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Governo oficializa despejo de museu de arte

Está decretado. Na última segunda-feira, 20, o Governo do Estado oficializou a criação do Polo de Gastronomia da Amazônia no Pará, a ser instalado em um imóvel na rua Padre Champagnat e na Casa das Onze Janelas, em Belém, onde já funciona o museu de arte

Está decretado. Na última segunda-feira, 20, o Governo do Estado oficializou a criação do Polo de Gastronomia da Amazônia no Pará, a ser instalado em um imóvel na rua Padre Champagnat e na Casa das Onze Janelas, em Belém, onde já funciona o museu de arte contemporânea que leva o mesmo nome e que atua há 14 anos na promoção de projetos artísticos e culturais na capital.

No Diário Oficial do Estado, a criação do polo consta como incentivo ao turismo como “fator de desenvolvimento econômico e social”. Mas o texto apenas diz que o acervo do museu ficará sob a guarda da Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e que será transferido para um novo espaço, a ser definido, sem esclarecer qual.

MOBILIZAÇÃO


A decisão não agradou a classe artística, que não entende por que o novo polo, ainda nem estabelecido, precisa desocupar um espaço em pleno funcionamento e reconhecido nacionalmente, em vez de ser instalado em outro local. (Foto: Irene Almeida)

Por isso a classe se mobiliza e tenta impedir que o museu seja sumariamente desmontado. Uma semana antes da publicação do decreto do governador Simão Jatene, vários artistas, ativistas na área da cultura e a população em geral participaram de um abraço à Casa das Onze Janelas, em protesto contra a decisão previamente anunciada. Estenderam uma faixa que dizia “arte é alimento”.

O fotógrafo Luiz Braga, com mais de 40 anos de carreira e um dos nomes paraenses mais reconhecidos nacionalmente, já doou pelo menos 48 obras ao acervo do museu, e classifica a atitude do Governo de lamentável. “É um espaço novo, ativo, onde fiz a maior parte das minhas exposições. Essa decisão ocorre na contramão de tudo. Não sou contra a gastronomia, só acho que uma coisa não precisa destituir a outra e podem conviver harmonicamente. Só que infelizmente as coisas por aqui se dão por quem tem a caneta. Vai lá e assina. O museu é um espaço importante para mostrar a nossa produção e temos excelentes artistas, que circulam nacional e internacionalmente”, critica.

Eder Oliveira, que teve obras expostas na Bienal Internacional de São Paulo em 2014, também se posicionou no caso. “É uma irresponsabilidade desabrigar um museu dessa importância, o único de arte contemporânea em nosso estado. Um duro golpe para um espaço que tinha carência de mais investimentos para acompanhar a visibilidade que a arte e a cultura paraense vêm tendo no cenário nacional. Substituir uma atividade por outra nunca será o caminho. É nítido que Pará tem potencial para abarcar diversas manifestações culturais e isso seria um bom pretexto pra revitalizar outros prédios históricos que estão abandonados na cidade”, opina.

DECRETO

Ex-diretor do Museu da Casa das Onze Janelas, onde atuou por quase dois anos, o artista plástico Armando Queiroz também criticou a decisão de desalojar o museu. Para Queiroz, as obras em si podem ficar bem abrigadas - parte do acervo já se encontra na reserva técnica do Museu do Estado do Pará (MEP), no Palácio Lauro Sodré -, mas ele lembra a perda do local em seu sentido simbólico. “É um investimento que não é somente físico, nesse sentido de ser um espaço concreto, mas um espaço de desejos. Sentimos muito essa decisão, sobretudo por quem idealizou o local, que se tornou referência na região Norte”, lamenta.

O movimento contra a mudança do Museu da Casa das Onze Janelas cresce por meio da internet, com uma petição on-line que já possui mais de 2,5 mil assinaturas, e que solicita ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a garantia de que o prédio que abriga o museu, uma construção do século 17, não seja destinada ao Polo de Gastronomia e não tenha outra finalidade que não seja o museu de arte contemporânea.

No entanto, o documento tem mais função de divulgação do que prática. O superintendente substituto da regional PA/AP do Iphan, Ciro Lins, diz que nenhuma notificação oficial foi enviada ao órgão até agora. “Não recebemos oficialmente um documento que trate deste assunto para analisarmos o caso. E, mesmo assim, não é competência do Iphan, a priori, julgar o uso do prédio, a não ser que possa ter um dano. Nossa missão é proteger e fiscalizar o patrimônio. Se formos notificados, faremos a análise técnica com base na legislação sobre patrimônio”, diz.

A diretora do Sistema Integrado de Museus (SIM), que gerencia o Museu Casa das Onze Janelas, Mariana Sampaio, informou apenas que um novo projeto para abrigar o acervo já está sendo desenvolvido, mas disse que não poderia falar mais do que isso, alegando que há uma hierarquia e que não se sente autorizada a falar sobre o assunto. A reportagem também procurou as secretarias de Estado de Cultura e de Comunicação e recebeu a resposta de que o Governo do Estado não vai se manifestar sobre o assunto.

(Diário do Pará)

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