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CINEMA

'Diários da floresta' retrata ligação de antropóloga com tribo indígena na região Norte

Quando entrou em contato com a tribo indígena dos Suruí Paiter de Rondônia, a antropóloga Betty Mindlin não imaginava que ficaria tão ligada aquele povo. As anotações de campo da época resultaram no livo "Diários da Floresta", que agora ganha as telas na

Quando entrou em contato com a tribo indígena dos Suruí Paiter de Rondônia, a antropóloga Betty Mindlin não imaginava que ficaria tão ligada aquele povo. As anotações de campo da época resultaram no livo "Diários da Floresta", que agora ganha as telas na produção de mesmo nome dirigida por Luiz Arnaldo Campos e contemplada pelo Edital Cultura de Audiovisual. Realizada pela produtora Floresta Vídeo, "Diários da Floresta" recebeu orçamento total de R$ 1 milhão previstos pelo Edital Cultura de Audiovisual. A série ficcional paraense será exibida pela TV Cultura do Pará a partir desta segunda-feira (16) às 22h45 e terça-feira (17) a sexta-feira (20) às 21h15.

A série retrata a história da antropóloga Cecy Brik que em contato com a nação indígena Paiter passa por um processo de indigenização e incorpora características indígenas, enquanto que os índios sofrem o processo inverso. Em cinco episódios de 26 minutos cada, a produção relata as descobertas cotidianas, a análise de economia, organização social, rituais, o amor e guerra desses povos que tiveram o primeiro contato com a civilização na década de 1970.

"Nós trabalhamos com a memória, com fotos e recordações da Betty para construir uma aldeia cenográfica. Para os próprios Paiter foi uma coisa emocionante reviver isso. Eles reencenaram ritos e festas que foram realizadas há 40 anos. Então, o filme tem um processo de criação incrível. Todos os dias antes de começarem as gravações fazíamos uma grande roda e os indígenas cantavam e se prepararam para o dia. Era uma espécie de benção para todos", explica Luiz Arnaldo Campos, diretor da série.

O cineasta conta que a ideia de fazer o documentário surgiu quando conheceu a antropóloga durante uma viagem de barco a Oriximiná, oeste paraense, há alguns anos. Foi nesse encontro que ele entrou em contato com o livro e se apaixonou pela história dos Paiter. "Nós ficamos conversando por horas e eu me interessei pela história, pelos detalhes, foi a partir dai que comecei a planejar a série. O livro tem uma riqueza única de detalhes que procuramos destacar na série", completa.

Cerca de 200 pessoas entre equipe técnica e atores foram envolvidos nas gravações, que duraram mais de um mês. A série teve como cenário os municípios de Belém, Breu Branco e Tucuruí, sudeste paraense, onde foi construída uma aldeia indígena cenográfica em meio à floresta. Para dar mais realidade às cenas, foram ofertadas oficinas de formação de atores para a comunidade local. Além disso, 20 índios das etnias Paiter, Aikewara, Assurini e Cambeba participaram da produção, assim como vários atores paraenses, entre eles Cláudio Barros e Adriano Barroso. A série tem diálogos na língua dos paiter, que são legendados para facilitar o entendimento do público.

"Talvez o que seja mais pioneiro e fantástico foi o trabalho com o elenco, pois tivemos uma grande experiência com os índios que tiveram que se tornar atores. Muitos antropólogos disseram que seria inadequado que índios de uma determinada etnia pudessem interpretar outras, mas aceitamos esse desafio e no final tudo deu certo. Eles se integraram e viveram uma experiência muito forte e o resultado disso está em cena", destaca Luiz Arnaldo, que teve ajuda de Leopoldo Nunes no roteiro.

Para a atriz Rita Carelli, que vive Cecy, a série foi um verdadeiro "presente para a vida" e trouxe boas recordações da infância. É que ela já teve contato com indígenas quando criança por meio da mãe, que coincidentemente era antropóloga e realizava pesquisas etnográficas de campo pelo Brasil. "Já tinha relação com os povos indígenas porque minha mãe era antropóloga e passava muito tempo com eles. Inclusive cheguei a morar em uma aldeia no Mato Grosso quando pequena. Foi bacana participar da série principalmente porque já tinha envolvimento na causa e militância indígena. Então o filme aproximou os dois lados da minha vida e me fez lembrar muito da minha mãe, da minha infância, das experiências ricas que tivemos", explica.

Carelli ressalta ainda que o processo de construção da personagem Cecy foi muito tranquilo. A atriz se baseou basicamente no roteiro e na leitura do livro para dar forma a pesquisadora, sem criar uma imagem estereotipada dos antropólogos. "Conheci a Betty quando criança também por intermédio da minha mãe. Foi ela quem me indicou para o Luiz Arnaldo (diretor do filme), talvez pela minha história com os índios e o trabalho como atriz. Ela me deixou a vontade para construir a personagem e passou 10 dias conosco nas gravações. Nós conversamos bastante", explica a atriz paulista, que também atua como cineasta, escritora e desenhista.

Descendente de indígenas, a paraense Brida Pantoja, de 25 anos, interpreta a personagem Ioame na série. A experiência audiovisual despertou a curiosidade da atriz, que foi buscar suas origens no interior do Estado logo após as filmagens."Sobre o que sei de nós, humanos, é que vivenciamos muito o passado e nos confortamos construindo nosso futuro. Uma realidade muito distante dos nossos indígenas, pois percebi que o tempo para eles não existe. Então, viver e acreditar no agora é a chave do grande segredo da sabedoria indígena. Logo depois da série estou numa busca pessoal pra entender qual minha relação com esse povo que tanto me encontrei. Fico grata ao universo por me proporcionar esse conhecimento através da arte", destaca Brida, que atualmente realiza trabalho de pesquisa com indígenas no sul do Pará.

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