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MC Carol faz seu primeiro show em Belém

Por seu jeito irreverente e sincero, além de suas letras irônicas e bem humoradas sobre o cotidiano da favela, MC Carol, nascida em Niterói (RJ), tornou-se um ícone para o funk e também um símbolo feminista e da luta contra o racismo velado que ainda exis

Por seu jeito irreverente e sincero, além de suas letras irônicas e bem humoradas sobre o cotidiano da favela, MC Carol, nascida em Niterói (RJ), tornou-se um ícone para o funk e também um símbolo feminista e da luta contra o racismo velado que ainda existe no Brasil. Para seu próprio deleite, é comparada a uma das principais percursoras do funk, Tati Quebra-Barraco. Em entrevista ao DIÁRIO, ela fala da repercussão de sua música e da expectativa de fazer seu primeiro show em Belém. A apresentação será hoje, na festa “Meachuta Rainhas”, que ocorre a partir das 21h, no Açaí Biruta, e terá como cerne o seu disco de estreia “Bandida” (2016/Heavy Baile Sounds), disponível em todas as plataformas digitais.

Entre outros hits que vêm do álbum e estarão no show, MC Carol comenta sobre “Não Foi Cabral”, canção lançada em 2015 que questiona o modo como vemos a colonização e as raízes do Brasil e acabou se tornando um ponto de virada em sua carreira. “Larguei os estudos aos 17 anos, depois de passar por quatro escolas. Era estudar e passar fome ou trabalhar e conseguir viver, então trabalhei. E tive muito problema na escola, porque percebia que o professor não quer que você entenda, ele quer que você decore. Mas eu não era assim, eu perguntava, queria entender… Mas aí, quando eu perguntava muito, me colocavam para fora da sala, me tratavam como louca”, conta.

Ao primeiro hit sucederam-se outros. Justi, conceituado produtor carioca com trabalhos realizados em parceria com M.I.A. e Emicida, por exemplo, uniu as batidas do funk de Carol com trap (batida precursora do funk) para surpreender o público em “Delação Premiada”. A faixa pesada questionava as diferenças de tratamento para suspeitos ou criminosos de acordo com a condição social e sua cor de pele. “Hoje em dia, percebo a repercussão (das músicas) mais por causa das redes sociais. Leio cada comentário. E quando fãs, principalmente meninas negras, me escrevem falando que se identificam com algo, que se sentiram representadas, é tudo pra mim. Na sociedade, os homens brancos estão lá no topo, depois as mulheres brancas, depois os homens negros e lá embaixo as mulheres negras, que em sua maioria estão na periferia, nunca foram representadas e que muitas vezes nem sabem o que é feminismo”, diz ela.

FEMINISTA DESDE SEMPRE

Negra, gorda e criada no Morro do Preventório, periferia de Niterói, MC Carol conta que “feminista” é um rótulo que só conheceu no ano passado, mas sempre teve na cabeça que deveria existir igualdade entre todas as pessoas. “Hoje, ainda não sei totalmente o que é ser feminista, mas estou desvendando, de pouquinho em pouquinho. Depois de ler bastante e de conversar muito, sei que simboliza a mulher que luta pelos seus direitos. E aí pensei: sempre fui essa mulher”, ela conta.

A descoberta abriu caminho para “100% Feminista”, música que já possui mais de 1 milhão de plays no YouTube. A parceria com Karol Conká foi um hit instantâneo e é tido como um hino para o público e para a própria Carol.

A VOZ DA COMUNIDADE

Para MC Carol, o funk não é diferente de outros ritmos, como o samba, o rock ou pop, ao falar de questões como violência, feminismo, sexo e racismo. “A reação das pessoas ao funk que é (diferente)”, diz ela.

MC Carol com Karol Conká nos bastidores do Lollapalooza no ano passado. (Divulgação)

“O funk é a voz do morro e sofre preconceito igual o samba já sofreu quando surgiu porque é feito por quem está na comunidade”, diz a cantora.

Ela lembra o seu primeiro funk, “Vou Largar de Barriga”, aos 15 anos. “Era uma música engraçada e irônica que fala sobre gravidez na adolescência e questões que o feminismo aborda sobre a vida da menina mudar totalmente e o cara continuar a viver uma vida normal ao engravidar alguém. Mas ninguém falava que era um funk politizado na época porque ninguém nem pensava nisso”.

E é nesse ponto que pode residir o sucesso que a MC vem ganhando no país. “Bandida” pode até abordar temas sociais e sexo, além de letras de duplo sentido, mas também pode ser considerado um funk divertido. “Eu sempre digo que eu gosto de cantar é putaria”, ela brinca, e traça comparações como os rappers americanos que falam de drogas, sexo e armas o tempo todo, mas não recebem os rótulos que os cantores de funk brasileiros recebem. Feliz em conseguir ultrapassar todas essas barreiras, ela também se diz surpresa com o próprio sucesso.

“Estou empolgada para conhecer melhor a cidade (Belém) e meus fãs aí do Norte. Às vezes fico assustada em saber que tenho fãs no país todo, lugares onde o funk não é tão popular como no Rio e São Paulo. Vou cantar bastante putaria (risos), sucessos antigos e músicas do meu novo álbum”, promete a MC.

NA NOITE

Meachuta Rainhas com MC Carol
Quando: hoje, 21h
Onde: Açaí Biruta (Rua Siqueira Mendes, 173, Cidade Velha)
Quanto: R$ 35 a R$ 60
Informações: (91) 98160-7669

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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