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Obras de paraenses participam de exposição em SP

A mostra não é linear, cada visitante é convidado a organizar seu percurso. Ainda assim, pode-se dizer que o primeiro elemento expositivo de “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos” – que abrirá ao público de 25 de maio a 13 de agosto – é a Oca, um

A mostra não é linear, cada visitante é convidado a organizar seu percurso. Ainda assim, pode-se dizer que o primeiro elemento expositivo de “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos” – que abrirá ao público de 25 de maio a 13 de agosto – é a Oca, um dos símbolos arquitetônicos de São Paulo, integrante do conjunto de instalações do Parque Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer. A mostra, com curadoria de Paulo Herkenhoff, co-curadoria de Thais Rivitti e Leno Veras e expografia de Álvaro Razuk, apresenta ao público mais de 750 obras – incluindo o trabalho dos paraenses Armando Queiroz, Dina Oliveira, Luiz Braga, Berna Reale, Éder Oliveira e Emmanuel Nassar – integrantes do Acervo de Obras de Arte Itaú Unibanco.

Por sua arquitetura específica, a Oca cria um espaço fluido e, segundo a curadoria, “permite que as diferentes visões criadas a partir dessa coleção possam conviver em pé de igualdade”. A espiral que o percurso do prédio sugere ao visitante remete a uma trajetória em que não há ponto de chegada, mas sim uma relação de continuidade entre as temáticas abordadas. “Pode-se dizer que a exposição foi organizada tomando partido do que propunha a Oca em seus mais de 10 mil metros quadrados. A exposição inicialmente iria ser na sede do Itaú Cultural, foi Alfredo Setubal quem teve a iniciativa de propor a Oca. Suei frio, mas criei asas”, diz Paulo Herkenhoff.

São Paulo recebe o público no piso térreo. Mesclam-se ali temas como o início da cidade, passando pela construção do interior do Estado, com obras de Benedito Calixto ou telas sobre a era do café, de Cândido Portinari. O andar trata ainda da modernidade, do concretismo, do neo-concretismo, da contemporaneidade. Cruzam-se olhares de artistas como Mário de Andrade e Calixto. Mais próximas, fotos de indígenas feitas por Claudia Andujar e paisagens urbanas interpretadas nos grafites de Alexandre Órion. “São as contradições de uma cidade que sempre mesclou vigor e destruição”, comenta Thais Rivitti.

O subsolo guarda experimentos da arte brasileira, com os núcleos Cibernética Conceitual, Teoria dos Valores, Natureza, Subjetividade, Escritura e Gambiarra. Cildo Meirelles está neste piso, com a litografia sobre papel moeda “Zero Cruzeiro”. Além destes, o andar reúne um grande número de artistas que vão do pop Antonio Dias ou Antonio Henrique Amaral a Beatriz Milhazes, em subjetividades, passando por Portinari, e os contemporâneos Paulo Bruscky, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Neste piso encontramos ainda duas obras de Éder Oliveira, um pedido do curador ao Instituto Itaú Cultural. Em sua concepção, um grande acréscimo a essa vontade de proporcionar muitos modos de ver o Brasil. “O Éder é um artista que lida com a história do racismo na Amazônia, com a descrição racista das pessoas nos jornais. É um artista que eu acompanho há muito tempo – sempre vou a Belém –, e também foi uma aquisição recente, foi até mais do que eu esperava. Eu tinha pedido uma obra só, o Itaú comprou duas”, comemorou Paulo Herkenhoff.

O curador destaca deste piso mais um paraense, presente no núcleo “Gambiarra”: “O Emmanuel Nassar de certo modo é uma liderança importante na estética da gambiarra, talvez um dos mais proeminentes”. Quem também tem obra nesse núcleo é Luiz Braga. “Ele participa nesse setor da gambiarra com algumas fotografias específicas e na geometria da luz, com a foto usando nightvision. Existe um diálogo muito concreto dos artistas paraenses com os núcleos da exposição”, completa o curador.

DO PÓS-GUERRA À NOVA GERAÇAO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA

O primeiro andar da exposição “Modos de Ver o Brasil” se situa no pós Segunda Guerra Mundial, um momento, segundo os curadores, em que um conjunto de questões aglutinaram os artistas brasileiros em torno das artes visuais. É aqui que cabe a segunda obra de Luiz Braga, dentro do núcleo “Geometria da Luz”, junto com obras da primeira geração de cinéticos, como Abraham Palatnik, as cores de Amélia Toledo ou as gravuras de Maria Bonomi. E ainda a escultura “Spider”, a aranha de Louise Bourgeois, que pertence ao acervo do Itaú Cultural e migra, pela primeira vez desde que foi instalada ao lado do Museu de Arte Moderna, em 1997, para esta exposição.

No segundo piso, o passeio segue pela formação social do Brasil: o Barroco e Neo Barroco, tendo, igualmente, foco em duas passagens traumáticas da história brasileira – a escravidão e a conquista das terras indígenas. Aqui tem Aleijadinho e Mestre Valentim, mas também a contemporânea Adriana Varejão e a paraense Dina Oliveira. É aqui que se concentram 17 das 46 obras recém adquiridas pelo Instituto Itaú Cultural, por sugestão dos curadores para integrar a exposição. Entre elas, obras de Ayrson Heráclito e Jaime Lauriano, assim como o vídeo “Ymá Nhandahetama” (Antigamente Fomos Muitos), do paraense Armando Queiroz.

“O que a gente tem que reconhecer é que Belém é um dos grandes centros de produção de fotografia no Brasil, centro baseado em uma singularidade”, comenta Paulo Herhenhoff sobre essa intensa presença paraense em diálogo com artistas de todo país, mas em seus próprios termos e formas.

Milú Villela, presidente do Itaú Cultural, descreve bem a exposição, que segundo ela, acessa panoramas do acervo de maneira ampla e inédita. “Não estão em foco (na exposição) apenas as linguagens artísticas, mas a história, a política, as identidades, a economia – de modo múltiplo, as diferentes formas de ser da sociedade brasileira”.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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