Mel Lisboa grava série policial em Belém

Mel Lisboa tem um olhar que rasga e uma performance cênica camaleônica. Talvez por isso a atriz tenha conquistado, ainda bem jovem, o papel da famosa Anita, protagonista da minissérie da Rede Globo que a tornou famosa nacionalmente, em 2001. “A minissérie acabou fazendo com que a minha carreira tomasse um rumo diferente. Comecei com uma personagem intensa, marcante, protagonista. Isso não é muito normal. Mas me sinto muito gratificada por tão cedo ter tido uma personagem tão rica e ainda ter sido aceita com ela”, revela.

Hoje, aos 36 anos, casada e mãe de dois filhos, ela divide-se entre a TV, o cinema e o teatro. Ela acaba de passar alguns dias em Belém, paraas gravações da série “A Lei”, do Canal Space, que estreia em 2017. A produção foi criada pelo argentino Patrício Veja, com direção do uruguaio Adrián Caetano e do brasileiro Tomás Portella. A atriz conta que sua passagem pela capital paraense tem sido muito prazerosa, apesardo ritmo intenso de gravações.

“Tenho tentado e felizmente conseguido conhecer mais a cidade, suas atrações e sua culinária local nos momentos de folga. A gente acabatendo um contato direto com a equipe local e isso é muito rico, tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista cultural”, diz.O convite para fazer parte da série veio após a participação em um longa-metragem, em São Paulo. Na série, ela interpreta a personagem Gringa, parceira do Trucco, que vive de atividades ilícitas na Amazônia. Sua ligação com Belém, no entanto, não é de agora. Ela já foi dirigida pelo paraense Paulo Faria, na trilogia “Boca do Lixo: Cine Camaleão”, “Homem não Entra” e “Luz Negra”, espetáculos criados pelacompanhia Pessoal do Faroeste, que atua em São Paulo. A experiência foi enriquecedora, ela confirma.

“Paulo e eu somos parceiros há muitos anos e ele muito me ensina sobre o fazer teatro. Um grande artista, militante, inquieto. Foi com ele também que aprendi muitas coisas sobre o Pará. Já amava Belém e comia maniçoba muito antes de aqui estar”, revela a atriz.

Mel Lisboa no Mercado Bolonha, no Ver-o-Peso, em Belém. (Foto: Divulgação)

Depois de atuar em novelas da Globo, ela assinou contrato com a Rede Record e passou a atuar em tramas religiosas, “Sansão e Dalila”, onde fez a Dalila, e “Os Dez Mandamentos”, com a Henutmire, seu último trabalho na emissora. O teatro tem sido a sua opção nos últimos anos, onde ela transita do circuito comercial ao mais mais alternativo. Por dois anos, ela interpretou a cantora Rita Lee em um musical sobre a carreira da artista, o que para ela, além de ter sido uma honra, foi uma baita responsabilidade. Ela diz que costuma alternar datas para não coincidiras temporadas, mas que às vezes também precisou ser substituída. “Tenho trabalhado mais intensamente no teatro nos últimos anos. Claro que mantenho trabalhos em cinema e televisão paralelamente, mas a minha prioridade mesmo tem sido o teatro. Lá eu experimento, aprendo, erro e cresço todos os dias. Estar no palco é um voltar para casa. Enquanto gravo a série aqui em Belém, eu estou ensaiando um espetáculo, ‘Peer Gynt’, em São Paulo e em turnê com outra peça, ‘Otelo’. Universos tão ricos e tão distintos. É de fato um privilégio”, relata.

MATERNIDADE

Mãe de Bernardo, de 7 anos, e Clarice, de 3 anos de idade, ela diz que a maternidade tem sido uma “enorme gincana” e relativiza o romantismo em torno do papel da mãe, após ter sofrido de depressão pós-parto. “Estou sem tempo para mim, para poder ter tempo para tudo e todos. Mas soufeliz com o que faço e amo estar com os meus filhos.

O sacrifício tem recompensas e eu aprendo diariamente a agradecer por elas”, declara. Para homenageá-los, ela fez duas tatuagens, uma em cadapanturrilha.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)