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Entrosamento do DNA para os palcos com os Moreiras

Em 2012, o “Acabou Chorare” (1972) completou 40 anos de lançamento. O segundo disco dos Novos Baianos, grupo que teve o auge entre 1969 e 1979, reunindo Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Luiz Galvão, é considerado

Em 2012, o “Acabou Chorare” (1972) completou 40 anos de lançamento. O segundo disco dos Novos Baianos, grupo que teve o auge entre 1969 e 1979, reunindo Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Luiz Galvão, é considerado um marco na história da música do Brasil, escolhido por alguns como o melhor disco já realizado em terras tupiniquins. Em novembro de 2015, o artista símbolo do grupo, Moraes Moreira, viajou a Belém com seu filho, o também músico e guitarrista Davi Moraes, para realizar o show de encerramento do 10º Festival Se Rasgum. O show foi uma mescla de dois últimos trabalhos que pai e filho apresentaram juntos: o show comemorativo de 40 anos do “Acabou Chorare” e o “Nossa Parceria” (2015), primeiro disco assinado pelos dois.

A parceria foi firmada desde que Davi era criança, quando ele lembra bem que fazia participações nos shows do pai tocando um cavaquinho. Depois, maior e com os dedos afiados no braço da guitarra, o músico integrou a banda de Moraes. “Ele trouxe as suas contemporaneidades para mim, eu passo as minhas experiências pra ele. Realmente é uma troca. O Davi sempre participou dos meus trabalhos trazendo sua guitarra e, modéstia à parte como pai, maravilhosa. A gente já fica acostumado, eu fico viciado com a guitarra desse cara. Mas ele tem que fazer a vida dele, o trabalho dele. Porém, os encontros da gente estão sempre marcados”, se gaba o pai. Foi dessa forma com o “Nossa Parceira”. A relação de parentesco é baseada na amizade dos dois. Eles explicam que a parceria já existia na cabeça deles, mas só veio quando os dois se unirem pela turnê comemorativa do disco setentista. Aí foi meio passo pra lançar um trabalho novo, para refrescar os repertórios.

“Eu acho que foi no momento certo esse projeto, porque a gente sempre teve muitas histórias. Eu fiz a minha grande faculdade da música indo para a estrada com meu pai. Essa foi a minha escola. Foi onde eu aprendi tudo. Já me adaptando desde cedo a essa vida da gente na estrada”, lembra Davi, explicando que um desses episódios que guarda na memória teve palco armado em Belém. “Eu acho que o sonho de todo músico que está começando é aprender a passar o seu som, a mexer no seu equipamento, a encontrar sua identidade”, diz.

Para ele, a referência de encontrar identidade tocando as seis cordas de um instrumento elétrico que é tocado no mundo inteiro, está no território paraense. Os mestres da guitarrada também são mestres para Moraes e Davi, e tem material de compositores como Aldo Sena, sendo tocadas no repertório dos baianos - músicas que eles fizeram questão de tocar em Belém.

“Isso já me influenciou com certeza, porque isso tem muito a ver com a influência que todo o Brasil tem da África, das guitarras jamaicanas, caribenhas. E aqui no Brasil tudo é misturado. Quem tinha que estar nas capas de guitarra das revistas do Brasil são os mestres da guitarrada. São os caras que mostram uma originalidade, uma coisa brasileira. Revista de guitarra fica muito presa ao metaleiro, o não-sei-o-quê. E guitarra é isso, guitarra é suingue, é ritmo. “Não é só pirotécnica”, completa Moraes. “Exato”, confirma Davi. “Como se o que se faz aqui fosse fácil. Nada fácil, é uma grande descoberta, tanto é que o Brasil todo descobriu esse estilo, que vocês já sabem aqui há muito tempo. É mais uma escola de guitarra que a gente tem muito orgulho. Eu aprendi isso com o meu pai, buscar a minha personalidade no instrumento. Traduzir os ritmos e as coisas que a gente tem no Brasil de afoxé, de samba, de choro, de tudo. E a guitarra vai em tudo isso. Vai no samba, vai no choro. Sem purismo, a guitarra hoje já pediu sua licença”, assegura Davi, mostrando a sua identidade.

O que se pensa ouvindo toda essa conversa de mestres é que eles já entendem que a contemporaneidade se baseia em misturar culturas. E Moraes Moreira, um senhor de 68 anos, acerta. “Nós estamos no tempo do compartilhamento, de saber o que está acontecendo aqui, o que tem aqui, o que a gente pode acrescentar e o que a gente pode aprender com isso aqui, assim que a gente faz”, afirma, explicando que descarta a possibilidade de fazer show em lugares sem essa troca cultural que a viagem proporciona.

Para ele, a mistura cultural não pede licença. “A guitarra não é só do rock, né? Desde o Novos Baianos que a gente mostra isso. Que a guitarra também é do samba, é de tudo. E essa decisão abriu muitas portas. A gente fez isso sem pedir licença. Quando a gente viu, já tava fazendo, misturando as linguagens. Misturando Jimi Hendrix com Jacob do Bandolim. Ademilde (Fonseca) com Janis Joplin”, declara o compositor.

Por fim, os dois músicos subiram ao palco, realizaram o show para centenas e seguiram seu rumo de volta a outros destinos. E deixaram o agradecimento não só ao Se Rasgum, mas a todos os festivais do Brasil que são grandes responsáveis por promover essas misturas musicais.

(Gustavo Aguiar/Diário do Pará com colaboração de Tylon Maués)

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