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Leona Vingativa atinge a maioridade

Qualquer tentativa de apresentar Leandro Olin, 18 anos, que não seja a que ele inventou para si, seria inevitavelmente inferior. É o seguinte: “A mulher jamais falada. A menina jamais igualada. Conhecidíssima como a noite de Paris. Poderosíssima como

Qualquer tentativa de apresentar Leandro Olin, 18 anos, que não seja a que ele inventou para si, seria inevitavelmente inferior. É o seguinte: “A mulher jamais falada. A menina jamais igualada. Conhecidíssima como a noite de Paris. Poderosíssima como a espada de um samurai. Eu sou apertada como uma bacia. Eu sou enxuta como uma melancia. Tenho dois filhozinhos: um zolhudinho, outro barrigudinho. Casei com o dono da Par-ma-lat. Virei mamífera. Só mamo. Pertenço à família imperial brasileira, Orleans e Bragança. Penetração difícil”. Leandro decidiu que é Leona. O corpo é dela, ela prefere assim, e ninguém tem nada com isso. Leona está acima de qualquer descrição.

Famosa na internet através da saga “A Assassina Vingativa”, os vídeos caseiros que a moça fez com os amigos somam mais de três milhões de visualizações no Youtube. Leona e Paulo Colucci, 23 anos, a “Aleijada Hipócrita”, se tornaram celebridades no meio virtual. Elas despertaram a paixão de fãs de todo Brasil, receberam homenagens, seus filmes ganharam novas versões e suas falas viraram piadas non sense, recomendadas para os momentos mais impróprios.

Depois de cinco anos do lançamento de “Leona, A Assassina Vingativa 3 - A Aliança Do Mal”, a vilã, que já foi apelidada de “diva da Amazônia”, está preparando seu retorno, diretamente de Paris para o Jurunas. Como ela mesma ordena: “Geraldo, prepara o táxi!”.

Paulo e Leona estão preparando a volta de “Aleijada Hipócrita” e “A Assassina Vingativa” para o Youtube. Dessa vez, o vídeo vai ser lançado primeiro em um evento, com data ainda a ser marcada, antes de ir para a internet. O quarto filme da série já tem trailer disponível na internet e chegará com a responsabilidade de suprir a expectativa dos fãs. O enredo ainda é um mistério. Não se sabe, por exemplo, se personagens marcantes, como a Delegada Dafne e Geraldo, estarão de volta. “Tudo que eu posso dizer é que o tempo passou”, antecipa Paulo. E a voz grave da Vingativa é a prova disso.

Celular na mão e muita ideia na cabeça

Quando o pai do Cinema Novo brasileiro, o baiano Glauber Rocha, lançou a famosa premissa “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, muito provavelmente não imaginou onde essa história iria descambar. Paulo e Leona não tinham uma câmera em 2009, tinham apenas um celular que filmava mal. As limitações técnicas, no entanto, não foram um empecilho. Longe de ter um roteiro pré-definido, o mote para o primeiro filme da saga de Leona, que já possui mais de 1,7 milhões de exibições, foi bem simples. Leona chegou ao quarto de Paulo e disse que queria fazer um vídeo. Paulo disse: “Menina, acabei de acordar. Não vou me levantar daqui”. Leona respondeu: “Tá bom, não precisa tu te levantar. Tu vai ser uma aleijada”. Nascia um mito.

Para quem nunca viu os vídeos de Paulo e Leona, um aviso: é bastante complicado tentar traduzi-los em palavras. Humor negro, improvisação e comédia pastelão se misturam criando cenas fantásticas. Em “Leona Assassina Vingativa 2”, por exemplo, ouvimos Paulo, a Aleijada, sussurrar para Leona: “Me empurra da cadeira”. Quando a Vingativa tenta derrubá-lo da cadeira de rodas, Paulo imediatamente muda a expressão e começa a gritar com voz chorosa: “Ah, não! Socorro! Não faça isso!”.

