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Astronauta brasileiro fala da busca pelos sonhos

Se sonhar com uma carreira de astronauta em 2016 parece um objetivo dos mais distantes e cheios de obstáculos ao longo da caminho, imagine ter o mesmo sonho em 1994, quando essa não era uma possibilidade para brasileiros. “Entrei várias vezes no site da N

Se sonhar com uma carreira de astronauta em 2016 parece um objetivo dos mais distantes e cheios de obstáculos ao longo da caminho, imagine ter o mesmo sonho em 1994, quando essa não era uma possibilidade para brasileiros. “Entrei várias vezes no site da Nasa. Confesso que a minha carreira foi feita duplicando a carreira dos astronautas deles, mas tinha um item lá que não tinha jeito: ser americano”, contou o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, em Belém, durante um bate-papo no XIII Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniências da Região Norte.

Nascido na cidade de Bauru, interior de São Paulo, filho de uma servidora pública e um funcionário de serviços gerais, sua história de vida serve para incentivar pessoas de todas as idades a batalhar por seus sonhos. Ele precisou trilhar os primeiros passos desse caminho como aprendiz de eletricista na Rede Ferroviária Federal de sua cidade. No pouco intervalo de tempo que tinha, estudava para entrar na Força Aérea e realizar seu primeiro sonho, que era voar.

“Eu não tinha dinheiro para pagar as aulas caras de piloto que eram oferecidas no aeroclube da minha cidade, então o caminho era seguir carreira militar”, recorda.

Foi sua determinação e inquietude – “Quando você pensa que a sua vida já está estável é que pode cair numa armadilha, a de se acomodar”, ensina ele – que o levaram além do primeiro sonho. Já formado como piloto de testes, quis aprender sobre a parte mecânica. “Notei que sempre se trabalhava em equipe, um piloto de testes e um mecânico de testes. Pensei, então, em ser o primeiro que seria piloto e mecânico”, relata Pontes, que após cumprir mais essa missão queria avançar para um mestrado.

“Fui para a Marinha americana, voei com a Força Aérea Russa, e atuava também pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica),”, enumera. E foi no ITA que encontrou o curso dos sonhos, sobre Otimização de Trajetórias Orbitais. “Pergunte quantas pessoas tinha no curso? Eu”, conta o astronauta, com bom humor.

O curso servia justamente para quem almejava uma carreira no espaço. E mesmo que naquela época nenhum brasileiro pudesse ser astronauta, Marcos Pontes se inscreveu, se formou e continuou a se aperfeiçoar. Só que o universo conspirou a seu favor, e ele já estava o doutorado de Engenharia de Sistema quando veio a solução que todos os seus estudos não tinham previsto.

“Meu irmão, Luis Carlos, me mandou um e-mail dizendo que viu um negócio que era a minha cara. No e-mail tinha um recorte de jornal, uma chamada para um concurso público para selecionar um primeiro astronauta do Brasil. Demorei um tempão pra tomar a decisão de me candidatar. Uns 30 segundos”, brinca Pontes, que, depois de diversos testes e uma sabatina, foi o escolhido. “Engraçado porque você espera tudo, menos que dê certo aquilo que você queria. Eu não sabia o que falar”.

Para o alto e avante, mas com os pés no chão

Já morando em Houston, nos Estados Unidos, se formou como Especialista em Missão, “um nome bonito para mecânico de aeronave”, brinca o brasileiro. Sua função era fazer a manutenção de sistemas, montar e desmontar equipamentos. A formatura foi em dezembro de 2000 e Pontes acreditava que iria voar já em 2001, o que não aconteceu.

“O Brasil quase foi expulso do programa espacial. Em 2003 a Columbia caiu, perdi sete amigos lá. E, em 2005, a agência falou ‘você vai voar ano que vem’”, recorda.

A surpresa é que seria para voar com os russos e ele precisou, além de rever seu conhecimento sobre os sistemas operados nas aeronaves daquele país, aprender a língua deles em três meses. Claro que conseguiu, e ainda esbanja falando um russo fluente até os dias de hoje. Tudo pronto para embarcar, idioma russo na ponta da língua, e nosso astronauta conta que “o mais marcante do voo foi a véspera”. Sua família - a esposa e dois filhos -, foi levada até a estação na Rússia com o conhecimento dos riscos aos quais ele estava se submetendo. Era hora de se despedir.

“Me disseram que minha família estava no quarto 232 e que eu tinha 30 minutos para dizer adeus. E u não sabia o que falar, foi a primeira vez que eu me dei conta de que a gente um dia ia se separar”, pontua.Durante a sua primeira visão da Terra, de dentro da espaçonave, ele conta que pensou em todas coisas que passou para chegar ali, em especial nas pessoas que disseram que ele nunca iria voar, quando o máximo que ele podia, ainda muito jovem, era ficar próximo à cerca do aeroclube de Bauru e ver os aviões partindo e pousando. “Hoje tem uma estátua minha lá, no lugar onde eu ficava olhando”, conta Pontes, que em seu primeiro emprego, na ferrovia, usava macacão e continua a usar até hoje quando faz aparições públicas – mas quanta diferença faz aquele símbolo da Nasa no peito e a bandeirinha do Brasil no braço esquerdo...

(Laís Azevedo/Diário do Pará)

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