Público é convidado para financiamento coletivo

Falta pouco mais de um mês para o Círio de Nazaré e não são só os promesseiros que estão na expectativa. Eloi Iglesias está convidando o público para ajudar no financiamento da “Festa das Filhas da Chiquita”, a partir de uma campanha de crowdfunding atráves da plataforma “Eu Patrocino”. O apoio popular pode ser a solução para garantir a realização do evento, que ano a ano enfrenta uma batalha em busca de apoios. “É uma forma contemporânea de conseguirmos realizar o projeto, pois o evento é público e de utilidade pública, onde discutimos a diversidade, o respeito ao diferente, os direitos e deveres de todos e a cultura. É uma manifestação que já tem 37 edições”, justifica.

O público pode participar do financiamento doando cotas a partir de R$ 20 até R$ 150 para chegar aos R$ 20 mil que a festa precisa para ser realizada. Os valores das cotas definem as recompensas que podem ser adesivos especiais, ecobags e camisas, ingressos para festas, agradecimentos no Facebook e, claro, menção no dia do evento. Para as empresas que pretendem patrocinar, as cotas são maiores, de R$ 1 mil, R$ 2,5 mil e R$ 5 mil para ter o logotipo impresso nas peças do evento.

Para o organizador, além de uma grande manifestação de respeito por Nossa Senhora de Nazaré, o evento demonstra resistência na luta pela igualdade. “É uma das festas públicas mais antigas dos movimentos LGBT e das demais minorias que precisam ser reconhecidas pela sociedade. E ela levanta a bandeira da luta contra o preconceito, seja ele de raça, de cor, sexo, classe social, econômica ou de cultura”, ressalta Eloi Iglesias.

Assista no documentário "Filhas da Chiquita" a dificuldade de organizar a festa anualmente:

Muito esforço para manter a tradição

Por muitas vezes, a manifestação quase foi excluída do calendário da quadra nazarena de festividades que ocorrem no entorno do Círio de Nazaré. Realizada no sábado que antecede o dia da grande procissão, na Praça da República, tem como base a liberdade de expressão e incomoda os mais conservadores. Para Eloi Iglesias, o atual momento é de renovação e mudança de conceitos.

“Acho que todos nós temos direito à religiosidade. Vivemos em um momento em que o Papa perdoa as mulheres que fazem aborto. Quem é a Igreja para julgar os homossexuais? Acredito que a Igreja tem que fomentar o amor, e não o ódio”, comenta.

A resistência não está só na dificuldade de realização do evento, mas de se afirmar como importante ação do calendário da capital paraense, uma referência cultural. Quando Belém e o Círio de Nazaré foram homenageados pela escola de samba carioca Viradouro, a organização da festa recebeu o convite para participar do desfile, mas foi excluída de última hora. No ano que vem, a X9 Paulistana irá homenagear a cidade das mangueiras pelos seus 400 anos e terá a última ala reservada para o Círio.

“Até o momento não formos convidados e, se forem inteligentes, o ícone deste carnaval devoto é a ‘Festa das Filhas da Chiquita’”, provoca Eloi Iglesias.

Como ajudar

Para ajudar no financiamento da 37º Festa da Chiquita, o público pode doar no site eupatrocino.com.br a partir de R$ 20, no cartão de crédito e débito, e também pelo boleto. A campanha de financiamento fica disponível por pouco mais de 30 dias.

(Diário do Pará)