Celso Lobo integra nova exposição na Embaixada do Brasil em Oslo, na Noruega

Quase mística, com seus raios do sol e reflexos espelhados na água, a fotografia “Rio Caraparu” leva o fotógrafo Celso Lobo para sua terceira exposição na Europa. “Eu tenho outras fotos também interessantes, mas essa, quando vi a composição, o reflexo da luz... Deus abençoou para que naquele instante eu estivesse naquele lugar para fazer aquela foto”, diz Celso. A obra já passou por Brasília, pelos Alpes da Europa Central e agora fica em exposição até quinta-feira, na cidade de Oslo, na Noruega.

Ali ela integra a 4ª Semana Cultural Brasil-Noruega, iniciada hoje e que tem como tema “A arte é o espelho da pátria. O país que não preserva os seus valores culturais, jamais verá a imagem de sua própria alma”.

Celso conta que a fotografia foi produzida durante o Círio da Vila de Caraparu, em Santa Izabel, cidade distante cerca de 40 km de Belém. Lá, os fiéis acompanham a imagem de Nossa Senhora da Conceição em canoas que percorrem o Rio Caraparu.

“Já fui duas vezes fotografar com uma turma o círio de Caraparu. Nesse dia, saí cinco da manhã, peguei o barco e fui remando antes de sair o Círio. Amanhecendo, nesse trecho [da fotografia], estava tendo uma queimada na fazenda próxima e a fumaça ajudou a tornar os raios de sol mais visíveis. Na hora, passou uma canoa e fotografei”, relata Celso.

Com apenas sete anos de carreira na fotografia – ele foi representante farmacêutico ao longo de 30 anos –, ele conta que o registro de paisagens, na luz natural, é sua paixão. “Fotografar o cotidiano, a vida das pessoas no interior da Amazônia é um dos tipos de fotografia que mais gosto. Apesar de as pessoas serem muito carentes de políticas públicas, tem muita gente feliz. E acho legal fotografar isso”, diz ele.

E o interesse é compartilhado com o público no exterior. “A Amazônia em si desperta muita atenção, curiosidade, as paisagens ribeirinhas. O pessoal fica encantado, quer saber como é a vida dele, onde é”, conta Celso.

Por isso, Celso diz que sempre escolhe fotos bem representativas dessa beleza da região. Para sua segunda exposição em Lisboa (Portugal), planeja enviar uma de suas fotografias favoritas, resultado de mais um desses casos de estar no lugar certo na hora certa. “Consegui fotografar uma tempestade no Rio Amazonas, sol de um lado, chuva do outro, e um raio no meio. Lembra aquele filme ‘Armagedon’”, brinca Celso, que já planeja mais uma viagem fotográfica pelos rios amazônicos, dessa vez para registrar o Çairé, em Santarém.

RECONHECIMENTO

Com a ida para Noruega, é a terceira vez que Celso Lobo tem uma obra em exibição na Europa. Em 2016, ele esteve com “Alvorecer no Atalaia”, no Louvre, em Paris. Depois, com “Rio Caraparu”, ganhou medalha de prata no “Brasília Photo Show 2016”, e em junho deste ano a imagem foi exibida em Liechtenstein, um principado localizado entre a Áustria e a Suíça.

O fotógrafo afirma que essa tem sido uma experiência completamente nova não só em sua carreira, mas em sua vida. O que começou como hobby, começa a tomar outra proporção. “Desde abril do ano passado comecei a me enturmar, entrar nesse circuito internacional. Estarei com trabalho exposto no Tajiquistão este mês, onde tive uma fotografia premiada e terei outras expostas, inclusive a de um coronel da PM aqui de Belém. E tem de novo Lisboa e Paris, que têm fotografias passando pela curadoria”, conta Celso. Em agosto, ele ainda teve duas obras escolhidas para a coletiva “Entre Cores”, no Rio de Janeiro. Aos 58 anos, diz que já “começou velho na fotografia” e o reconhecimento que recebe agora é gratificante.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)