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Parece mentira, mas não é

Há muitas explicações para que o dia 1º de abril seja considerado o Dia da Mentira. A mais aceita delas tem uma relação com a criação do nosso calendário gregoriano. Quando o rei Carlos IX da França adotou esta forma de contar o tempo, determinou que o a

Há muitas explicações para que o dia 1º de abril seja considerado o Dia da Mentira. A mais aceita delas tem uma relação com a criação do nosso calendário gregoriano.

Quando o rei Carlos IX da França adotou esta forma de contar o tempo, determinou que o ano-novo seria comemorado no dia 1º de janeiro, como é até hoje.

Mas, como acontece em toda mudança, nem todo mundo aceitou de imediato. Alguns franceses resistiram à proposta e continuaram seguindo o calendário antigo, comemorando o ano-novo no 1° primeiro de abril. Eles viraram motivo de piada para muita gente que já adotava o calendário gregoriano e o resultado foi que eles começaram a receber no dia 1° de abril presentes estranhos e até convites para festas que não existiam.

No Brasil, o Dia da Mentira é sempre marcado por brincadeiras como as que os franceses faziam com os resistentes, mas alguns dos nossos artistas estão como os resistentes: sem acreditar que algumas verdades não são mentiras e torcem para que quando chegar o dia 2 de abril alguma coisa possa mudar.

Para o poeta Carlos Correia Santos, uma verdade que parece mentira é o acesso dos artistas ao teatro mais importante da capital paraense: o Theatro da Paz.

“Tenho 25 anos de carreira e já me apresentei em vários teatros pelo Brasil e quase todos os de Lisboa. Já me apresentei até no Teatro Amazonas, mas nunca consegui ter a honra de me apresentar no Da Paz. Eu gostaria que fosse mentira que o Theatro da Paz é para poucos eleitos”, desabafa o artista, que sonha em levar ao centenário palco o espetáculo “Chove nos Campos de Cachoeira”, baseado na obra homônima de Dalcídio Jurandir.

“A questão é que os principais teatros da cidade são geridos pelo governo. E essa gestão não privilegia o acesso mais justo e democrático das produções locais. Não há, por exemplo, um edital de ocupação do Da Paz para produções da terra. Sentenciou-se, sabe-se lá por que, que o teatro é um espaço para um tipo especial de espetáculos, notadamente para artistas de fora. Esquece-se, com isso, até da história do espaço, que já foi palco para produções nobres, mas também para muitas criações populares. Hoje isso tudo parece uma grande mentira”, reclama o artista.

Para o músico Pio Lobato, que se prepara para lançar seu primeiro trabalho solo, a verdade que parece mentira se refere à dificuldade que o público paraense tem em aceitar o que nasce por aqui.

“Gostaria que fosse mentira o fato de a cultura daqui só ser reconhecida depois ser aprovada pela opinião alheia, em especial a do Sul e Sudeste do país. Praticamente todos os lançamentos musicais daqui passam pela rádio pública, mas só vieram a ter reconhecimento na cidade depois de um projeto imenso de difusão para o Sudeste. Gostaria que fosse mentira a gente precisar disso para se reconhecer”, desabafa.

O vocalista e guitarrista do grupo Molho Negro, João Lemos, tem um desejo mais sentimental. Gostaria que um grande ídolo seu ainda estivesse entre nós.

“Queria que fosse mentira a notícia veiculada em maio de 2012, que anunciava que o rapper Adam Yauch, o fundador dos Beastie Boys, um dos maiores grupos de rap do mundo, tinha morrido. Ele lutava contra o câncer desde 2009. Tenho alguns discos dele e gosto bastante do trabalho do grupo desde moleque, era um show que sempre quis ver, mas agora não vai rolar”, lamenta o artista.

Para o ator paraense Adriano Barroso, o 1º de abril poderia anunciar que os editais culturais de Belém não passavam de uma grande brincadeira, já que ele e muitos outros artistas não se veem contemplados por esta forma de incentivo.

“Gostaria que fosse mentira a necessidade de me inscrever em um edital para que meu projeto seja avaliado, depois cortado sem nenhuma justificativa, para em seguida eu ser jogado no departamento de marketing de uma empresa qualquer que, além de não respeitar a estética do meu projeto artístico, ainda pede 20% como contrapartida do dinheiro investido de volta. A verdade é que precisamos de gestores comprometidos com uma política cultural que atenda aos anseios dos artistas, precisamos de um fundo de cultura e de uma reformulação urgente das leis Semear, do Estado, e Tó Teixeira, do município. As leis que estão aí são mentiras, e mentiras contadas muitas vezes, você sabe, não é?!”, provoca o artista.

(Diário do Pará)

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