Existe um estranhamento pelo qual a maioria das pessoas já passou: ouvir a própria voz gravada. Normalmente muito diferente da voz que imaginamos ter. Que identidade ela ressoa, num mundo de conexões virtuais onde cada vez mais vivemos trocas, amores, relações em silêncio, no batucar dos teclados? Esses são, em parte, os questionamentos que alimentam a edição do Casulo Debate de hoje, com um bate-papo sobre “Arte e Identidade”, com a participação da pesquisadora e curadora de arte Marisa Mokarzel.
O encontro, que acontece no Casulo Cultural, às 19h, com entrada franca, dá sequência ao projeto “Universo de Si: Canto e Fotografia”, que vem investigando questões de identidade a partir da relação entre a voz e auto-imagem.
E a conversa não acontece descontextualizada - terá como cenário a exposição de fotografias resultantes de uma oficina, uma vivência de dois meses entre professores, fotógrafos, músicos, artistas e criativos que se desafiaram a investigar a si mesmos a partir desses elementos.
“Foram momentos em que procuraram ouvir a própria voz e a voz do outro, enxergar o mundo de olhos vendados”, afirma a jornalista e idealizadora da experiência, Yvana Crizanto, cujo estudo sobre o assunto foi apresentado no 2º Colóquio Amazônico de Etnomusicologia na Universidade Federal do Pará-UFPA.
O processo teve participação da musicista e professora de canto Angela Rika e da artista visual Renata Aguiar, e buscou o despertar da voz no corpo e como expressão de si, a partir de diferentes dinâmicas, para observar o impacto que esses sons causam na construção da própria identidade e no convívio social. Toda a experiência foi registrada em imagens - incluindo autorretratos dos participantes -, áudios e vídeos, que foram compartilhados na exposição.
Durante a oficina, os participantes fizeram práticas de fotografia aliadas a exercícios de canto, para motivar o conhecimento da voz, hoje muito mais um acessório em um mundo de teclados de smartphones.
No estudo de Yvana - que se transformará em um artigo científico com o registro das experiências -, a vida sensorial construída a partir do canto e da fotografia surge em paisagens sonoras, canções de afeto e imagens registradas sem uso de câmera.
“Passeamos por diálogos mais remotos, como com a infância em que se canta e se registra o mundo sem compromissos estéticos”, afirma Yvana.
(Diário do Pará)
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