Cineasta Agnès Varda é homenageada em evento

"É esse o meu projeto: filmar minha mão, com minha outra mão. Entrar no horror. Acho isso extraordinário. Tenho a impressão que sou um animal. Pior: sou um animal que eu não conheço!”, diz Agnès Varda em “Os Catadores e Eu” (2000). Ela, que completa 89 anos hoje e foi celebrada há apenas alguns dias no Festival de Cannes por seu mais recente filme “Visages Villages”, terá sua obra como tema do primeiro “Rendez-Vous Cinéma”, nova programação aberta da Aliança Francesa em Belém, a partir das 19h, com entrada franca.

Varda nasceu em Bruxelas, em 1928, mas foi na França que consolidou seu trabalho como cineasta. Em mais de 50 anos de carreira, construiu uma sólida trajetória no cinema e, hoje, aos 89 anos, é o maior expoente feminino do cinema francês. Além de um dos nomes mais representativos do movimento da Nouvelle Vague, reconhecida pela experimentação e inventividade em seus filmes, ela também é lembrada pela militância feminista.

“O último documentário dela mostrado em Cannes (dia 19 de maio) foi um grande sucesso, aplaudido pelo público. Ela foi em sua primeira vida fotógrafa, em sua segunda vida cineasta e nesta terceira vida tem se dedicado principalmente às artes plásticas. E segue fazendo sucesso no cinema. Achamos então que seria legal fazer essa homenagem. Ela é uma artista da atualidade. E outra coisa especial é que acertamos que essa programação seria toda última terça-feira do mês (exceto nas férias de julho), e esse primeiro encontro cai exatamente no dia do aniversário da Agnès Varda”, destaca Maiwenn Le Nedellec, diretora da Aliança Francesa em Belém.

Varda é artista múltipla, completa e que não se encaixa somente em uma categoria. “Dá para entrar em vários assuntos. Ela não é só artista, nem só feminista, nem só cineasta. É sempre interessante mostrar lados múltiplos de artistas contemporâneos que fazem arte hoje na França. Ela continua com a câmera na mão e fazendo”, elogiou Le Nedellec, às vésperas do aniversário de Varda.

A dinâmica do evento “Rendez-Vous Cinéma” envolve explanação de seus convidados – a jornalista e militante feminista Wellingta Macedo e o pesquisador e artista visual Felipe Pamplona – sobre a filmografia de Varda e alguns aspectos das obras da cineasta, além da exibição de trechos de filmes importantes para o debate, como o clássico de ficção “Cléo de 5 às 7”, “Os Regenados”, “Jacquot de Nantes”, “O Amor dos Leões”, “As Criaturas”, “Documentira” e um de seus magníficos projetos pessoais: “Os Catadores e Eu”.

Esquenta para o Festival Varilux

O “Rendez-Vous Cinéma” passa a ser uma programação mensal a partir do segundo semestre. Depois desse primeiro encontro, a diretora da Aliança Francesa, Maiwenn Le Nedellec explica que haverá um recesso durante as férias. “Mas a intenção é continuar, até mesmo porque o cinema francês é tradicionalíssimo, criado pelos irmãos Lumière, seus diretores são conhecidos pelo encontro com os de outros países. O cinema francês tanto se enriqueceu como enriqueceu o cinema de fora”, ela destaca.

E essa programação, ela adianta, “será também uma boa maneira de introduzir o Festival Varilux de Cinema Francês 2017”, que ocorrerá de 7 a 21 de junho, com estreia no Cine Estação das Docas e programação completa no Cine Líbero Luxardo. O Sesc Boulevard e o Cine Olympia ainda acolhem as escolas e o Cine Debate. O evento, realizado em mais de 55 cidades, sempre é trazido a Belém com o apoio da
Aliança Francesa.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)