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Pais influenciam os filhos na carreira em meio às letras

A cantora Ana Clara recorda que, quando criança, os pais sempre a incentivavam a ter contato com atividades artísticas. As brincadeiras envolviam música, dança, desenho, escrita. O pai, Emanuel Matos, compositor e poeta, foi fundamental nesse contato.  “

A cantora Ana Clara recorda que, quando criança, os pais sempre a incentivavam a ter contato com atividades artísticas. As brincadeiras envolviam música, dança, desenho, escrita. O pai, Emanuel Matos, compositor e poeta, foi fundamental nesse contato.

“Devo muito à minha família uma formação bem ampla sobre música paraense, música brasileira e em casa também se ouvia música erudita. Além dos clássicos, meu pai sempre se interessou por conhecer coisas novas. Cresci vendo isso de perto e com certeza isso contribuiu na minha formação, no tipo de interesse que desenvolvi desde muito cedo, indo atrás não só de música brasileira, mas também internacional”, comenta.

Hoje, mesmo que suas escolhas sejam mais pop e rock, foi nessa semeadura que suas habilidades começaram aflorar. O pai considerava, por exemplo, presentear as filhas com disco e livro como forma de investimento na formação das meninas - Ana Clara acabou se tornando uma colecionadora. A proximidade com o universo da música, por conviver com o processo de criação do pai, além de observar a visita dos parceiros frequentando a casa, às vezes rodas de violão, a instigou. E, lá pelos 17 anos, ela começou a sentir vontade de cantar.

“Eu acompanhava e adorava, mas nem pensava em ser cantora. Gostava demais de música, mas me interessava mais por aprender instrumentos, o que inclusive nem concluí. O que eu mais gostava era de escrever, o que continuo amando. Sempre mostrava meus textos para meu pai, ele sempre era muito bacana nas leituras. Quando comecei a me interessar por cantar, enveredei mais pelo pop, um pouco rock e, mesmo não sendo o estilo dele, sempre foi um grande apoiador, aberto a ouvir. Ele ouve meu trabalho com muita atenção, faz observações e é sempre muito respeitoso com as minhas escolhas”, comenta.

Tanto que no primeiro EP de Ana Clara, “Canções de Depois” tem uma composição de Emanuel em parceria com José Maria Bezerra, “Que Nem Passarinho”, gravada com um arranjo totalmente diferente do original - e a cara da filha. Para a compositora, a importância que dá às letras é uma forma de se conectar a ele. “O fato de dar muita importância às letras é algo que nos une, seja no que escrevo ou na escolha das músicas de outros compositores para o repertório. Talvez o meu interesse por letra se deva a esse incentivo lá atrás”, analisa.

O editor Filipe Nassar Larêdo, filho do escritor Salomão Larêdo, lembra que passou uma parte da adolescência sem querer saber de livros - mesmo o pai já tendo alguns tantos títulos publicados e uma biblioteca particular na própria casa. Uma revolta daqueles tempos o fez ter uma sede de mudança social, e na hora de decidir a carreira, optou pelo curso de Direito. Porém, quando chegou aos 25 anos, ele desistiu completamente da ideia de seguir na área jurídica e resolveu abrir uma editora de livros. É que na infância o pai já tinha plantado a semente da leitura que, mesmo tardiamente, vingou. Hoje, seu pai é seu maior ídolo - e o clichê é totalmente válido para o laço.

“Quando ainda estava no colégio, creio que lá pelo primeiro ou segundo ano do Ensino Médio, tive um desejo grande de mudar o mundo, mudar as coisas que julgava erradas: corrupção, violência, injustiça, etc. Naquele momento pensei que, assim como meu pai, que entre outras coisas também é advogado, o caminho do Direito seria a melhor opção. Mas o tempo me mostrou que, apesar de ser uma bela escolha, eu não tinha o perfil do jurista. Terminei a faculdade, trabalhei um pouco na área, mas me sentia cada vez menos satisfeito. E, já passando dos 25 anos, precisava fazer uma escolha. Refleti bastante. Pesquisei. E uma coisa sempre surgia na minha mente: literatura”, recorda.

Ele acredita que, por ter visto desde a infância o pai escrevendo e publicando livros, tenha surgido um encantamento pelos papéis e pelas palavras, e por ter aprendido ainda a importância da leitura na formação intelectual das pessoas. Quando ficou um tempo sem ler, o pai também estendeu a mão e o orientou a respeito das escolhas. Uma das coisas que mais se recorda também é que, mesmo tendo livros em casa, o pai não o obrigava a ler, queria que o filho o fizesse por prazer. Até que, quando voltou a se interessar pela leitura, foi à biblioteca e não soube o que escolher.

“Certo dia, a falta de leitura começou a me incomodar, pois meu repertório literário estava enfraquecido. Tão enfraquecido que eu tive dificuldade até de escolher um livro quando decidi visitar a biblioteca da casa. Não conseguia escolher nenhum. Fiquei bastante tempo ali, parado, pensando, até que meu querido pai, ao passar por mim, perguntou: ‘Está procurando algum livro?’. Respondi que não. Ou melhor, ‘nenhum livro em especial’. Na verdade, estava procurando um que me seduzisse. Contudo, sem exercitar a prática, não conseguia discernir os livros que mais me agradariam daqueles que não seriam interessantes. Dessa forma, só me restava pedir ajuda ao meu pai, que prontamente apontou para o livro que marcou minha vida”, conta. O título era “Cem Anos de Solidão”, do vencedor do prêmio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Márquez. “Um dos maiores prazeres da vida para mim é olhar para uma prateleira de livros e escolher qual a próxima leitura”, diz.

Relação de respeito com os livros começou em casa

Filha do jornalista Fernando Jares Martins, a escritora Bruna Guerreiro tem no pai o exemplo da escrita, mesmo sem ter uma orientação direta para que ela também escolhesse o caminho da escrita. Era na base do exemplo, do que se fazia em casa - que era abastada de livros.

“E não era só o ter o livro, nem mesmo só o ler o livro. Eu sentia que havia uma relação dele com o livro, coisa de respeito, intimidade e carinho, e uma curiosidade em relação às coisas, e isso certamente foi passando pra mim. E contar. Meu pai é muito contador, não só na máquina de escrever, cujo som me remete muito à infância, mas ele gosta mesmo de contar histórias antigas ou novas. Está sempre contando alguma coisa”, destaca a autora, que na última sexta-feira lançou sua mais recente obra, “D.O.C”.

Fernando Jares sempre presenteava a filha Bruna Guerreiro com livros.Foto:divulgação

Ler era algo muito valorizado na sua casa e, assim como na família de Filipe Nassar Larêdo, livros eram presentes de Natal, de aniversário... - o que a deixou motivada a cobiçá-los. Ela diz que isso certamente deixou marcas em suas escolhas e na carreira. Agora, põe em prática o que aprendeu com o próprio filho, de três anos.

“Lembro bastante de Ruth Rocha na minha infância. Alguns dos meus favoritos eram ‘Marcelo, Marmelo, Martelo’ e ‘Paca Tatu, Cotia Não’. A gente ganhava livros de presente quando tirava nota boa, coisas assim. Eu lembro que ganhei um livro do ‘Aniversário do Sol’ quando tirei um monte de nota 10 na escola. E Ziraldo, meu Deus, era muito Ziraldo. Acho que tínhamos todos os livros dele. Acho que até de forma mais intensa”, recorda.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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