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Feira do Livro é aberta sob questionamentos

A Feira Pan-Amazônica do Livro abre hoje sua 20ª edição, no Hangar Centro de Convenções. Ao longo dessas duas décadas, sofreu ajustes conceituais, passou por diferentes espaços, e se pretende uma grande feira cultural, com programação extensa, incluindo p

A Feira Pan-Amazônica do Livro abre hoje sua 20ª edição, no Hangar Centro de Convenções. Ao longo dessas duas décadas, sofreu ajustes conceituais, passou por diferentes espaços, e se pretende uma grande feira cultural, com programação extensa, incluindo palestras de autores paraenses e de amplitude nacional, cursos, seminários, saraus. No ano passado, a estimativa de público foi de 500 mil pessoas, nos dez dias do evento, e quase um milhão de livros vendidos. Do ponto de vista do leitor, perguntamos: o que se tem para comemorar?

Uma das críticas mais frequentes à feira é que, em um espaço que se pretende de facilitação de acesso ao livro, o leitor não encontra títulos com preços diferenciados dos praticados em livrarias físicas e virtuais. Para uma feira, esse não seria um dos maiores atrativos? Para o secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves Fernandes, não. Na entrevista de apresentação do evento à imprensa, ele disse que o evento pretende, sim, dar oportunidade de o leitor paraense ter acesso a lançamentos – priorizando seu viés mercadológico. “A feira não é um baratão das calcinhas, como aquela loja do comércio, que usa dessa excelente estratégia de marketing. Também não é como o Ver-o-Peso, em que ao meio-dia os produtos baixam de preço. É uma oportunidade de o leitor paraense encontrar as melhores editoras do Brasil e do mundo, e ter no mesmo lugar diversos títulos. Não podemos achar que somente se virá para comprar livros com preços mais baixos”, disse o secretário, que afirmou ainda ter “uma ligação espiritual” com a feira, já que a concebeu em 1997.

Sobre o preço do livro, Robério Pinto, representante da Associação Brasileira de Difusão de Livros (ABDL), entidade que é co-organizadora da feira, explicou que há um alto custo para o transporte até o Pará. “O mercado do livro é uma indústria e paga imposto. Tem custos altos, mas temos nos empenhado ao máximo para que chegue ao público com valor acessível. Um estande de 50 metros sai a R$ 25 mil só de transporte. Livro é pesado”, disse.

Mesmo com a expectativa de preços salgados para o bolso do brasileiro, para os livreiros, a busca por informação pode ajudar nas vendas da feira. De acordo com o representante da ABDL, a venda de livros técnicos cresceu 18% no país, especialmente aqueles com conteúdos voltados para concursos públicos. “A pessoas querem mudar a vida em momentos de crise”, disse. A afirmação de Robério Pinto confirma pesquisa recentemente divulgada pelo Instituto Pró-Livro, que indica que apesar da quantidade de leitores ter crescido de 50% para 56% da população nos últimos quatro anos, não é a literatura nem o prazer de ler que movem o consumo de livros. Segundo os dados, 54% dos alfabetizados não lê romances e os que mais consomem livros são estudantes, especialmente didáticos indicados por professores.

Paulo Chaves (no centro) diz que acesso a lançamentos é principal objetivo. (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

ESCRITOR CRITICA MODELO DE EVENTO

Para o escritor paraense Edyr Proença, a feira representa um modelo equivocado de se pensar o livro e a leitura. Ele acredita que o evento deveria ocorrer como uma culminância das ações de políticas públicas de cultura voltadas para a produção literária no Pará, com uma atuação permanente em parceria com escritores locais e escolas do Estado.

“Se é uma ação de governo, deveria ser voltada para a política cultural da literatura, que não existe. Os autores de fora devem vir em pé de igualdade com os daqui. Penso em três linhas de ação. A primeira é a relançar livros importantes para a nossa cultura e que estão fora de catálogo. A segunda, tornar os autores atuais conhecidos, circulando pelo Estado, com ações para disseminação das obras. Terceiro, que se lancem novos autores. E não é assim”, criticou o escritor, que, insatisfeito, criou com outros autores um formato independente, a Feira Literária do Pará-FliPa.

A diretora de Cultura da Secretaria de Estado de Cultura, Ana Catarina Brito, rebateu as críticas, informando que a secretaria promove, durante o ano, ações em escolas públicas como saraus, gincanas literárias, e os salões do livro no sudeste e no oeste do Pará. Este ano, porém, somente o salão de Santarém vai ser realizado. “A feira não é ação estanque. Talvez isso seja responsável pelo sucesso. Visitamos as escolas e estimulamos programações de autores, com o objetivo de promover uma relação diferenciada com o leitor, mais aprofundada”, defendeu durante a entrevista.

“PAN” NO NOME

Criada em 1997, a Feira Pan-Amazônica do Livro tem esse nome porque se pretendia multigeográfica, abrangendo os oito países e nove Estados brasileiros em que há vegetação típica dos trópicos. Mas a dificuldade financeira de trazer participantes de outros países logo mostrou a inviabilidade da ideia.

O Itamaraty, órgão que Paulo Chaves e sua equipe pensavam como um parceiro para angariar recursos, não encampou a ideia. “Eles não deram confiança”, disse o secretário.

As primeiras edições ocorreram no Centur, hoje prédio da Fundação Cultural do Pará, com cerca de 60 estandes e média de 100 mil visitantes. A feira também já foi montada na Estação das Docas e em uma área da avenida Júlio César. Desde 2007, ela acontece no Hangar, quando passou a receber mais de 200 expositores.

Este ano, em vez de um país homenageado, o tema é o planteta Terra e o debate sobre sustentabilidade. A escritora homenageada é a paraense Amarílis Tupiassu.

PARA VISITAR

20ª Feira Pan-Amazônica do Livro
Quando: de 27 de maio a 5 de junho, das 10h às 22h.
Onde: Hangar Centro de Convenções
Quanto: de graça
Programação: www.feiradolivro.pa.gov.br

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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