Estudante paraense é finalista de concurso de arte

Curiosa para descobrir o mundo além das matas vermelhas da floresta, a guerreira Muaendi deixou sua tribo em busca de descobertas para tentar chegar ao “fim do mundo”. Mesmo enfrentando perigos e a ira dos deuses superiores, ela conseguiu ir ao universo exterior. Essa é a história que está por trás da personagem criada pelo paraense Márcio Helder Oliveira, de 22 anos, que o levou a ser finalista do Prêmio Fnac Novos Talentos, promovido pela livraria Fnac, em São Paulo.

O estudante de Castanhal concorre hoje com Lisandra dos Santos, 18 anos (Bauru - SP) e Alexandre de Melo Dantas, 36 anos (Recife-PE) em uma apresentação ao vivo e aberta ao público na sede da livraria no bairro de Pinheiros, na capital paulista. Foram 582 trabalhos inscritos em todo o Brasil, por meio da hashtag #NovosTalentosFnac no Instagram. A seleção dos foi realizada pelos irmãos quadrinhistas Fábio Moon e Gabriel Bá, que vão escolher também o melhor jovem talento em arte digital, em uma sessão especial de bate-papo e live painting com tema surpresa neste sábado, às 15h.

Márcio Helder conta que ficou surpreso com a seleção, já que é estudante de Fisioterapia, na Universidade do Estado do Pará (Uepa) e cria personagens e desenha apenas nas horas vagas, sem o compromisso profissional. “Sou artista independente, faço desenho como hobby desde a infância. Tudo que aprendi foi por interesse próprio, sem rebuscar, aprendendo pela internet, já que hoje em dia é bem fácil aprender”, diz o estudante.

Interessado e ávido leitor sobre mitologia, para criar Muaendi ele buscou inspiração em histórias de deuses de origens variadas - gregas, celtas, neozelandesas, amazônicas etc -, além de trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros, como João Ruas e Karla Orti, e os ilustradores Loish e Annette Marnat, aliado a conteúdos sobre arte digital.

CARREIRA AINDA NÃO É CERTEZA

A guerreira Muaendi faz parte de um universo maior que Márcio vem criando. Foi preciso pensar numa narrativa na qual ele pudesse justificar os elementos de sua caracterização.

O estudante descreve que, após a saída ao mundo posterior, os deuses decidiram puni-la, transformando-a em uma árvore. De acordo com o desenhista, na tribo imaginada por ele, os deuses são pássaros e as penas no corpo da personagem demonstram essa devoção.

“Muaendi ficou muito triste, então Bandi, o pássaro azul, resolveu devolver a ela a forma humana, contanto que ela se tornasse a guardiã da floresta vermelha e protegesse os animais, espíritos e criaturas mágicas da floresta e não permitisse que ninguém entrasse ou saísse da mata. Os deuses foram então tirar um grande cochilo e Muaendi se tornou o equilíbrio da floresta”, finaliza a sinopse de sua história.

Essa é a primeira vez que Márcio Helder participa de um concurso nacional, e apesar de gostar da área de desenho e ilustração digital, não afirma que seguirá desenhando e contando histórias por meio de seus personagens de modo profissional. No entanto, pretende dar continuidade à história de Muaendi por meio de quadrinhos ou um livro ilustrado.

O CONCURSO

A intenção é revelar novos ilustradores, jovens talentos que possam ingressar na profissão. O desafio foi criar personagens, contando histórias e descrevendo características de personalidade em apenas uma imagem. Entre os prêmios, estão uma mesa Wacon e kits com seleções especiais de quadrinhos. Os finalistas ainda ganham a oportunidade de conviver com Fábio Moon e Gabriel Bá no estúdio de criação deles durante um dia inteiro.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)