Absolutamente nada faz sentido. Um humor surreal e absurdo comparável às melhores esquetes do famoso grupo Monty Python, que influenciou - e influencia - milhares de comediantes no mundo todo. Leona e Paulo nunca ouviram falar dos britânicos, mas assistiram a muitas novelas como “A Usurpadora”, que “emprestou” a trilha sonora para a saga, e “Cobras e Lagartos”. Aliás, “Leona” é uma homenagem à vilã interpretada por Carolina Dieckmann na novela da Rede Globo.

“Na verdade, não tem uma vilã específica que a gente usou. Foi uma união de várias vilãs maravilhosas”, conta Leona. Antes de virar celebridade na internet, a Vingativa ficou conhecida como “Mulher Manga”, por ter realizado a proeza de ficar dependurada em uma árvore durante a Parada Gay de 2008. “A gente nunca imaginou que os vídeos iam fazer tanto sucesso quanto fizeram.

Depois as pessoas começaram a me parar na rua e me reconhecer. Foi muito legal isso”, comenta Leona que, desde pequena, sempre foi “uma gayzinha meia doida”, como ela se define. Paulo, amigo de Leona desde a infância, conta que eles sempre gravaram vídeos imitando as “musas da TV” e que não havia nenhuma pretensão de fazer sucesso. “A gente nunca tinha colocado nada na internet porque era uma brincadeira entre a gente. Quando eu vi o tanto de exibição que tinha, fiquei até assustado”, fala.

“Gaby é minha musa inspiradora”

Atualmente, Paulo e Leona viajam pelo Brasil apresentando uma mistura de peça de teatro com show musical onde interpretam as personagens dos vídeos. Eles já passaram por Fortaleza, Salvador, Manaus, Caruaru, estão com shows marcados para São Paulo e estiveram em Altamira na última sexta-feira. “A maior parte do nosso público é realmente GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), mas nós já fizemos show em boate hetero e tem muitos heteros que vão pras boates gays só pra ver a gente também”, conta Paulo. Em um determinado momento do espetáculo, Leona oferece um prêmio para quem conseguir falar seu nome completo. Quem quiser treinar para o próximo show, já pode começar, é bem fácil: Nati Natini Natili Lohana Savic de Albuquerque Pampic de La Tustuane de Bolda Masculas da Comudanusa Deise Medly Leona Meiry Cibele de Bolda de Gas Parri.

Leona diz que sua musa inspiradora é Gaby Amarantos, jurunense como ela. Foi graças a Gaby que a Vingativa conseguiu emplacar “Eu Quero Um Boy”, em junho deste ano, parodiando a música “Copa de Todo Mundo”. Alheia à homofobia e a qualquer tipo de discriminação, crítica ou preconceito, Leona canta: “Juntas vamos fazer o atraque acontecer/Seja em qualquer lugar as colegas grita Vrá!/Vai ter bicha machuda, bombada e mapô/Bicha urso e as travas tocando o terror”.

“Aqui no Jurunas é uma confusão, uma barulheira só, e a gente se conhece e se entende. Aqui todo mundo sabe quem eu sou e nunca teve isso de eu ser discriminada”, garante Leona.

Pobre, negra, nascida e (des)criada na periferia, Leona tem um sonho perfeitamente compreensível e compactuado, ainda que secretamente, por milhões de brasileiros. “Eu quero ser rica”, ela confessa. Ao ser confrontada com o clichê piegas “Tu achas que dinheiro compra felicidade?”, a Vingativa não fica por baixo. Ela termina uma discussão inapropriada, antes mesmo de começar, e me provoca uma crise de riso que me obriga a encerrar a entrevista por ali mesmo. “Olha, mano, comprar, pode até não comprar... Mas que é babado, é babado!”. Leona me deixou sem argumentos. Pode cortar.

(Diário do Pará)

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