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Novo filme de Roger Elarrat, 'Eu, Nirvana', está sendo filmado em Belém

A chegada ao set de filmagem já exige familiaridade com o prédio centenário. Um labirinto de corredores estreitos, paredes de três pés de espessura, descidas e subidas até uma porta devidamente velada. E lá dentro é fácil imaginar que estamos em um filme.

A chegada ao set de filmagem já exige familiaridade com o prédio centenário. Um labirinto de corredores estreitos, paredes de três pés de espessura, descidas e subidas até uma porta devidamente velada. E lá dentro é fácil imaginar que estamos em um filme. Não no set de filmagem, mas no filme em si. “As paredes foram envelhecidas, os jornais nas portas, as teias de aranha, tudo é efeito”, conta o diretor e roteirista Roger Elarrat. Na penumbra, o ar poeirento – também um efeito para a filma-gem – torna possível imaginar como é difícil estar na cabeça da protagonista, Nirvana, em alguns momentos.

“Quando eu estava fazendo os meus curtas, meus projetos menores, sempre tentei contar histórias em que eu pudesse ter uma experimentação artística, de linguagem, e aí eu tive a ideia de contar a história de uma personagem em um hospital que não dormia mais e que isso ia mexendo com a cabeça dela. E isso ia me dar possibilidades de brincar com a narrativa, com os cenários, com toda a linguagem e poder experimentar bastante”, conta Elarrat sobre como nasceu em sua cabeça o longa-metragem “Eu, Nirvana”.

O filme começou a ser rodado em Belém no início do mês, tendo como principal cenário o ambiente hospitalar da Santa Casa. “Tem sido cerca de 12 horas de trabalho por dia, mas está indo bem, dentro do programado”, comenta Márcio Câmara, responsável pelo som direto (leia mais sobre ele na página ao lado). A arquitetura “um pouco labiríntica” do prédio, lembra o diretor de produção Luiz Cruz Fabiano, exigiu certa ambientação também para quem trabalha no backstage “aprender a localizar todas as salas com facilidade, saber exatamente os melhores caminhos para passar cabos, equipamento, montar camarim, uma pequena cozinha”.

E se no backstage há a correria de sempre, no set de filmagem são horas de grande movimento e outras de completo silêncio – algo surpreendente quando se pensa em uma equipe de trabalho que flutua entre 70 e 100 pessoas. “Flui bem porque é uma equipe com muita gente experiente”, comenta Elarrat. Dentro dessa equipe, ele pode contar inclusive com Martin Moody, diretor de fotografia norte-americano.

“Por se tratar de um roteiro forte, quis tentar um fotógrafo estrangeiro, bem hollywoodiano. Entrei em contato com o Martin e ele acabou topando. Primeiro ele se interessou pela ideia de filmar na Amazônia, em trabalhar comigo e pelo roteiro. Ele chegou aqui um mês antes das filmagens”, conta Elarrat. Outro destaque na equipe é BorizKnez, diretor de arte que já participou de produções nacionais e internacionais, e que já assinou cenografia em filmes rodados aqui,como “Órfãos Do Eldorado” e os paraenses “Juliana Contra o Jambeiro do Diabo…” e “Miguel Miguel”, este dois últimos com direção de Elarrat.

Com uma equipe de peso, a cereja do bolo para Roger foi a possibilidade de filmar em ambiente real. “Foi um dos maiores presentes trabalhar dentro da Santa Casa, porque quando eu escrevi imaginava que a gente teria que trabalhar em estúdio, e construir os cenários é sempre muito complexo. Todas as vezes que a gente pode ir para um local real, sentir a luz natural, sentir a textura da parede, dos objetos, isso tende a trazer uma riqueza muito maior para o filme do que tentar reproduzir isso em outro ambiente”, diz ele.

O DESAFIO DO ENREDO

Começando por um acidente de barco, que deixa a ribeirinha Nirvana em coma, o enredo de “Eu, Nirvana” passa pelos dramas pessoais de sua protagonista ao acordar para uma realidade mutilada e assustadora e os dramas de outras duas mulheres, que a conhecem dentro do hospital onde ela está internada e que estão lá por diferentes motivos. “Elas (personagens) foram muito difíceis de construir, porque era preciso estabelecer um ponto de intercessão entre elas: como elas se conhecem, como uma afeta a outra e para onde elas vão no final da história”, comenta o diretor e roteirista Roger Elarrat.

