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Tese de quadrinhista paraense agrega HQ

O quadrinista Otoniel Oliveira foi até a Terra Indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, encontrar os índios da etnia Tembé para a pesquisa de campo de sua dissertação de mestrado. Chegando lá, um mundo novo sobre relações e identidades se descortin

O quadrinista Otoniel Oliveira foi até a Terra Indígena Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, encontrar os índios da etnia Tembé para a pesquisa de campo de sua dissertação de mestrado. Chegando lá, um mundo novo sobre relações e identidades se descortinou à sua frente. “É bem diferente do que a gente imagina”, conta. As ideias foram sendo reelaboradas à medida em que conversas e experiências iam se aprofundando, e junto com a pesquisa teórica, surgiu uma história em quadrinhos da etnia. O trabalho “Etnografia em Quadrinhos: Subjetividades e Escrita de Si Tembé-Tenetehara”, defendido em 2015, com orientação da professora doutora Ivânia Neves, acaba de ser indicado ao prêmio de melhor dissertação da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação.

“O quadrinho é uma linguagem universal e acessível para ser produzida. E como a produção não tem tantos pré-requisitos para que se expresse a linguagem, esse foi um dos pontos de partida que usamos para a pesquisa, que teve o objetivo de verificar como os indígenas são usualmente representados nos quadrinhos e também como eles mesmos se representam. Chegando lá, vi que eles têm acesso a produtos de mídia, televisão, novelas, têm internet, e quadrinhos. Inclusive já conheciam alguns personagens”, diz o autor.


Uma das atividades da pesquisa etnográfica foi a realização de oficinas de quadrinhos na própria aldeia. Nesse momento, o pesquisador pôde perceber que coexiste a ideia de um povo apartado da sociedade, mas ciente de sua condição indígena, e ainda, a postura natural diante do mundo.

“Os sujeitos da pesquisa sabem das relações que os envolvem. Eles sabem da representação deles, são argutos. Os Tembé têm contato com os brancos há mais de 300 anos, então já possuem outra natureza, o que os torna menos índios. E buscamos estimular isso para a pesquisa. É importante falar de si mesmo”, diz Otoniel.

Uma parte da pesquisa também se deteve a observar o conteúdo dos grafismos utilizados pelos Tembé, que não são necessariamente apenas elementos estéticos para pinturas corporais. “Não é uma moda, é um elemento comunicativo. Tem sentido e momento para ser usado. E é curioso observar que eles não usam grafismos de outras tribos, preservam o deles e respeitam o traço dos outros”, conta Otoniel.

Marcele Pamplona também levou os quadrinhos para a universidade, com um trabalho inspirado na lenda da Matinta Perera. (Foto: Nailana Thiely/Divulgação)

Outro projeto acadêmico gerou quadrinho sobre lenda amazônica

Quem nunca ouviu falar da Matinta? A mulher que sai de casa em casa em busca de tabaco e que se transforma num pássaro branco e agourento? A memória dos tempos de infância foi um dos fatores que levaram a designer paraense Marcele Pamplona a buscar a personagem das lendas amazônicas como tema de seu trabalho de conclusão de curso na Universidade do Estado do Pará, com a história recontada em quadrinhos. O trabalho, intitulado “Rasga Mortalha: Matinta Pereira - projeto gráfico de uma história em quadrinhos de terror inspirado nas lendas populares brasileiras”, ganhou o primeiro lugar no Prêmio Melhor TCC 2015 da Uepa.

De início, a intenção era fazer um grande livro composto por sete histórias de diversos personagens, mas por conta do tempo, a designer optou por centrar a HQ naquela que considerou que mais aborda a cultura regional. “A ideia surgiu quando eu estava assistindo à televisão e ouvi as pessoas dizerem que não tinham medo das lendas brasileiras e que preferiam as americanas. Fiquei pensando em como essas pessoas não conseguem ver graça nessas histórias? E das quais eu particularmente morro de medo”, comenta Marcele Pamplona, que teve a orientação da professora Brena Renata Marciel Nazaré.

Em “Rasga Mortalha: Matinta Pereira”, o enredo se passa durante as férias de uma família no interior do Pará. Duas irmãs contam sobre a Matinta Pereira para João, o irmão mais novo, mas ele não acredita no conto e começa a desafiar os poderes da personagem. De longe, a rasga mortalha - que segundo o dito popular anuncia a morte de alguém quando faz um barulho que se assemelha a de um rasgar de roupa - observa tudo e começa a voar perto da casa. A família começa a se preocupar com a consequência das ações de João. Misturando cultura, crendice e fantasia a história se desenrola.

Para Marcele, o trabalho tem importância para além da Academia. “É um resgate à valorização da nossa cultura. Quem não estuda o passado, não consegue prever o futuro e essa história nos leva ao nosso passado, às nossas memórias afetivas da época de criança”, define.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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