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Grupos fazem apelo em defesa do Carimbó

Perto de sua casa, um grupo tocava carimbó com frequência, enquanto ele ouvia com atenção sem tomar a iniciativa de se juntar a eles. Marcelino Farias dos Santos, 15 anos, pesquisou na internet a história do carimbó, os grupos que existiam em Belém e onde

Perto de sua casa, um grupo tocava carimbó com frequência, enquanto ele ouvia com atenção sem tomar a iniciativa de se juntar a eles. Marcelino Farias dos Santos, 15 anos, pesquisou na internet a história do carimbó, os grupos que existiam em Belém e onde ele poderia aprender a tocar aquele ritmo. Assim encontrou o grupo Sancari, de carimbó urbano e tradicional, com sede no bairro da Pedreira, mas com integrantes vindos de diversos municípios paraenses.

O tocador e compositor Lucas Bragança, co-fundador do Sancari, é quem conta a história de Marcelino para mostrar que onde o carimbó chega, cria raízes e abre caminho para novas gerações. “Ele mesmo veio em busca da gente, falou com o meu filho, que é professor e ensinou ele a tocar. Ele foi se chegando, a gente foi deixando ele tocar junto, e hoje ele está aí”, diz Lucas, enquanto Marcelino está sentado sobre o curimbó batendo o ritmo que o levou até o grupo.

Para proporcionar o encontro entre os grupos que se dedicam ao carimbó e fazer nascer nos jovens a mesma paixão que abraçou Marcelino, o Sancari também criou o projeto “Pau e Corda de Carimbó” - evento realizado periodicamente e que envolve apresentações e atividades voltadas para a comunidade. No último sábado, o projeto tomou conta da Passagem Álvaro Adolfo, na Pedreira, para também antecipar o Dia do Municipal Carimbó, celebrado hoje, e fortalecer o movimento que luta por seu registro como Patrimônio Cultural Brasileiro - o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou que a demanda deve ser analisada pelo órgão no próximo dia 11 de setembro.

“Eu acho que vai ser uma das melhores coisas quando o carimbó for registrado como patrimônio, porque então, municípios, Estado e governo federal terão a obrigação de investir e incentivar a continuidade do que estamos fazendo. E, principalmente, poderemos conquistar a salvaguarda dos nossos mestres e compositores, que têm morrido esquecidos e necessitados”, destaca Mestre Ticó, 62 anos, cantador e tocador do grupo Os Quentes da Madrugada.

Com maracas, curimbós e mesmo um saxofone a tocar, todos entram na roda. “É sempre uma satisfação encontrar mais gente que luta, valoriza e divulga essa cultura rica e que é nossa. Para o Dia do Carimbó, o meu desejo é que mais pessoas se interessem por ele, usem as ferramentas que temos hoje, como as redes sociais, para ajudar a divulgar tudo o que ele envolve: os grupos, os compositores, os mestres, o bem que ele faz às comunidades”, afirma Pedro Cardoso, compositor e batedor do grupo Alegria de Cafezal.

Os grupos já se preparam para aguardar a reunião do dia 11: “Vamos fazer a festa aqui em Belém e acreditamos que a partir do marco do registro, os encontros com o Iphan e o governo em geral sejam mais abertos. Hoje, ninguém sabe o orçamento real que é dedicado à cultura popular. Ninguém pergunta o que a gente quer e precisa”, diz Isaac Loureiro, coordenador da Campanha do Carimbó, que acredita que esse cenário pode estar a ponto de mudar.

Apesar de ser conhecido principalmente por seu ritmo e dança, o carimbó está associado à história, memória e identidade das diversas comunidades. Envolve desde aspectos religiosos até econômicos. Em cidades como Marapanim, ele é atividade popular que movimenta a economia através de ações coletivas e eventos. “Falta ser visto e receber investimento para tornar-se instrumento de desenvolvimento das comunidades. Falta ver que quem dele se vale, pratica um ato de cidadania, de afirmação política”, defende Isaac Loureiro.

Mestre Chico Boi, 72 anos, integrante d’Os Quentes da Madrugada, é singelo em sua declaração de amor ao carimbó: “Via meu pai tocar e ficava olhando, pensando ‘um dia vou chegar lá’. E hoje penso ‘não vou deixar cair’. O registro e esse encontro aqui é um sonho de cada um e também um sonho nosso”. E a prova de que o carimbó permanecerá para além do tempo de vida de seus mestres, renascido em cada geração, era a presença, ao lado de Marcelino, de Lucas Rocha, 2 anos de idade, também sentado sobre um curimbó tentando acompanhar o ritmo.

(Diário do Pará)

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