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Grupo Gruta amadurece aos 50 anos

Considerado uma referência para a cena teatral paraense, o Grupo Gruta de Teatro completa 50 anos. São cinco décadas de espetáculos baseados no trabalho de ator, cenários enxutos e textos ora um esmero da cultura popular paraense, ora de forte impacto pol

Considerado uma referência para a cena teatral paraense, o Grupo Gruta de Teatro completa 50 anos. São cinco décadas de espetáculos baseados no trabalho de ator, cenários enxutos e textos ora um esmero da cultura popular paraense, ora de forte impacto político e social. “O Gruta sempre foi um grupo de resistência. A gente monta espetáculo para marcar posição. E considero um grupo bem político nesse cenário que estamos vivendo”, diz a atriz Monalisa Paz, que há 30 anos integra o Gruta.

Ela e as atrizes Astrea Lucena e Waléria Costa são as protagonistas de “Casa do Rio”, espetáculo com texto de Adriano Barroso e direção de Henrique da Paz – um dos fundadores do Gruta – que inicia uma curta temporada hoje, às 20h, com última sessão no domingo, às 19h, na Casa Cuíra. A programação faz parte da comemoração pelo aniversário do grupo trazendo uma boa mostra de como costumam trabalhar sobre o palco.

Mulheres

“Casa do Rio” conta a história de três mulheres em um momento decisivo em suas vidas. O espetáculo se utiliza de realismo fantástico, revelando sentimentos e memória delas, que vivem há anos trancadas em uma casa sobre o rio e precisarão encontrar suas luzes interiores para se encantar. “O texto é a nossa cara: encatantaria, magia, que respira nessa região”, diz Astrea. “E apesar de usar elementos regionais, este é um espetáculo bem universal”, garante Monalisa.

Laços familiares fortalecem o grupo

Desde espetáculos infantis como “A Menina e o Vento”, de Maria Clara Machado, até textos de seus integrantes, como é o caso do atual “Casa do Rio”, o Gruta foi responsável por montagens que revolucionaram a cena teatral de Belém. Por seu histórico passa o “Auto da Cananéia”, de Gil Vicente, montagem de 1971; “Hamlet Máquina”, de Heiner Müller, em 1998; e “Cínicas e Cênicas”, de Henrique e Marton Maués, que estreou em 1987 e trazia Monalisa, ainda aos 11 anos de idade, ao palco.

Isso nos leva a outra marca importante do grupo que é sua essencia familiar. A atriz Waléria já foi casada com Henrique da Paz. Adriano – autor, ator e que alterna a direção com Henrique – é casado com Monalisa. Ela é filha de Henrique e mãe de Mariana, responsável pela pesquisa em maquiagem do grupo. São conhecidos ainda por não se fecharem em seus integrantes, mas agregarem em torno grandes amigos, como Astrea Lucena, atriz de trajetória tão longa quanto a do próprio Gruta.

“Começou com um grupo de jovem ousados, atrevidos, lá de Icoaraci, e hoje é o segundo grupo em atividade mais antigo do Brasil. A importância dele não vem só pelo tempo e sua produção, mas também a qualidade dos atores. Marton Maués veio do Gruta, Aílson Braga, o próprio Henrique, que é um grande ator. E tem essa coisa família. Isso que faz a diferença.”, declara Astrea.

Monalisa comenta que já ouviu algumas vezes que o Gruta só faz espectáculo “cabeça” e prefere ver isso pelo bom sentido. “Nunca teve intenção de ser intelectual, mas é sim de resistência, politizado. E nossa batalha é essa, até pelo momento que estamos passando. Temos um Secretário de Cultura que abandonou a cultura. O que ele faz é eventos, que faz pra beneficiar o próprio Governo”.

Tudo começou com “um grupo de jovens que se reunia em Icoaraci”

Como sempre colocam em seu material de divulgação para jornais (e uma piada interna que se manteve até os dias de hoje), o Gruta começou como “um grupo de jovens que se reunia em Icoaraci…”. Lá distante do centro de Belém, pensavam, questionavam, faziam teatro, sem saber que ainda em 2017 – 50 anos depois – seriam importantes para manter pensante a cena teatral paraense. O grupo, claro, chegou a fazer várias paradas em sua produção.

Se hoje as coisas são difíceis para os artistas que buscam patrocínio e espaço para apresentar seu trabalho, imagine para quem passou até pela censura da Ditadura Militar. “Em Icoaraci, quando encenamos ‘O Testamento do Cangaceiro’, tendo o diretor Geraldo Salles, a gente não pediu autorização para a cesura federal. Alguém denunciou. A polícia parou o espetáculo pelo meio e o Geraldo teve que dar depoimento na policia federal”, lembra Henrique da Paz.

Em 1977, numa das paralisações do grupo, o diretor passou a integrar o famoso grupo Cena Aberta, onde atuou até o ano de 1985 para, no ano seguinte, participar da reativação do Gruta, que havia interrompido sua trajetória em Icoaraci, desde 1980. Mais uma vez, por volta de 2011 o grupo fez um último espetáculo antes de reaparecer, em 2016, com leituras de textos já apresentados em diferentes montagens.

“A gente parou, mas em tese. Porque não estava produzindo, mas estava discutindo, preparando, pensando coisas. Se reunindo para trabalhar outros textos que pretende levar a cena, adaptações”, diz Henrique. E assim, entre um hiato e outro, o grupo fez turnês e apresentações memoráveis. Muitas delas foram parar no livro “ATO – Paixão Segundo o Gruta”, de Adriano Barroso, biografia do grupo que ganha nova sessão de autógrafos hoje, a partir das 17h, no Ziggy Hostel Club

História

Casa do Rio
Quando: De hoje a sábado, às 20h; domingo, às 20h
Onde: Casa Cuíra (Tv. Dr. Malcher, 287 - Cidade Velha)
Quanto: R$ 20

Sessão de autógrafos “ATO – Paixão Segundo o Gruta”
Quando: Hoje, às 17h
Onde: Ziggy Hostel Club (Trav. Benjamin Constant, 1329, entre Av. Nazaré e Av. Braz de Aguiar
Quanto: R$50

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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