plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
_

Documentário recontará história de João Batista

Em 1987, João de Castro, iniciando sua carreira na produção audiovisual, conheceu o deputado João Batista enquanto este tinha um acalorado embate com o futuro presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2012, leu “João Batista, Mártir da Luta pela Reforma Ag

Em 1987, João de Castro, iniciando sua carreira na produção audiovisual, conheceu o deputado João Batista enquanto este tinha um acalorado embate com o futuro presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2012, leu “João Batista, Mártir da Luta pela Reforma Agrária”, livro escrito pelo irmão do político, Pedro César Batista. O deputado estava morto havia 25 anos, assassinado em frente à mulher e à filha, de 4 anos, por defender a Reforma Agrária.

“Eu fiquei fascinado pelo livro e pedi ao Pedro para transformá-lo em um documentário. A ideia é ter João Batista, o menino que saiu com a família de São Paulo para o interior do Pará, como fio condutor para tratar de temas como a violência no campo, a reforma agrária e as inúmeras mortes em torno dessa luta”, descreve João de Castro. Ele assume com sua produtora, a Trupe do Filme, a produção e direção do longa-metragem.

O projeto foi aprovado pela Ancine e está em fase de captação de recursos estimados em R$ 3,1 milhões. A estimativa da produtora é que entre em fase de pré-produção em outubro, com filmagens entre janeiro e abril de 2017, e finalização de abril a outubro. “A finalização é sempre o que leva mais tempo em um doc porque exige um cuidado na seleção do material”, explica o diretor.

A preocupação é plausível, já que o roteiro de filmagem prevê a gravação com 96 entrevistados distribuídos entre seis estados para um filme que deverá ter cerca de 90 minutos. “Estão incluídas nesta lista várias cidades do Pará, como Belém, Mãe do Rio e Paragominas – onde a família do João Batista vivia”, adianta João de Castro. As gravações também passarão por São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Brasília e Maranhão.

“Algumas dessas locações servirão para reconstituir passagens da história do João Batista, como o velório e enterro dele, contando com cerca de 500 figurantes”, adianta o diretor. Entre as pessoas que vão ajudar a recontar a história do deputado estão confirmados o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; a editora Ivana Jinkings, que militou com Batista; e Osmar Dias, o motorista que estava com ele no dia do assassinato.

A produção do filme afirma já ter avançado bastante em suas pesquisas no Pará, em busca de registros como fotos, áudios, reportagens de TV e materiais impressos da época, além de informações atuais relacionados à temática do filme. “Para você ter uma ideia, de 1965 a 2007, período de construção da estrada Belém-Brasília, mais de dois mil trabalhadores rurais foram assassinados”, destacou João de Castro.

PARA QUE A LUTA NÃO SEJA EM VÃO

O deputado João Batista, como era conhecido, foi o único parlamentar assassinado no Brasil após o fim do governo militar. Atuou na reconstrução da União Nacional dos Estudantes, integrando a comissão nacional que organizou o Congresso de Reconstrução da UNE, em 1979, em Salvador. Antes, porém, liderou a primeira greve de estudantes no Pará após as mobilizações de 1968.

Em livro, seu irmão, Pedro César Batista, faz uma análise sobre a questão no país, tendo como ponto inicial a saída da família do deputado do interior de São Paulo para a Amazônia em busca de terras, seguindo a propaganda dos militares, após 1964, que incentivaram a ocupação das terras do Norte, com o slogan “Ocupar para não entregar”.

O autor aponta a sua visão sobre as causas que levaram a concentração fundiária no país, mostra a ligação de autoridades com latifundiários, assegurando a impunidade dos que praticaram a violência contra colonos e seus defensores. O livro traz ainda a história de muitas lideranças que foram assassinadas entre 1965 e 2007, ano que a obra foi concluída. “São pessoas como Paulo Fonteles, Gabriel Pimenta, ao todo 19 do grupo que militava com João Batista assassinadas”, destaca Pedro.

No primeiro atentado contra o irmão, o tiro acertou o seu pai, Nestor Batista; no segundo, o político e mais dois companheiros, Ezequias e Nilton, ficaram internados na UTI por vários dias. No terceiro atentado, os pistoleiros o atacaram durante a manifestação de 1° de maio, em Paragominas - um pistoleiro foi “justiçado” pelo povo e dois colonos foram baleados. Na quarta tentativa, a definitiva, assassinaram João Batista na frente da esposa e dos filhos.

“Eu fico agradecido pela iniciativa do João (de Castro) não só em mostrar a vida do meu irmão, mas de permitir que a juventude de hoje conheça essas vidas que ficaram pelo caminho e aquilo pelo que elas lutaram. Eu vejo nessa situação atual da política o risco de o país voltar décadas no passado, penso nesse grupo que lutou e morreu pela Constituição, pelo direito ao voto, pela reforma agrária que não veio. Me preocupa o presente e o que virá”, finaliza Pedro.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em _

Leia mais notícias de _. Clique aqui!

Últimas Notícias