Exposição de fotografia mostra detalhes dos modos de se vestir

Cada um a sua maneira, fotógrafos amadores traduziram em imagem suas reflexões acerca da moda e os códigos de vestimenta para o “7º Concours Photo”, da Fundação Alliance Française, alguns deles em exposição na Aliança Francesa de Belém desde o último dia 31. O resultado foram imagens que surpreendem muitas vezes não pela técnica, mas pelo conteúdo reflexivo que trazem. É o caso das duas fotografias de Alexandra Castro, realizadora audiovisual e advogada. Ela registrou um grupo de mulheres que se dirigia ao mar de Copacabana, no Rio de Janeiro, vestidas com camisas de manga comprida e calças.

“Eu não sei se já tinha parado para pensar sobre moda e códigos de vestimenta, mas já tinha percebido algumas mudanças no atual cenário do que eu posso usar, de liberdade, do que não pode. Certas vestimentas são para pessoas específicas, teve essa polêmica como o uso do turbante... Quando vi o tema do concurso, eu já tinha feito essa foto, que eu gostava muito, mas nunca tinha publicado. Achei que era um bom momento para falar de igualdade, liberdade de expressão e que a pessoa deve ser respeitada pelo que é, por suas crenças”, explica Alexandra.

Entre as regras do concurso estava não ser fotógrafo profissional e ela conta que é assim mesmo, sendo uma observadora com câmera, que se surpreendeu com a cena que registrou durante uma viagem. “Na fotografia é possível ver o contexto. Na praia com várias pessoas usando fio dental, sunga, era uma diferença muito grande, principalmente aqui o Brasil. Foi impactante pra mim também, que as fotografei indo em direção ao mar”, descreve.

Lídia Rodarte, gerente cultural da Aliança Francesa Belém, conta que assim como ocorreu com Alexandra Castro, o olhar dos participantes foi muito diversificado ao refletir o tema. “Houve muitas propostas em relação ao lado regional, do paraense, algumas coisas relacionadas à cultura negra, de valorização de identidade. Você consegue perceber em algumas a identidade do próprio autor”, destaca Lídia. Com sete artistas e 14 obras, a exposição celebra a primeira etapa do concurso, vencida por Kaio Sauma, com uma fotografia em que retrata roupas relacionadas aos rituais do candomblé, e que irá para a segunda etapa, concorrendo com Alianças de todo país.

O estudante de Engenharia Cartográfica, Jean Ferreira, 23, não passou para a segunda etapa, mas também tem as fotografia presente na exposição. Ele conta que comprou a câmera usada cerca de um mês antes do concurso para tirar foto do centro Hare Krishna do qual participa e o resultado foram duas fotos da erveira Bete Cheirosinha. “Não tenho nenhuma técnica, sou amador mesmo. Quando fui fotografar não precisei fazer nada, ela é símbolo de uma moda que é só dela e ao mesmo tempo regional. Ela é a cara do Ver-o-Peso, com seus bordados, suas roupas customizadas”, justifica Jean.

E pelo mesmo raciocínio seguiu o fotógrafo Otavio Henriques, 37. Habituado a registrar festivais e todo tipo de manifestações culturais no estado em viagem com amigos, ele conta que a foto também já estava pronta quando soube o tema do concurso. Faltava apenas refletir sobre quais registros escolher dos bois de São Caetano de Odivelas.

“Não entendi logo o que colocar, fui pesquisar sobre o que era código de vestimenta e entendi que era um jeito de vestir relacionado ao costume daquelas pessoas, daquele grupo. Como ocorre no candomblé ou com o pessoal do hip-hop”, diz. Os acessórios de cabeça, os sapato, as cores que facilmente identificavam os bois assim foram parar nas fotografias. “Percebi que havia uma unidade ali. A roupa era uma coisa que os unia”, define o fotógrafo.

Serviço:

Exposição “A Moda e os Códigos de Vestimenta”

Onde: Aliança Francesa Belém (Trav. Rui Barbosa, 1851 – Nazaré)

Quanto: Gratuita

(Laís Azevedo/Diário do Pará)