O bairro da Campina, no centro histórico de Belém, vai ter mais um de seus patrimônios revitalizados. Agora propriedade da Universidade Federal do Pará, a Capela Pombo, remanescente do período Landi, no século 18, é a única capela particular urbana em Belem e deve passar por restauro, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Antigamente a elite tinha suas capelas particulares, e outras destas devem ter existido na cidade, mas a Pombo é a única que remanesceu, por isso a importância do restauro”, explica o arquiteto Flávio Nassar, coordenador do Fórum Landi da UFPA. O recurso para a aquisição do imóvel – comprado de José Augusto Pombo -, cerca de R$ 300 mil, segundo informações da própria universidade, veio do Ministério da Educação, e em parte de um financiamento coletivo, que serviu mais como forma de envolvimento da comunidade do que efetivamente para uma arrecadação financeira. “O crownfunding foi simbólico. Nós até devolvemos o dinheiro, cerca de R$ 2 mil, aos que ajudaram, mas foi importante para mobilização e envolvimento da pessoas na temática da preservação. O fato de as pessoas estarem se envolvendo também impulsionou a universidade a acelerar essa compra”, acrescenta Nassar.
A parceria com o Iphan vai garantir a verba destinada ao restauro - cerca de R$ 900 mil -, em uma obra que deve durar cerca de dez meses, depois de licitada. “Depois que esta etapa for concluída, o Iphan também deve restaurar o anexo da capela, que vai se transformar em uma base da Escola de Música da UFPA destinada ao ensino de canto gregoriano”, antecipa Nassar.
O resgate do espaço, hoje deteriorado, com o limo tomando conta da superfície, será uma oportunidade de gerar conhecimentos novos aos estudantes da universidade e à comunidade. “O recurso da compra veio do MEC justamente porque as obras servirão como um canteiro-escola, com supervisão da portuguesa Izabel Mendonça, maior autoridade sobre Landi na atualidade, e que escreveu o maior tratado sobre ele. A vinda dela será também importante para disseminar os conhecimentos que ela tem sobre técnicas de restauro”, acrescenta Flávio Nassar.
Segundo Nassar, trazer um canteiro-escola para a universidade não é novidade. O Fórum Landi, desde a sua fundação, já realizou várias ações de valorização do patrimônio cultural, integrando alunos de diversas áreas e a comunidade, e ao mesmo tempo buscando inovações tecnológicas. “Não temos pressa que a obra aconteça porque sabemos que o processo acrescenta aos alunos e à comunidade. Programaremos visitas guiadas para a população, o que já fazemos desde quando restauramos a Casa Rosada. Acho que agora o envolvimento será maior, já que vemos hoje um público maior e mais interessado em resgatar o patrimônio cultural”, afirma o coordenador do Fórum, que já tem onze anos de atuação.
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