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Folias que nasceram no bar e tomaram as ruas

A amizade que nasce no bar tem boas chances de ser levada para outros momentos e lugares da vida. Não há pesquisa que comprove tal afirmação, mas o que tem de amigos de bar que concordam com ela não é pouco. E nessa época do Carnaval é difícil encontrar a

A amizade que nasce no bar tem boas chances de ser levada para outros momentos e lugares da vida. Não há pesquisa que comprove tal afirmação, mas o que tem de amigos de bar que concordam com ela não é pouco. E nessa época do Carnaval é difícil encontrar aqueles que acabaram iniciando assim seu próprio bloco de rua. Na capital paraense, por exemplo, há mais de uma década, poetas, compositores e outros artistas que se reuniam para “tomar a primeira” no bar Casa do Gilson, no Jurunas, deram origem ao bloco Os Irrecuperáveis. Outro grupo, encabeçado por três mulheres sem papas na língua e que “batem o ponto” quase diariamente no Bira’s Bar, criou o Bloco do K-Ralho, no Umarizal. Ambos considerados tradicionais nos bares em que nasceram.

Coincidência ou não, mas as marchinhas dos dois blocos são elaboradas pelo compositor Veloso Dias, que se divide para acompanhá-los. Os Irrecuperáveis são animados pela bicicleta falante do DJ Mister Bacalhau, um irrecuperável assumido. E quem também põe as marchinhas para animar o bar é a banda Os Feras, formada por Adalberto (sax), Palheta (trombone), Antônio (trompete), Neneca (bumbo) e Francisco (toral), todos da banda da Polícia Militar. O repertório inclui as clássicas “Vassourinha” e “Jardineira”, cantadas em alto e bom som pelos brincantes. No Bloco do K-Ralho, não é diferente, com direito a hino oficial.

Nazaré Ferro e Silva segura o estandarte do Bloco do K-ralho. (Foto: Jader Paes/Diário do Pará)

Chamado “Alô Tereza”, nome da dona do Bira’s Bar, ele não deixa dúvida sobre o gosto de seus criadores. “Alô Tereza/ providencia uma mesa/ de preferência com muita cerveja/ gelada que eu quero tomar/ traz o peixe frito/ com pimenta e com alho/ que eu to chegando bêbado/ lá do Clube do K-ralho”, canta o compositor Veloso Dias. “Nesse clima de confraternização foi que a gente pensou em fazer o bloco. E a Ima, que é a nossa presidente, bolou esse nome porque para ela essa palavra é vírgula”, conta Veloso, seguido de um sonoro “k-ralho”, proferido por Ima para tirar qualquer dúvida sobre a veracidade da informação.

ALÉM DO BAR

Em comum, além das marchinhas e da mesa de bar, os dois grupos sempre estiveram muito cientes que a amizade ia além do “beber juntos”. Entre os Irrecuperáveis, as reuniões começaram aos sábados na casa da fotógrafa Fatinha Silva. “A gente se conhece há mais de 20 anos. No bar do Gilson tinha ‘a mesa da diretoria’, enorme, em que a gente se sentava junto, só que essa amizade extrapolou o bar. Como muitos dos amigos são músicos, que tocam na sexta à noite até tarde, a Fatinha passou a reunir na casa dela no sábado e fazer aquele caldinho de tucupi dizendo que era pra curar a ressaca, se recuperar”, conta Fátima Araújo, também membro do bloco.

Veloso Dias assina as marchinhas dos dois blocos. (Foto: Jader Paes/Diário do Pará)

O problema, ela conta, era que depois do caldo a recuperação não durava muito. “Todo mundo já começava a beber de novo. E foi daí que demos o nome ao bloco”, diz ela. E como dois grupos de amigos que gostavam de estar juntos, brincar, beber cerveja, e de pular carnaval, formar um bloco foi só questão de tempo. “O nosso lema é ‘rir muito’. Aqui você encontra alegria, são amigos, família”, diz Ima Barrada, do Bloco do K-Ralho. “Há sete anos eu costumo viajar para passar o carnaval no Rio, mas só vou depois que sai o bloco do K-ralho. Aqui é só família e amizade de muitos anos. Esse ano eu ainda tive a felicidade de trazer minha neta, a ‘Pitelzinha’”, reforça Nazaré Ferro e Silva, que também integra o bloco de Ima e é a porta-bandeira no desfile pelas ruas do Umarizal.

E assim como a amizade do bar levou aos blocos, eles também acabam se tornando uma identidade para os dois grupos. “A gente já nem é mais chamado pelo nome. A gente anda muito junto, frequenta os mesmos lugares… E às vezes um de nós está em algum lugar, as pessoas já olham e reconhecem dizendo: ‘olha, um irrecuperável ali’”, conta Fátima Araújo, uma irrecuperável assumida, assim como os ilustres amigos Nego Nelson, Marcelo Sirotheau, Ubiratan Porto, Paulinho Moura e Dani Lúcio, todos imunes ao famoso caldinho de tucupi feito pela fotógrafa Fatinha. “Aqui vêm as criancinhas, os idosos, é um bloco de meia idade, eu diria. Como tinha antigamente na Praça da República e em outros lugares, com marchinha e fantasias, e que a gente quer resgatar”, finaliza a irrecuperável Cristina Kawage.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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