geração de arquitetos que se formaram pela UFPA, mas que optaram por esse caminho. Trabalhei com ela em vários projetos, a gente se falava muito. Ela me chamava para trabalhar e dizia para assinarmos juntos, mas era sempre a ideia dela que estava sendo executada. Eu entrava com assuntos técnicos. Gostávamos de psicologia também. Fomos muito confidentes e era bonito ver como ela era uma mulher emancipada, tinha uma vida muito bonita, uma liberdade sexual para poucas mulheres quando era jovem. Ela fez um dos mais belos cartazes do Círio, para mim, com o trabalho dos bonecos de papel do Paulo Emílio”, diz Cássio Tavernard.

O cartaz citado por Tavernard também foi lembrado por vários artistas no Facebook. A fotógrafa Walda Marques, amiga de Maria Alice desde a adolescência, contou que o trabalho foi feito em partes. “A ideia foi na mesa de casa, um oratório é isso, assim foi, saímos fotografando, é uma linda colagem! Os anjos são do Paulo Emílio Campos. O Jeferson, o pintor, também fez sua parte”, escreveu no Facebook.

“Mary Alice. Penna Bausch. Quero pensar Maria Alice dançando de braços abertos, como a conheci em Belém, há quase 30 anos. Jovem, bonita, sensual, inteligente, crítica e alegre – sobretudo alegre. Maria de batom coral. Coral, não, encarnado. Artista, arquiteta, publicitária e designer talentosa, com seus traços inconfundíveis: ‘rebinights’ (só ela para explicar isso) e frufrus em livros, revistas, cartazes, objetos, ambientes e até nas santinhas personalizadas e coloridas que andou confeccionando há alguns Círios. Não era mulher de passar em brancas nuvens”, escreveu sobre ela a jornalista Rose Silveira.

O professor e pesquisador da UFPA Afonso Medeiros também deixou seu adeus nas redes sociais: “Tem coisas que a palavra não encerra, não traduz, não expressa, não conforma, não sujeita. Há sentimentos que não brotam na boca, nem nas mãos. Maria Alice Penna, sempre soubeste que o silêncio é coisa dos deuses, produtor de presença, senhor de destinos...Mas essa tua súbita e definitiva ausência, me fez borrar o batom vermelho na
boca dos afetos!”

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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