O preparador de elenco Cláuido Barros ajuda na composição das personagens de Carolina Oliveira e Manuela do Monte. (Foto: Alberto Silva Neto/Facebook)

Além disso, ele conta que a proposta acabou trazendo uma novidade em sua carreira. “Tem algo muito onírico nesse enredo, tem muitas coisas passando dentro da cabeça dela (Nirvana). E como recurso eu estou trabalhando pela primeira vez com o que a gente chama de ‘efeitos práticos’. São colocados pontos dentro da cena, na hora da gravação – pra isso eu estou trabalhando com uma equipe que trabalhou no ‘Castelo Rá-Tim-Bum –, e depois os efeitos serão jogados na edição”, explica. Para as atrizes o desafio não foi menor. “A história é linda e pra mim é um desafio imenso interpretar alguém que ficou em coma mais de um ano. Isso fisicamente é um desafio. Fora isso, a personagem tem muitas nuances. É como se eu interpretasse umas cinco Nirvanas dentro do filme. Tem hora que está bem, hora que piora, hora que piora o corpo e a cabeça. Não é um roteiro leve. É o papel mais difícil que eu já fiz”, diz Carolina Oliveira. A atriz, apesar de jovem, tem uma carreira consolidada e já foi indicada ao prêmio Emmy internacional pela série “Hoje é Dia de Maria” (TV Globo/2005).

As outras duas personagens são interpretadas por Manu do Monte (atriz conhecida por protagonizar a temporada de 2003 da “Malhação” e por séries como “JK” e “A Casa das Sete Mulheres”) e a atriz paraense Joyce Cursino. Esta destaca a importância do trabalho junto ao preparador de elenco Cláudio Barros. “Foi pra mim um divisor de águas sobre cinema, corpo artístico, atuação. É um filme que passa num hospital, onde tem dor e você precisa externalizar isso com o seu corpo,com as ferramentas que ele (preparador) dá para a gente. Com essas ferramentas eu construo a poesia que é a Denise (personagem)”.

Ainda que se passe no Pará, Cláudio Barros conta que não estava preocupado com sotaque ou maneirismos paraenses simplesmente, mas que a palavra não ficasse separada do corpo dessas mulheres, em recuperação e transformação constante. “Queríamos que essa palavra viesse de uma verdade física”, diz ele.

Outra aliada do elenco e da direção é a caracterizadora paraense Sônia Penna, a “Sonhão”, como é conhecida em Belém, que construiu toda a caracterização após uma longa pesquisa e conversa junto ao diretor de arte. Ela cita a personagem de Manu Do Monte, que passa por três estágios de câncer. “Você vai moldando essa maquiagem de acordo com esses estágios e o que a cena pede”, descreve Sônia. Uma preocupação foi o intenso calor no local das filmagens – incluindo as cenas na escadaria do Colégio Gentil, gravadas no último final de semana, e no mercado do Ver-o-Peso, que ainda serão filmadas. “Nosso verão paraense é bem crítico e isso paramaquiagem de efeito é um pouco complicado. A gente usa próteses de silicone, tem perucas, tudo colado. Eu digo que maquiagem tem que ter carinho e aqui um carinho redobrado”, completa Sônia.

Roger Elarrat orquestra toda a equipe de filmagem, que gira em torno de 70 e 100 pessoas. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

A maquiadora já trabalhou para importantes produções na TV e cinema, incluindo o filme “Brincando nos Campos do Senhor”, de Hector Babenco, filmado em Belém no início da década de 1990. Ela faz questão de participar de trabalhos na cidade, inclusive com Elarrat, com quem fez a minissérie “Miguel Miguel” e o curta “Juliana Contra o Jambeiro do Diabo pelo Coraçãode João Batista”. “Depois desse (Eu, NIrvana) nós vamos direto entrar numa minissérie. A gente se dá muito bem, eu adoro trabalhar com o Roger”, elogia ela.

LANÇAMENTO

Contemplado com o edital Longa BO (baixo orçamento), de 2014, do Ministério da Cultura (Minc), o longametragem é uma realização da Visagem Filmes, de Roger Elarrat, com co-produção da Amora Filmes. As gravações vão até o fim do mês e seguem a edição e montagem, tendo o lançamento previsto para 2018

(lais Azevedo/Diário do Pará)

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