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Em Belém, designer fala sobre estilo, criatividade e tendências

Henrique Steyer é formado em Arquitetura e Urbanismo, com pós-graduação em Imagem Publicitária e também em Design Estratégico. Já projetou loja na África do Sul, ganhou prêmio de décor na Turquia e foi capa de revista na China, como ele mesmo conta em ent

Henrique Steyer é formado em Arquitetura e Urbanismo, com pós-graduação em Imagem Publicitária e também em Design Estratégico. Já projetou loja na África do Sul, ganhou prêmio de décor na Turquia e foi capa de revista na China, como ele mesmo conta em entrevista exclusiva ao Você.

O designer, de projetos publicados em mais de 35 países, esteve na loja Florense, em Belém, para falar mais uma vez ao público sobre suas criações, em especial a estante ZigZag, uma de suas assinaturas mais famosas e sobre a qual já esteve palestrando por aqui – mas nunca é demais ouvir alguém que tem tantas histórias interessantes a contar.

Nesta entrevista, ele fala ainda sobre processo criativo, inspirações e sobre sua mania de não seguir tendências.

P Como nasceu a ZigZag?
R O primeiro projeto dela foi feito com uma marcenaria artesanal para o meu escritório. Fui convidado por uma revista internacional para fazer uma entrevista. Queriam saber como era o meu espaço de criação e eu quis antes dar um “tapa” no escritório, deixar um pouco diferente. Desenhei essa estante numa cor rosa pink que ia até o teto. Fiz de forma artesanal, instalei e saiu na revista. As fotos foram publicadas depois em diversos países e muita gente começou a me perguntar quem era o meu fornecedor da estante, por ela ser muito diferente, muito arrojada, etc. Vi que teria demanda e pensei como oportunidade de colocar disponível no mercado.

P Foi assim que surgiu a ideia de fazê-la em larga escala como um móvel modulado?
R Conversei com diretor de marketing da Florense, eles se interessaram e colocaram-na como prioridade. A gente desenvolveu uma forma de fazê-la modulável e recortável. Então lançamos com um slogan de estante com infinitas possibilidades. Pode ter alturas e larguras variáveis e criar os efeitos de diamante, de onda, variável de acordo com os módulos que se escolhe para fazer a montagem. Dá para usar como home theater, dá para usar em cozinhas, salas, quartos, ela é multifuncional.

P A possibilidade de muitos usos é uma tendência?
R No mercado que a gente trabalha, o mercado premium – eu não gosto muito da palavra “luxo” – acho que as pessoas querem uma coisa desenhadas para elas, adaptada para a realidade delas, que conte a história delas. Então apesar de ser uma peça de móvel planejado, é de fácil adaptação e com muitas opções de acabamento, de linhas, de espessuras. Vem muito ao encontro do que as pessoas querem, que é a coisa exclusiva e não padronizada.

P E como costuma ser seu processo de criação?
R Eu tenho uma mania de não seguir tendência, não fazer o que estão fazendo. Tem muita gente que fala que vai a Milão para ver as tendências do design e aí elas voltam e copiam o que está sendo feito lá. Primeira coisa: está em Milão, exposto, não é tendência, já é realidade. Tendência é o que vem antes de ser feito.

P E o Brasil tem um bom cenário quanto a isso?
R Há muito tempo o Brasil não precisa mais imitar o que é feito lá fora. A gente tem a capacidade de criar tendência, de mostrar algo diferente. Acho que a base da minha criação é isso, é criar peças que fogem do padrão. Se as pessoas estão indo para a direita, eu quero ir para a esquerda. Quero fugir dessa tendência padronizada e homogeneizada, dessa cópia incansável dos italianos. Eu quero fazer uma coisa com cara de Brasil, com essa irreverência que o Brasil tem. O meu trabalho tem quase um toque de deboche, de ironia. Eu acho que isso tem a ver com a minha personalidade e tem a ver com a personalidade do brasileiro.

P E antes de tudo, de onde vêm suas inspirações?
R Busco referência em áreas que não são design e arquitetura. Gosto de buscar na moda, no cinema, na fotografia. O que me instiga a curiosidade, me serve de inspiração, são profissionais de áreas diversas, que rompem paradigmas, que têm coragem de fazer trabalhos mais arrojados, chocantes, que nos fazem pensar. Tipo “nossa, o tapete está torto, não é quadrado nem retangular”. A pessoa gosta, mas fica um pouco incomodada. Às vezes eu vou ao cinema e vejo um cara que filmou de uma maneira diferente, um ator que interpreta diferente, tudo eu vou pescando e acho que é daí que saem as criações. Por que uma cadeira tem que ter quatro perninhas, um encosto e um acento? Acho que podemos fazer uma coisa mais cênica. Eu adoro um drama! (risos)

P Qual projeto foi um grande desafio para você?
R Uma que foi tecnicamente desafiadora foi a Estante Onça, que é a cara de uma onça e fica apoiada só no que seria a mandíbula dela. Fui convidado para lançar esse produto em Milão. Ele já estava desenhado, pronto e eu não conseguia nenhuma equipe que conseguisse deixar o projeto de pé. Dizem que o Oscar Niemeyer era incrível no traço, mas ele tinha um engenheiro que era muito mais incrível porque botava de pé os projetos dele. A própria estante ZigZag tem uma equipe da Florense enorme por trás. Ela tem loja no mundo inteiro, por isso tem que ser fácil de montar, de carregar, de chegar à casa do cliente, adaptar para a casa de cada pessoa. Então a gente tem que criar e ter uma equipe capaz de tornar esse sonho algo real e viável.

P E o processo de criação para editoriais, é igual?
R Essa parte de editorial para revistas e empresas é quando a gente pode extrapolar mais. É quase como um desfile de moda, para mostrar efeito, onde eu posso botar todo o meu drama, toda a minha ironia e aquilo não é para a vida real, para a casa de um cliente. E aí vou nessa minha vontade de chocar. Eu escrevi um livro que o título é “Uau!”, e eu adoro esse “uau!”, da pessoa olhar uma criação minha e pensar: “Uau!”. Pode pensar “uau, que horrível”, “uau, que diferente”, mas que seja “uau!”. Eu era aquele tipo de criança que ficava testando o limite da minha mãe até enlouquecê-la, enlouquecer os professores da escola, e no meu trabalho eu sou assim também, eu testo o limite que as pessoas podem aceitar em uma fotografia, o limite que uma empresa pode aceitar para colocar em produção.

P E foi assim que surgiu um editorial de decoração com um cavalo na cozinha?
R Eu posso por um cachorrinho e as pessoas vão pensar: “ah, que bonitinho”. O cachorro circula na cozinha, né? Eu queria testar os animais de grande porte, queria gerar esse impacto que gerou o projeto, que levou o meu nome para o Japão, para a Rússia. A gente foi capa de revista na China. É porque eu sou bom de mais, melhor que os outros? Não. É por eu ter essa capacidade de romper uma fronteira e fazer uma coisa que ainda não tinha sido feita, de colocar um animal de grande porte em uma cozinha. O que eu queria mostrar era a bancada da cozinha, o armário, só que todo mundo conhece torneira, pia, fogão... O que eu queria mostrar todo mundo já viu, mas o cavalo nesse contexto ninguém nunca tinha visto.

(Laís Azevedo/Diário do Pará)

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